Os brasileiros já estão habituados a verificar o consumo de energia elétrica de eletrodomésticos antes da compra. É fácil. Basta consultar o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), instituído em 1993, que classifica o consumo de A (melhor classificação) até E. A etiqueta agora também poderá ser concedida aos edifícios, incentivando o uso de tecnologias limpas e a preservação do meio ambiente.
Segundo Roberta Vieira Gonçalves de Souza, professora da UFMG e coordenadora do Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética no Ambiente Construído (Labcon), parceiros no projeto, é possível gerar grandes economias com decisões corretas em iluminação, condicionamento de ar, material usado e equipamentos. “A etiquetagem de edifícios já é compulsória em muitos países da Europa. No Brasil, foram criados os parâmetros para a concessão da etiqueta, mas o processo ainda é voluntário. Apenas os prédios federais são obrigados. Todos deverão ser etiquetados até 2014”, revela.
As medidas são importantes ao analisar estatísticas e projeções. Se a escalada no consumo de energia elétrica for mantida, o Brasil precisará dobrar sua capacidade instalada para gerar o dobro de energia até 2030. Além disso, todos os recursos naturais do planeta não serão capazes de atender a demanda dos padrões atuais de consumo por muito tempo. Seriam necessárias duas Terras para dar conta do recado.
Os parâmetros usados foram definidos pela Portaria 372 do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), de 17 de setembro de 2010
Para Emmerson Ferreira, diretor da BHZ Arquitetura, que foi responsável pelo projeto, o fato de servir como um call center foi um desafio para a equipe. “O Procel faz exigências que não distinguem o uso que é feito de um imóvel. E em um call center há uma série de fatores que tendem a aumentar o consumo de energia, como o grande número de equipamentos e o mobiliário com divisórias, que exige mais pontos de luz”, justifica.
ÁGUA DE CHUVA
Ele comemora o sucesso na redução do consumo de água. Com a economia de 58%, ganharam bonificação de um ponto, que foi fundamental para a obtenção da etiqueta A. “Instalamos descargas com duplo fluxo, de três e seis litros. As torneiras têm válvulas de pressão, o que evita que fiquem pingando ou esquecidas ligadas. Além disso, instalamos um sistema de reaproveitamento de água da chuva, usada na jardinagem e na limpeza”, expõe.
No processo de etiquetagem, o sistema de ar-condicionado tem um peso de 40% na nota total. Os outros 60% são divididos meio a meio entre iluminação e envoltória
SAIBA MAIS
Labcon/UFMG
O Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética no Ambiente Construído (Labon)/UFMG é um dos 15 laboratórios creditados pelo Procel/Eletrobras para avaliar o nível de eficiência energética das edificações. O conceito de conforto ambiental está ligado à questão básica de proporcionar às edificações condições necessárias de habitação, utilizando racionalmente os recursos disponíveis.