Quando o bebê está para chegar, a primeira providência tomada pelos futuros pais é projetar o quarto para recebê-lo. Mas, nesse planejamento, muitos se esquecem de um ponto importante: o bebê cresce e começa a andar, exigindo cuidado redobrado para que os pequeninos não se machuquem, principalmente no banheiro. Por isso, para quem está construindo a casa e quer ter filhos ou reformar o apartamento para recebê-los, o ideal é projetar um banheiro que possa ser usado no futuro também pelas crianças. “De maneira geral, é muito importante pensar no perfil dos moradores ao planejar uma moradia. O ideal é imaginar como a família vai estar pelo menos nos próximos 10 anos”, diz a arquiteta Flávia Soares.
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O banheiro planejado para crianças deve ter espaço para o acompanhamento de um adulto no banho e na escovação dos dentes. Mas a altura não precisa ser modificada, até porque elas crescem. “A não ser que esse banheiro seja para espaços exclusivos de crianças. O importante é deixar lugar para um degrau móvel que ajuste a altura da bancada à altura da criança”, diz Flávia.
Como a criança está em constante crescimento e desenvolvimento, o mais indicado é que o espaço seja projetado para acompanhar esse processo, como observa a designer de interiores Denise Dias Bernardes. “Banheiros que também serão usados por crianças exigem cuidados para garantir a segurança e facilitar seu uso e de quem os acompanha, sem necessariamente alterar medidas e alturas padrão.”
Entretanto, a designer de interiores Renata Afonso revela que há empresas que fabricam peças, como cubas e mictórios infantis divertidos, que podem ser usados tanto em banheiros das crianças quanto em projetos de área comercial. “Algumas adaptações podem ser feitas para que o uso não fique limitado à criança”, diz.
Como exemplo, a designer cita a cuba comprida, que pode ser adaptada a uma bancada mais alta, servindo tanto para o banho do recém-nascido, como trocador. “Já peças como vaso sanitário infantil talvez não sejam uma ideia interessante devido ao curto período de uso
A designer de interiores Carla Fontoura aponta soluções que são, ao mesmo tempo, funcionais e mais acessíveis economicamente. A pintura epóxi dos azulejos ou o revestimento em laminado melamínico são boas alternativas, conforme a profissional. “Além de revestimento de azulejo sobre o azulejo existente afixado com argamassa AC-3”, acrescenta.
NO CHÃO
No piso, o ideal é usar uma pedra inteira de mármore ou granito, idem o padrão da bancada, na área do box, e, no restante do piso, revestimento vinílico em cores e padrões os mais diversos oferecidos pelo mercado. “Na área molhada, tem de ser pedra (opção mais barata, porque caro tem um monte: silestone, pastilha, cerâmica e muito mais) ou porcelanato acetinado. Na área da bancada e do vaso/bidê, pode ser revestimento vinílico”, aponta Carla Fontoura.
Renata Afonso confirma que no mercado há uma infinidade de soluções prática, baratas e funcionais que podem facilitar o uso desse espaço pela criança e pela família. Mas para a escolha seja adequada é preciso considerar a demanda dos usuários. “Não podemos esquecer que temos de ver as necessidades de cada cliente”, ressalta. E são as especificidades abordadas no projeto que vão direcionar a escolha das peças e tons a serem utilizados de forma mais adequada
CUSTO,MAS COM BENEFÍCIOS
Do projeto à execução da obra, é importante definir corretamente os materiais que serão utilizados e buscar ajuda de um especialista. Decisão interfere no valor final das obras
Diante das opções disponíveis no mercado, a dica é considerar alguns aspectos. O custo, aliado à qualidade, é geralmente um dos principais critérios na hora de analisar qual material usar. “O valor do projeto também depende da maneira de trabalhar do profissional, que pode ser por metro quadrado, por ambiente ou de acordo com a complexidade, o que, na minha opinião, é o mais justo”, diz a designer de interiores Denise Bernardes. Mas é preciso procurar referências e conhecer o trabalho de quem estará envolvido no serviço. “Desde o projeto até a execução da obra, para que seja garantido um bom resultado e se tenha a certeza de que, apesar dos percalços do trabalho, tudo vai valer a pena.”
