Há 24 anos, o Relatório Bundtland – documento gerado pela Comissão de Desenvolvimento e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) - falava em desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento este que pretendia atender as necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras e suas próprias exigências. Neste sentido, surgiram estudos, técnicas e novas regras comportamentais que nos conduziram para uma consciência mais sustentável.
Defensora destas ideias, a engenheira e pesquisadora Claudiana Maria da Silva Leal decidiu transformar sua casa em um mostruário das potencialidades da nova construção civil. O projeto arquitetônico imaginado por ela em parceria com a arquiteta Flávia Giangiulio inclui uma técnica inédita na região onde vivem: o telhado vivo.
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Os telhados vivos ou tetos verdes são, basicamente, lajes cobertas com plantas específicas para este fim. Ou seja, ao invés de telhas ou concreto, ficam expostos na parte superior da construção, diversos tipos de vegetação. As edificações com telhado vivo possuem melhor acústica, maior durabilidade - em virtude da absorção da água das chuvas que não chega à construção - e diminuem, significativamente, a necessidade de energia para climatização de ambientes.
A técnica difundida em vários países chega ao país em alguns locais, e um exemplo é o imóvel da engenheira ainda a ser construído em um condomínio horizontal de luxo. Segundo Claudiana, ele deverá servir de exemplo para as novas gerações. “Quando a gente constrói, impermeabilizamos o solo e a água deixa de ter para onde escoar. O telhado vivo absorve grande parte dessa água e traz outros benefícios. Os vizinhos e seus filhos vão olhar e descobrir que podemos fazer mais. ‘Nós somos o meio ambiente’ e precisamos acordar para isto”, acrescenta.
Projeto 100% sustentável
O projeto do imóvel de Claudiana pretende chegar a um nível de máximo equilíbrio com o meio ambiente
Tijolos ecológicos produzidos por uma comunidade com o apoio de um centro de tecnologia sob o comando do professor Normando Perazzo dispensarão o revestimento das paredes. O projeto incluirá ainda reaproveitamento de “água cinza”, das chuvas, e madeira especial. “Mesmo o paisagismo é harmônico com a natureza. As casas sustentáveis duram mais, elas não têm infiltrações, porque direcionam a água. Tudo é pensado e vale o investimento. Acredito que a casa é um sonho para muita gente, então você vai investir para ver o imóvel se acabar com o tempo?”, questiona.
O hábito da compostagem para transformar restos de alimentos orgânicos em adubo também será utilizado. “O que a gente faz hoje? Coloca o lixo no saco e manda o problema para outra pessoa resolver. A compostagem é muito simples e exige trabalho mínimo, sem contar que, sendo feita da maneira correta, não deixa odores”, afirma.
Teto verde e outras vantagens
Qualidade do ar: Em virtude da fotossíntese das plantas e da aderência dos poluentes, os telhados verdes atuam como purificadores do ar urbano.
Biodiversidade: A cobertura vegetal ou telhado de grama é ferramenta fundamental para a sobrevivência e continuidade da manutenção da vida no conceito urbano.
Arquitetura: O telhado ecológico aparece como tendência arquitetônica em um ambiente urbano saturado
Produção de Alimentos: A cobertura verde pode ser aproveitada para horticultura com grandes vantagens, principalmente, no caso de projetos de casas populares.
Proteção do prédio: A cobertura vegetal diminui consideravelmente a concentração de calor na edificação, além de absorver as chuvas ácidas. Tais fatores contribuem para o crescimento da vida útil da construção.
* Informações cedidas por Claudiana Maria da Silva Leal, professora pesquisadora do IFPB e doutoranda da UFRGS-PPGEC-NORIE em Comunidades Sustentáveis.