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Imóveis com preços entre R$ 100 mil e R$ 250 mil tiveram seus lançamentos afetados em BH

Empreendimentos desta faixa de valor tiveram queda de cerca de 31% entre janeiro e junho

Humberto Siqueira
"Como tivemos um resultado expressivo em 2010, criou-se uma base de comparação elevada para este ano. Devemos crescer 5%" - Daniel Ítalo Richard Furletti, coordenador sindical do Sinduscon-MG - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Segundo dados da última pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contáveis de Minas Gerais (Ipead), o número de unidades lançadas em Belo Horizonte caiu de 120 para 43 entre maio e junho. O número de apartamentos vendidos entre janeiro e junho de 2011 também foi menor: caiu 16,04% em relação ao mesmo período de 2010. A queda no número de lançamentos no período foi ainda maior, alcançando 31,62%.

A queda nos lançamentos afetou somente os imóveis com preços entre R$ 100 mil e R$ 250 mil. Aqueles acima dessa faixa tiveram crescimento. Segundo Daniel Ítalo Richard Furletti, coordenador sindical do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o cenário para a construção civil nos próximos anos é promissor. “A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) divulgou que até 2014 a construção civil deve responder por 11% do PIB brasileiro. Atualmente estamos em 4,2%. Temos muito a crescer”, garante. Para ilustrar esse crescimento, ele aponta o número de unidades financiadas. Em 2004 eram 54 mil, passando para 303 mil em 2009 e chegando a 421 mil em 2010.

Na visão do presidente da Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, esses resultados estão associados a alguns fatores, tais como as reações do mercado às medidas de contenção da inflação adotadas pelo governo e ao aumento das importações. “O governo federal tomou algumas medidas de restrição de crédito que criam reflexos principalmente no consumo formiguinha, que é como chamamos as pequenas compras no varejo
. E um estudo da Fundação Getulio Vargas mostrou que houve inversão da balança comercial de materiais de construção. Há dois anos compramos mais do exterior do que vendemos. Isso ocorre porque nossas indústrias não estão conseguindo competir em pé de igualdade. Gasta-se muito com energia e impostos, por exemplo”, argumenta ele, que reclama que muitos produtos que chegam ao país não atendem as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

CONFIANÇA

Para os próximos meses, na avaliação de Melvyn, predomina um otimismo no setor. “Esse otimismo está associado à continuidade da desoneração dos materiais. Já pedimos isso e também uma maior abrangência na lista de produtos beneficiados com a isenção do IPI. E estímulos para o mercado da construção civil, que poderá ter papel importante na sustentação da economia brasileira frente às ameaças da instabilidade da economia internacional”, diz.

Se a crise vier, Daniel acredita que o país e o setor da construção civil estarão preparados. “Temos que monitorar a economia mundial, mas a economia brasileira tem fundamentos sólidos. Nossas reservas nunca foram tão grandes, o emprego formal está crescendo, o governo tem a margem de manobra que é o depósito compulsório. E para o setor, o programa Minha Casa, Minha Vida e as obras para a Copa e Olimpíadas já garantem uma certa produtividade
. Até porque são verbas já previstas. Nesse último mês de agosto, por exemplo, o governo federal anunciou a construção de mais 2 milhões de residências dentro do programa”, comemora.