"A fundação custa cerca de 8% da obra, mas tem um papel fundamental. Em terrenos ruins, pode chegar a 12%. Se esse percentual crescer muito, a obra não vale a pena" - Geraldo Jardim Linhares Júnior, vice-presidente do Sinduscon-MG - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PressQuanto mais problemático o terreno, maior o cuidado com a fundação, contenção e drenagem. Em edifícios novos, as construtoras entregam um manual do proprietário com prazos de manutenção e garantia a fim de garantir a longevidade do empreendimento.

Vazamentos de água ou esgoto para o terreno também podem contribuir para graves problemas estruturais a médio e longo prazo. São problemas ocultos, como esses, que tornam importante a inspeção predial. Vergalhões de aço expostos são outro problema sério. Eles fazem parte da composição por atender bem na flexão do imóvel, mas precisam estar protegidos das intempéries, não podem ficar expostos. Algo fácil mesmo para um leigo identificar.

Mas a solução para os edifícios se encontra mesmo é na inspeção predial. Se realizada a cada dois anos, ela mantém o edifício saudável. O perito vai criar um cronograma de manutenção, pois cada sistema precisa ser checado em prazos diferentes. Alguns de dois em dois anos, outros a cada cinco anos.

Perguntar a vizinhos sobre o apartamento ou casa também é sábio. Vale questionar sobre alagamentos, segurança do prédio e da região e histórico de problemas estruturais no imóvel. Esses vícios podem ser mais bem descritos pelo síndico, que poderá informar sobre o cronograma de manutenção do prédio.

Outra dica básica é procurar informações sobre a construtora que realizou a obra. Empresas filiadas ao Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) devem obedecer a critérios impostos pela instituição.

PROBLEMAS

O leigo pode procurar por sinais mais evidentes de defeito no apartamento e nas áreas comuns, como trincas, fissuras e rachaduras nas lajes, pilares e vigas, que certamente representam um sinal de risco, principalmente para prédios feitos com concreto armado ou alvenaria estrutural.

Geraldo Jardim Linhares Júnior, vice-presidente da área de materiais, tecnologia e meio ambiente do Sinduscon-MG, explica que com uma boa fundação e drenagem, pode ser o pior terreno do mundo que a engenharia tem soluções. “A fundação custa cerca de 8% da obra, mas tem um papel fundamental. Em terrenos ruins, pode chegar a 12%. Se esse percentual crescer muito, a obra não vale a pena”, acrescenta.

Os paliteiros, solução utilizada no edifício que desabou no Bairro Caiçara, Região Noroeste de BH, para elevar a obra ao nível da rua, são seguros, mas precisam de manutenção. Não se pode ser relapso. Um alerta de perigo, como aconteceu nesse edifício, é surgir uma fissura no asfalto da rua, sinal claro de que está havendo uma movimentação do terreno. E ela agrava ainda mais uma situação, já que se torna uma porta de entrada para a água.