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Tradição e facilidades tornam Zona Sul melhor lugar para morar em BH

Ampla oferta de serviços e infraestrutura fazem da Região Centro-Sul de Belo Horizonte uma das mais valorizadas e preferidas por quem quer morar bem

Júnia Leticia
Vista de parte do Bairro Sion, emoldurado pela Serra do Curral e um dos mais buscados para morar: fácil acesso e comércio farto atraem moradores - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


Uma das regiões mais valorizadas de Belo Horizonte, a Centro-Sul atrai investimentos em empreendimentos imobiliários, tanto residenciais quanto comerciais. Entre as razões para isso estão a grande concentração de escritórios e centros comerciais, conforme apontado por pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Há, ainda, o fato de a região concentrar os mais cobiçados bares e restaurantes da cidade.

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A consequência desse cenário é o aumento do preço do metro quadrado, que para imóveis usados dobrou na Savassi nos últimos três anos. Os bairros Sion e Anchieta também integram os primeiros do ranking, conforme pesquisa da Fipe. Na escalada dos imóveis novos, a Centro-Sul lidera o maior valor de metro quadrado – em torno de R$ 7 mil a R$ 7,5 mil.

De olho nesse mercado, a Rede Netimóveis acaba de credenciar uma nova agência, a Situa Netimóveis Unidade Centro-Sul, no Sion. De acordo com o diretor da imobiliária, Carlos Pedrosa Braga, investir nessa área da capital é uma oportunidade que possibilita a expansão dos negócios. “A região tem excelente infraestrutura, comércio diversificado, facilidade de acesso e qualidade de vida, o que faz seus bairros serem muito valorizados”, explica.

Praça Carlos Chagas, no Santo Agostinho: espaços verdes também atraem interesse de quem busca imóveis na Zona Sul - Foto: Euller Júnior/EM/D.A Press

Além disso, a ótima urbanização contribui para que a região seja mais cobiçada, conforme o presidente da Lar Imóveis, Luiz Antonio Rodrigues. “Lazer com qualidade, pontos turísticos, museus, igrejas e também porque a sociedade tradicional reside ou busca residência nesta região”, acrescenta.

A qualidade de vida é outro ponto favorável, como diz o proprietário do salão de beleza Charbel Visage, Charbel Chelala, que há 25 anos escolheu o Bairro de Lourdes para morar e há oito mudou seu negócio para próximo de sua casa. “Quando vim de Beirute, no Líbano, em 1987, abri um salão no Centro e escolhi Lourdes para morar devido à proximidade e por ser uma região agradável, arborizada, com diversas facilidades e serviços
. Além disso, o bairro é bem tradicional e muito charmoso, com identidade diferenciada.”

A facilidade de acesso a serviços também é um diferencial em favor da região, como reconhece Charbel. “No Lourdes, faço tudo a pé e encontro todos os serviços de que preciso nas redondezas, como escolas, bons restaurantes, bancos, academias, padarias, entre outros. Vale a pena morar aqui, pois é central, perto de todos os outros bairros que frequentamos. É uma região movimentada, mas, ao mesmo tempo tranquila.” Outro destaque do Lourdes é estar ao lado da Praça da Liberdade, um espaço agradável e arborizado, além de reduto de cultura, com seus museus.

Prédio no Santo Agostinho - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PressCIDADE DO INTERIOR Moradora do Sion há 43 anos, a artista plástica Andréa Teixeira é outra que não se cansa de destacar as vantagens do bairro. “Tinha 8 anos quando me mudei para cá. Meus pais compraram uma casa e nós saímos de Lourdes para a Rua Colômbia. No início estranhei, pois tínhamos tudo próximo e essa região, há 40 anos, era praticamente uma cidade do interior. Podíamos ver cabras, cavalos e bois andando pelas ruas”, lembra-se.

Com o passar do tempo, Andréa Teixeira foi se acostumando e, quando deu por si, a rua virou o quintal de sua casa, como ela diz. “Andávamos de bicicleta, jogávamos queimada e fazíamos excursão até a Mata das Borboletas”, recorda-se. Naquela época, o Sion era completamente desabitado e a mata tomava conta de tudo, conforme a artista plástica
. “Vi o bairro crescer, a Avenida Nossa Senhora do Carmo ser construída”, completa.

De lá para cá, muita coisa mudou. Mas nem o progresso fez com que Andréa pensasse em se mudar da região. “Mesmo que o trânsito caótico pese – o que, aliás, não difere de nenhum outro ponto da cidade –, o acesso é fácil e próximo da minha área de circulação, além de ser central. Conheço as pessoas, o comércio e a vida me parece tranquila, apesar dos pesares. Aqui fiquei e não pretendo sair desta região.”

