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Mercado imobiliário

Jovens buscam consórcios com a promessa de investimento garantido

Opção ideal para investidores mais novos se destaca por oferecer disciplina na hora de poupar e ausência de juros

CorreioWeb
- Foto: Reprodução/Internet

Opção ideal para jovens investidores, o consórcio imobiliário se destaca por oferecer disciplina na hora de poupar e ausência de juros. No entanto, como alertam o consultor financeiro Luiz Felizardo Barroso e o diretor do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (IBEDEC), José Geraldo Tardin, nem sempre o final é feliz. É preciso ficar atento às taxas de administração e às falsas promessas apresentadas por corretores despreparados que não constam nos contratos.

De acordo com Tardin, também representante da Associação Brasileira de Mutuários da Habitação, o primeiro requisito para uma pessoa interessada em aderir ao consórcio é entender que esta é uma compra a longo prazo. “Por isso, o jovem seria o perfil que se encaixa melhor”, observa. Luiz Felizardo também compartilha da mesma opinião. “O consórcio pode ser financiado em cinco, dez anos. Então, esses jovens são pessoas de uma faixa etária que pode esperar. Está pensando em se casar, mas só quer depois que tiver um imóvel e não quer morar de aluguel? O consórcio é uma boa opção”, acredita o consultor.

Para Felizardo o consórcio é como uma poupança forçada, porém programada. “A dificuldade para poupar é que você, muitas vezes, não tem disciplina. Já no consórcio essa disciplina é necessária, afinal, existe uma programação. Dentro dessa programação você aperta daqui ou dali, mas arranja o dinheiro”, observa
. O consultor explica que o importante é ter uma renda compatível com a prestação que você vai assumir. “Se você não tem pressa, vai contribuindo até que seja sorteado ou que ofereça um lance. Mas a garantia é que o bem é entregue a você quitado”, lembra.

No caso da recepcionista Raiane Duarte da Cruz, de 21 anos, o consórcio surgiu como uma forma de investir o dinheiro de maneira útil. Apesar de ainda não estar pagando as parcelas - seu plano está em fase de análise -, Raiane acredita que o investimento irá garantir um futuro seguro. As expectativas não poderiam estar maiores. “Ter algo próprio. Ter, de certa forma, minha independência. Se eu resolver sair de casa vou para algo que é meu”, orgulha-se.

Raiane pretende usar sua carta de crédito para adquirir um imóvel. Sem pressa, a jovem não planeja se mudar tão cedo para o local. “Pretendo alugar a casa
. Não tenho a intenção de mudar e morar sozinha”, explica. Raiane, que mora com os pais, conta que os dois foram receptivos e apoiaram a iniciativa da filha. “Eles vão me ajudar no pagamento das parcelas”, diz. Com bom humor, a jovem brinca que se um dia tiver filhos, poderá deixar a casa e, quem sabe, ainda, as prestações como herança.

Tardin conta que o maior problema relatado ao IBEDEC é a famosa falsa promessa. “Não se deve acreditar em nenhuma promessa que não esteja no contrato. Recebemos cerca de dez denúncias por mês descrevendo esse tipo de reclamação”, conta. “Eles prometem que o imóvel sairá em até seis meses no sorteio ou que com lances de 20% e 30% você o tira. Mas é uma mentira”, alerta. O diretor do instituto explica que para se precaver e não cair em ciladas de corretores despreparados, o cliente pode pedir extrato de grupos similares dos últimos 12 meses, assim ele pode avaliar o percentual das cartas que foram ofertadas. “Vai ver que o primeiro foi com 80%, outro com 70%. Aí sim você entende a realidade”, enfatiza. Tardin garante que antes de 18 meses, os lances nunca são inferiores a 50% do valor.

Vale ressaltar que o consórcio feito para imóveis não é igual a consórcio de carro, pois neste caso o preço do produto só depende do valor estipulado, não existe valorização. “Já no mercado imobiliário, vários índices interferem de acordo com os anos no preço e valorização dos imóveis”, explica Tardin. Ou seja, você pode arcar com uma carta de crédito de R$ 300 mil, no entanto, o imóvel que você tem em vista hoje, em dois ou três anos, pode passar a valer R$ 500 mil. Ou seja, R$ 200 mil a mais do que você planejou. “A correção feita na sua parcela mensal pela administradora de consórcio geralmente é menor do que o ajuste do mercado”, esclarece o diretor.

O que recomendam os dois especialistas é que, caso a pessoa não for sorteada logo, o ideal é dar um lance em, no máximo, 24 meses. “Depois disso valoriza demais e você pode perder o imóvel que a princípio tinha em mente”, alerta Tardin. Por isso, outra atitude importante antes de assinar um contrato é verificar como está a valorização do mercado imobiliário, se a correção dos imóveis valerá a pena em alguns anos. Sobre as taxas de administração, ele explica que é preciso fazer pesquisa. “Tem empresa que pratica com taxa de administração de 10%, outras com 12%. Então é preciso ficar atento. É mais recomendável fazer com grandes bancos, porque aí você tem a certeza que não terá problemas. Afinal, já existe uma reputação, eles já possuem tradição nesse meio”, aconselha.