Esta última, segundo Carmen, não funcionou. A professora acredita que pode ter sido erro de projeto ou de execução. “Talvez o tanque de armazenamento esteja em uma altura errada. Também foi falta de paciência minha e falha da arquiteta não ter acompanhado. O problema é que tive um custo com isso”, lamenta. Carmen ainda reconhece que, por ter morado em apartamento antes, não tinha familiaridade para lidar com sistemas sustentáveis.
No extremo oposto está o biólogo e estudante de arquitetura Alexandre Benso, 31 anos. Há 10 anos, ele conheceu a permacultura — abordagem que pretende ser ambientalmente sustentável, socialmente justa e financeiramente viável. “São sistemas de autoconstrução que não requerem conhecimento específico — qualquer um pode construir a própria casa”, explica Alexandre
Para começar, os pilares da casa são toras de árvores que caíram naturalmente no Rio Paranoá. O revestimento das paredes é feito com terra, usando técnicas como o adobe, o superadobe e tijolos de madeira. O chão é uma mistura de cimento queimado e decorado com rodelas de madeira. Bambus substituíram grades, divisórias de ambientes e corrimões. Para dar o acabamento, foi usada uma tinta a base de terra, goma de soda cáustica e polvilho. Impressionam as tonalidades: rosa, amarelo, marrom.
Do lado de fora, o teto verde é outra surpresa. Fresquinho e seguro, costuma virar espaço de camping para os amigos de Alessandro. Além disso, a residência capta a água da chuva em um reservatório com capacidade para 25 mil litros, possui banheiro seco (usa serragem em vez de água) e faz saneamento ecológico com o sistema da fossa de bananeiras (evapotranspiração)
Segundo o permacultor e bioconstrutor Cláudio Jacintho, uma casa com esse sistema é até 30% mais barata do que uma convencional. “O custo padrão do metro quadrado de uma residência convencional é R$1.100, enquanto o daquela feita com permacultura é entre R$ 800 e R$ 900”, afirma.