BEM LOCALIZADOS E (MUITO) VALORIZADOS

Seja residencial ou comercial, investidores e clientes buscam imóveis em pontos que tenham fácil acesso viário. Entre os critérios estão também status, praticidade e qualidade de vida


Pessoas com bom poder aquisitivo, que buscam estar perto do local de trabalho e ter acesso fácil a todo tipo de comércio formam o perfil do investidor em empreendimentos na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A informação é do presidente do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi-MG), Ariano Cavalcanti.

O presidente da imobiliária Lar Imóveis, Luiz Antonio Rodrigues, caracteriza esse público como “compradores que buscam conforto, praticidade, comodidade, luxo, status e, principalmente, ótima rentabilidade do seu investimento.” Para atendê-los, o empresário aposta em pesquisas que analisem constantemente os hábitos e o comportamento do investidor e do consumidor. “Com esse levantamento, temos informações preciosas para mapear o mercado imobiliário da capital, oferecendo aos nossos clientes informações exclusivas e personalizadas, que se materializam em imóveis exatamente dentro do perfil que eles buscam”, destaca.

Entre os empreendimentos que mais surgem, segundo Rodrigues, estão os destinados à classe A. “Essa área da cidade é uma região muito cobiçada pelas construtoras de alto padrão, que constroem imóveis residenciais com quatro quartos de alto luxo, com valores exponenciais. Percebem-se, ainda, algumas construções comerciais luxuosas, principalmente andares corridos para instalação de grandes empresas, que também são muito procurados.”

O presidente do Secovi-MG confirma a predominância de empreendimentos de alto luxo na Zona Sul. “Tanto de perfil comercial quanto residencial. Essa é uma região mais adensada, com poucos terrenos. Isso faz com que a demanda por imóveis seja maior e mais acirrada, o que resulta em preços mais altos.”

Avenida Bandeirantes, no Mangabeiras - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press

NO LUGAR DO ANTIGO, O NOVO Para atender essa demanda, considerando a falta de lotes na região para novos empreendimentos, o presidente da Lar Imóveis aponta como saída a aquisição de prédios antigos, para que sejam demolidos. Recentemente, duas construtoras fizeram esse tipo de negócio: no Sion, um imóvel foi ao chão na Rua Grão Mogol, esquina com Rua Cristina, e outro em Lourdes, na Rua Professor Antônio Aleixo com Rua São Paulo. “Ainda existe carência de bons imóveis em bairros tradicionais como Anchieta, Sion, São Pedro, Santo Antônio, Lourdes, Santo Agostinho e Funcionários”, comenta Luiz Antonio Rodrigues.

A compra de prédios antigos para serem demolidos, apesar de ser mais rara, é uma alternativa para a construção de empreendimentos, segundo Ariano Cavalcanti. “Além disso, também está ocorrendo o chamado retrofit, com a revitalização de prédios antigos que são relançados”, acrescenta.

Entre os bairros da Centro-Sul, o que atualmente está recebendo o maior número de empreendimentos, de acordo com o presidente da Lar Imóveis, é o Belvedere. “Contam com a maior oferta de imóveis comerciais, e predominantemente residenciais em lançamento e final de obra na capital mineira. Percebemos, ainda, uma boa oferta de imóveis comerciais no Bairro Funcionários.” O Funcionários encabeça a lista dos mais valorizados da região, juntamente com Lourdes e Santo Agostinho, como informa Luiz Antonio. “Por serem tradicionais e, comprovadamente, valorizados, têm preço do metro quadrado semelhante, que hoje está variando de R$ 10 mil a R$ 12 mil.”

Três perguntas para...Carlos Pedrosa Braga, diretor da Situa Netimóveis Unidade Centro-Sul 

Qual tipo de empreendimento está sendo construído na Zona Sul? Mesmo com a falta de terrenos, como viabilizá-los?
Na verdade, são vários: residenciais, comerciais e serviços. Para lidar com a falta de espaços vagos, as construtoras têm adquirido áreas onde havia algum tipo de construção, como prédios e casas antigas.

Quais são as perspectivas do mercado imobiliário para essa área da cidade?
Permanecerá valorizada, pois, além de oferecer todos os benefícios citados, devido à Copa de 2014, continuará a haver investimentos intensos, especialmente em rede hoteleira.
 
Entre os bairros da Região Centro-Sul, quais estão recebendo o maior número de empreendimentos? E desses, quais têm o metro quadrado mais caro?
Notadamente, os próximos ao bairro Belvedere e boa parte da Savassi, devido à infraestrutura em hotelaria, são os que mais recebem investimentos. Quanto ao preço, os mais elevados têm sido registrados em Lourdes, Santo Agostinho e Belvedere. Os dois primeiros se destacam pela falta de terrenos. Em relação ao Belvedere, a valorização se deve ao alto padrão das construções.