Para quem quer investir na criação do ambiente contemplando as necessidades das crianças e minimizando as dores de cabeça, a arquiteta Flávia Soares diz que o projeto fica em aproximadamente R$ 900. “Já o valor da execução depende do tipo do acabamento. Mas posso dizer, baseado em dados fornecidos pelo Sindicato da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), que fica em torno de R$ 1,5 mil o metro quadrado.”
De qualquer forma, para se ter uma ideia do que poderá ser usado, até para se ter uma noção do que pedir ao profissional responsável pelo projeto, a designer de interiores Denise Bernardes diz que no mercado há peças que podem trazer um toque lúdico a um banheiro de base neutras. “Filetes de vidro e pastilhas coloridas usadas em barrados, listras e miscelânia combinando cores e emoldurando espelhos”, comenta.
Entretanto, se a opção for manter os acabamentos neutros esse toque pode ser dado com o uso de objetos e acessórios que remetam ao universo infantil, como adesivos aplicados sobre os revestimentos de parede. “Além deles, há apliques em gel para box, nichos de parede para colocação de brinquedos e produtos de higiene e até mesmo toalhas e toucas coloridas ou com motivos infantis. Tudo com preço acessível e muito fácil de ser removido quando necessário”, indica Denise.
Flávia Soares reconhece que atualmente há alternativas para tornar o ambiente lúdico e, consequentemente, mais agradável para o uso dos pequenos. “Hoje temos muitos acessórios infantis, como adesivos que deixam o banheiro divertido para a criança, sem atrapalhar a funcionalidade.”
No entanto, é preciso cuidado para que, na empolgação, seja comprado algo que não seja necessário. Nessa hora, a recomendação de Flávia Soares é pensar em um banheiro para adultos. “E deixar acessórios para adequar as necessidades das crianças, que variam com a idade delas”, diz. Mas é preciso cuidado para não exagerar na dose. “Muitos acessórios podem poluir e, ao mesmo tempo, deixam de ser higiênicos”, completa.
VERSÁTIL
Tudo isso deve ser considerado sem esquecer a segurança e a funcionalidade do banheiro. Por isso, os materiais de composição devem ser muito bem escolhidos, de acordo com Denise Bernardes. “Evitar quinas em bancadas e acessórios e dar preferência a armários sem puxadores e tapetes emborrachados são algumas sugestões seguras.”
No quesito funcionalidade, portas de correr ou cortinas de plástico divertidas são apontadas pela designer de interiores como recursos que facilitam a movimentação e o uso de uma banheira, por exemplo. “Um deck removível também pode ser instalado abaixo da bancada, garantindo o acesso e dando autonomia às crianças”, indica Denise.
Outra opção apontada pela designer de interiores é usar um baú com rodízios e travas, que serve como banco e lugar para brinquedos. “Ou apenas um banquinho e um armário volante substituindo o armário fixo. Colocar toalheiros fixos na bancada também facilita.”
TRANSTORNO
Quando este assunto está em questão, a escolha do piso merece atenção mais do que especial. Conhecer os mais usados e as vantagens e desvantagens de cada um é um ótimo caminho para evitar transtornos. Afinal, ter que quebrar para trocar o revestimento significa prejuízo e grandes dores de cabeça. Entre as opções disponíveis, a designer de interiores Carla Fontoura aponta o granito e o mármore, que têm várias opções de preço e padrões. A diferença entre eles está na manutenção, que no caso do granito é fácil. “No caso do mármore, a manutenção é mais complicada, pois com pouco tempo requer polimento para revitalização do brilho.” A lista de sugestões inclui o porcelanato, as pastilhas e o silestone, que são resistentes e de fácil instalação. E para garantir que não haja vazamentos no piso, principalmente em apartamentos, Carla aconselha a aplicação de uma pintura asfáltica. “Para impermeabilizá-lo, evitando que a água do box que caia no piso infiltre em falhas no rejunte e afete o forro do andar inferior”, explica.
