Quando se trata de uma cidade em apuros, Detroit, nos Estados Unidos, tem história para contar. Nas últimas décadas, a população do município do estado de Michigan diminuiu drasticamente, com o abandono de indústrias, casas e edifícios. Desde 1950, Detroit perdeu cerca de 1 milhão de moradores, 60% do total. Conhecida pela força da economia local com a indústria automobilística, a recessão econômica dos anos 1970 – por causa da crescente concorrência de companhias japonesas produtoras de automóveis – atingiu a região, que caiu em declínio.
Duas exposições fotográficas que ocorrem em Washington mostram imagens impressionantes que documentam as mudanças na cidade, como demonstra reportagem do site do jornal britânico Daily Mail, Mail Online. Durante um período de 25 anos, o fotógrafo Camilo José Vergara registrou o que foi a fase decadente de Detroit e, embora estejam ali edifícios decrépitos e vastas porções de terrenos baldios, as fotos também capturam como os habitantes tentam reconstruir suas vidas.
Na realidade atual, Detroit tem assistido a relação entre o urbano e o rural. Muitas das ruas movimentadas tornaram-se fazendas e, com áreas de terra disponíveis por preços baixos, jovens empreendedores investiram em negócios agrícolas sustentáveis, fabricando e comercializando produtos caseiros. Nos últimos anos, então, é possível observar como os moradores têm tentando reabilitar a economia e a vida na cidade, e, pode-se dizer, aconteceram melhoras.
Vivendo em Nova York, Vergara, natural do Chile, foca seu trabalho na questão do habitar nas grandes cidades, mostrando principalmente exemplos americanos. Seus temas incluem Newark, Camden, Philadelphia, Baltimore, Detroit, Chicago, Gary, Milwaukee, Oakland e Los Angeles
Na mesma galeria, acontece outra mostra, “Detroit Disassembled” (Detroit Desmontada), com obras do fotógrafo Andrew Moore, imagens épicas que revelam a beleza trágica da cidade. As fotos retratam grandes hotéis sem janelas, fábricas esquecidas, igrejas, escritórios, e diversas outras paisagens do colapso. Agora, as ruínas de Detroit se transformam até em atrativos turísticos.
Outros dois fotógrafos franceses também têm um trabalho parecido. No livro "The ruins of Detroit" (As ruínas de Detroit), Yves Marchand e Romain Meffre mostram cenas surpreendentes da cidade, com edifícios, teatros, a estação, a antiga delegacia, hoteis e até um consultório de dentista, entre outros locais, esquecidos e abandonados. A obra é resultado das visitas que os artistas fizeram a Detroit entre 2005 e 2009, e sugere inúmeras narrativas da triste e estranha história da vida urbana na região na última metade do século 20.
O livro de Marchand e Meffre é também um testemunho, que não só ilustra o declínio dramático de uma grande cidade americana, mas do sonho americano propriamente dito. Muitas das imagens parecem pós-apocalípticas, como se alguma catástrofe súbita tivesse atingido a região, forçando todos a abandonar as casas e locais de trabalho e fugir. A cidade fantasma agora carrega um forte significado simbólico que, no mínimo, leva à reflexão.