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Saiba fugir do efeito showroom

É possível decorar o lar sem deixá-lo com estilo de casa de novela ou clone de revista de decoração. Criatividade e ajuda profissional ajudam a ter exclusividade e bem-estar

Júnia Leticia

A arquiteta Sheila Mundim diz que tecidos em linho e camurça aveludada em tons claros estão entre os mais usados atualmente - Foto: Eduardo Almeida/RA Studio


Quando alguma personalidade da TV usa uma roupa que agrada ao público, logo vira moda e fica fácil encontrar pelas ruas pessoas vestidas da mesma maneira que ela. Esse comportamento migrou para outras áreas e chegou à decoração do lar. Mas o resultado dessa atitude não tem causado satisfação. Muitos reclamam que a decoração está sem graça, fria e com aparência de showroom. Para evitar que isso ocorra, o primeiro passo é esquecer o modismo e não sair comprando móveis e objetos só porque estão em evidência. A casa tem de transmitir a personalidade do morador e cada peça precisa imprimir emoção, ou o ambiente fica muito impessoal.

Ainda mais hoje, com a diversidade de opções de materiais, é muito fácil se encantar com os mais variados tipos de peças. Entre os que estão mais em moda, a designer de interiores Iara Santos destaca os móveis retráteis e articuláveis. %"Papel de parede, espelho e cores flúor nas lacas também são uma tendência da decoração", revela.

A arquiteta Estela Netto aponta o uso das mesas de centro bem baixas e o retorno, que ela chama de vigoroso, de cadeiras de design da década de 1950. Mas não são só móveis e objetos que estão sendo muito procurados pelo consumidor, como observa a profissional. "Não há dúvidas de que alguns acabamentos são amplamente usados atualmente, como a madeira laqueada", comenta.

Arranjos de flores naturais e artificiais, além de conjuntos de vasos sobre mesas e bolws (vasos arredondados, fechados ou abertos, geralmente mais baixos), têm sido as peças preferidas pelos consumidores, como observa a arquiteta Sheila Mundim."No que se refere aos tons, os que estão em alta são o amarelo e o azul-turquesa". Com relação aos móveis, os mais usados são os de linhas retas, com tecidos em linho, facto (material sintético) e camurça aveludada, sempre em tons claros, conforme explica Sheila
. "Também estão sendo muito usadas as mesas de centro com formas arredondas sobrepostas às quadradas ou vice-versa. Os pufes e nichos ainda são peças-chave como complementos para salas e quartos."

Para a arquiteta Flávia Soares, a decoração tem que ser bem planejada: "Assim, quando a tendência muda não é necessário modificar todo o ambiente." - Foto: Eduardo Almeida/RA Studio
O uso indiscriminado de painéis é o que chama mais a atenção da arquiteta Flávia Soares. "Mas o que mais fica chato é quando você vê que um ambiente saiu de uma página de revista ou que viu em um ambiente da novela. Eu acredito que muitas pessoas preferem escolher o que está na moda, por uma questão de status", comenta. Para ela, a decoração tem de ser vista como um bem durável, mas há pessoas que estão sempre pensando em trocar o leiaute da casa.

TRANSFORMAÇÃO

Mas por que as pessoas preferem escolher artigos em evidência, uma vez que a moda passa e a decoração, geralmente, é mais durável do que peças de roupas? Para Iara Santos, a necessidade de alterar é algo intrínseco ao ser humano. "Sempre estamos mudando a cor do cabelo, as roupas, até mesmo o modo de pensar. Na decoração não é diferente." Apesar da comparação, Sheila Mundim destaca que por mais que a decoração sofra mudanças de acordo com novas tendências, elas são mais lentas que na moda para vestir e, geralmente, estão conectadas às tendências anteriores. Mas ela reconhece o desejo constante de mudar das pessoas. "Influenciadas pelo capitalismo e consumismo, preferem seguir as tendências da decoração para estarem sempre atualizadas", verifica.

Ao optar-se por mudar sempre, o risco é de que, rapidamente, os ambientes fiquem fora de moda. Para quem está desanimado por ficar na iminência de ter de mudar constantemente, Sheila diz que como o que há na decoração é, na verdade, uma evolução das tendências, bastam pequenos ajustes, "como trocar a cor das almofadas, misturar objetos atuais com os antigos - desde que combinem - , trocar o tecido de estofados, pintar uma parede com uma cor diferente, entre outros!", sugere a arquiteta.

Assim, quando uma tendência muda não é necessário modificar todo o ambiente para seguir a moda
. "Com pequenos ajustes nos detalhes, o ambiente se tornará novamente atual. Lembrando sempre da questão da sustentabilidade, a fim de se evitar ao máximo o desperdício de materiais."