Lugarcerto

Eficiência energética

Economia de energia em uma edificação vem em detalhes e é sempre bem-vinda

Sistema inteligente planejado para ar-condicionado calcula a necessidade de soprar mais ou menos ar frio em cada ambiente, de acordo com a temperatura

Humberto Siqueira
A coordenadora do labcon, Roberta Vieira Gonçalves, diz que até 2014 todos os edifícios deverão ser etiquetados - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press

Vilão no consumo de energia em alguns edifícios, podendo responder por 75% da conta de luz, o ar-condicionado foi cuidadosamente pensado no edifício para call center da Caixa Econômica Federal. Optou-se pelo sistema Water Chiller, que fica instalado na cobertura. Ele mantém um estoque de água gelada, que é distribuída pelos ambientes. Mas cada sala tem saídas próprias, que podem ser desligadas. Além disso, o sistema é inteligente. Pela temperatura, ele controla a necessidade de soprar mais ou menos ar frio. Importante para um ambiente onde podem estar trabalhando 50 ou 100 pessoas.

Na iluminação, algumas situações conflitantes ocorreram. “Precisávamos ter uma iluminação por toda a sala e variar cores para o ambiente não cansar os funcionários. Então, o jeito foi instalar mais luminárias, mas com menos lâmpadas cada. E dividir os circuitos de forma que, quando necessário, pudéssemos colocar pessoal trabalhando numa parte e desligar as luzes nas áreas vizinhas”, ensina Roberta Vieira Gonçalves de Souza, professora da UFMG e coordenadora do Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética no Ambiente Construído (Labcon).

Na envoltória, foram analisadas a volumetria da edificação, a relação entre áreas de aberturas, paredes e coberturas. Também é contabilizada a presença de brisas e outros elementos de proteção solar
. Para diminuir o calor que entra, foram usados vidros duplos laminados com 12 milímetros. O que também contribuiu, e muito, para o controle do ruído da rua.

Na cobertura superior, que funciona como garagem, foi preciso isolar a superfície com manta geotéxtil e aplicar concreto branco para refletir a luz do sol e absorver menos calor. No piso, que é elevado, foi utilizado forro mineral e carpete em placas, indicado para áreas com tráfego intenso.

PROJETO

Os custos para fazer um edifício econômico, quando ainda em projeto, não são altos. Toda a tecnologia custa entre 3% e 5% do valor total da obra, pagos em até cinco anos. Se as modificações são feitas em edifícios já existentes os custos são mais elevados.

Sérgio Geraldo Linke, gerente de engenharia e arquitetura da Gerência Nacional de Gestão da Rede Logística da Caixa, diz que o selo Procel garante, em média, uma economia de 30% na conta de luz. “O que representa um corte de R$ 1,6 mil no mês ou R$ 19 mil ao ano por agência. Se pensar que a Caixa pretende abrir 2 mil agências nos próximos dois anos, vamos desenhando o tamanho dessa economia”, observa.

PALAVRA DE ESPECIALISTA - Consciência ambiental

Roberto Matozinhos, engenheiro e consultor técnico do Sindicato da Indústria da Construção
Civil de Minas Gerais

Um edifício com a etiqueta do Procel certamente é um empreendimento bem mais atraente. Terá mais aceitação e velocidade de venda. Afinal, proporcionará uma economia durante toda a sua vida útil, além de oferecer conforto térmico, iluminação natural e todo recurso natural que puder ser aproveitado
. É um caminho sem volta. Até porque, o consumidor está cada vez mais consciente e exigente. E é ele quem tem o poder de exigir dos construtores esse tipo de comprometimento ambiental. Mas terá que aceitar abrir mão da estética em prol da eficiência. Em Minas, por exemplo, usa-se muito granito. Será que vão aceitar trocar? Esperamos que sim.