O volume de contratações com crédito imobiliário com recursos da caderneta de poupança fechou 2012 com crescimento menor do que o esperado no país, segundo previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A entidade divulgou nesta quarta-feira que houve retração de 20% no financiamento para as empresas construírem no ano passado, enquanto aumentou em 22% o crédito para os mutuários comprarem a casa própria.
Para 2013, a Abecip está otimista e estima que as contratações devam subir 15%, chegando a R$ 95,2 bilhões ante R$ 82,7 bilhões em 2012. A associação cita a confiança do consumidor como um dos fatores que deverão impulsionar esse crescimento, assim como o aumento de renda da população, a queda na desocupação do trabalhador e as perspectivas de alta do Produto Interno Bruto (PIB). “Temos agora mais condições de crescer acima do ano passado. Os bancos, que estavam mais cautelosos para emprestar, se refizeram do susto”, afirma Teodomiro Diniz Camargos, presidente da Câmara da Indústria da Construção (CIC) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Diniz explica que o ano de 2012 foi de readequação para o mercado imobiliário, já que as construtoras vinham de número elevado de lançamentos. “As empresas passaram por um freio de arrumação", resume Octavio de Lazari Júnior, presidente da Abecip, ao se referir à queda nas operações das incorporadoras depois de enfrentarem problemas como atrasos de obras, estouros de orçamentos e cancelamentos de vendas ao longo de 2011 e 2012.
No ano passado foram financiadas 453,2 mil unidades, queda de 8,1% em relação às 492,9 mil unidades de 2011. A expansão das concessões de crédito imobiliário em 2012 foi de 3,6%. Apesar do número positivo, é 20,4% abaixo das projeções da Abecip, que esperava aumento de 30%, para R$ 103,9 bilhões no ano passado. O avanço nos financiamentos em 2012 foi o menor desde 2009, ano da crise internacional, quando teve alta de 13,3%. Em 2010 e em 2011, o volume de empréstimos subiu 65,2% e 42,2%, respectivamente. Em dezembro, o volume de contratações atingiu R$ 8,8 bilhões, alta de 7,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior
Estímulos
“Os dados devem ser avaliados dentro do contexto econômico do país. Começamos o ano com cenário positivo, que foi se deteriorando ao longo dos meses”, explica Iêda Vasconcellos, assessora econômica do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG). O crescimento do PIB, diz, era esperado em 3,3% para 2012 e deve fechar com 1%. “Tudo isso em função do cenário internacional. Mas as estimativas mostram que o país vai crescer mais este ano do que em 2012. E é preciso estimular a construção civil para impulsionar o crédito imobiliário”, afirma.
O valor médio de financiamentos cresceu de R$ 162 mil em 2011 para R$ 183 mil em 2012. A queda no número de unidades vendidas e o aumento no valor da concessão de crédito são explicados pela Abecip com a mudança no perfil do consumidor, que hoje busca mais espaço para lazer, em imóveis com terreno maior.