PLANEJAR PARA EVITAR GASTO EXTRA
Assim como em outros ambientes da casa, é comum que o consumidor queira saber quais são as tendências do mercado, para não ficar perdido diante das variedades de materiais disponíveis. Entretanto, profissionais orientam que como estilo é algo muito pessoal e as preferências nem sempre condizem com o que está na moda, é preciso priorizar as necessidades da família.
Para Flávia Soares, não há uma tendência determinada. Segundo a arquiteta, vai do estilo dos moradores usar ou não acabamentos de moda. Mas por se tratar de um ambiente no qual a maior preocupação é a utilização pela criança, torná-lo o mais seguro possível supera qualquer tipo de tendência, exigindo cuidados. “O piso não deve ser muito escorregadio e as paredes devem ser revestidas, por ser um ambiente úmido.”
O mesmo vale para a composição das cores no banheiro infantil, que deve combinar com o estilo dos moradores. “Pode misturar tudo, cores com contrastes e até mesmo um degradê de cores. Mas uma forma de não errar é apostar no branco. Com ele, você pode colocar adesivos infantis e colocar vários acessórios de borracha”, indica a arquiteta.
Para acertar na composição, Carla Fontoura diz que é necessário que seja feito um projeto cromático harmônico para não poluir o ambiente. “Mistura excessiva de cores, texturas e revestimentos, assim como o excesso de adornos que não contribuam para a utilização eficiente do ambiente, podem deixá-lo ruim”, comenta.
Como conjugar tantas informações e detalhes em um mesmo ambiente não é tarefa fácil, o ideal é contratar um profissional para fazer o serviço. Afinal, é o arquiteto ou decorador que tem amplo conhecimento de materiais e técnicas de aplicação. “Além, é claro, de definir o projeto no papel antes de iniciada a obra”, diz Carla.
Outro benefício de quem opta por contar com ajuda profissional especializada é a otimização do resultado, evitando-se gastos desnecessários. “Dessa forma, a execução será mais econômica do que simplesmente mandar alguém quebrar para ver depois como fica”, diz Carla Fontoura.
MÃO DE OBRA
Flávia Soares também ressalta a importância do trabalho do profissional, que tem a preocupação de pensar ambientes onde possam caber os mais variados acessórios infantis, como a banheira do bebê. “Ele pode pensar em soluções práticas e baratas para facilitar a vida tanto das crianças quanto dos pais.”
Somando-se ao aspecto técnico, o profissional de projeto, por acompanhar as tendências de mercado, poderá indicar aos moradores o que mais se adequa a seu perfil, de acordo com a análise do espaço e do solicitante. “Ele será capaz de criar um ambiente adequado à personalidade e às necessidades do cliente, além de fazê-lo de modo contemporâneo”, considera Carla Fontoura.
DO JEITO CERTO - Confira dicas das profissionais para banheiros de crianças
- Reserve um espaço, quando possível, para acompanhamento de um adulto, tanto no banho quanto durante a escovação dos dentes.
- Evite soluções que serão perdidas com o tempo, como o uso de cubas pequenas.
- Invista no uso de materiais antiderrapantes e de fácil manutenção.
- Prefira recursos que são, ao mesmo tempo, funcionais e baratos, como a pintura epóxi em azulejos ou revestimento em laminado metalamínico.
- Utilize acessórios infantis, como adesivos, que deixam o banheiro divertido para a criança, sem atrapalhar a funcionalidade.
- Cuidado com os excessos. Muito material em paredes pequenas faz com que o espaço fique carregado e nada se sobressaia.
- Opte por cores claras nos revestimentos gerais e deixe as fortes para objetos de decoração que possam até ser usados durante o banho da criança, como bonecos e patinhos.
- Evite sempre quinas. Elas podem causar acidentes nas crianças.
- Reserve um espaço para guardar objetos fora do alcance dos pequenos. Dessa forma, evita-se acidentes, como ingestão de xampu.
- Recorra sempre a tapetes externos ao box.
- Facilite o uso dos metais pelas crianças. No caso das torneiras, privilegie as que são de fácil abertura e evite os misturadores, para que elas não tenham dificuldade para “temperar” a água.