Elas não tinham uma boa reputação no passado. Eram associadas aos tradicionais chalés de madeira. Mas essa já é uma página virada. As peças pré-moldadas ou pré-fabricadas se tornaram uma boa opção para quem quer baratear os custos com habitação, facilitar o transporte dos materiais e diminuir o tempo da obra. Imagine ter sua casa prontinha em poucas semanas? É tentador. Hoje, as construções pré-moldadas não lembram em nada a aparência de quando surgiram. Atualmente, as peças são mais eficientes, flexíveis e adaptáveis, possibilitando ao futuro morador ter uma casa pré-fabricada com um projeto com os mais inovadores recursos tecnológicos disponíveis no mercado.
Versátil, o pré-moldado pode ser usado na construção de casas, apartamentos e espaços comerciais, como afirma Estela. “O funcionamento é feito por um sistema de encaixe: as paredes e vigas já vêm prontas da fábrica. Depois, basta direcionar o local e o encaixe das estruturas na obra”. As casas pré-fabricadas podem ser feitas de madeira ou concreto e o tamanho é definido pelo morador.
Também não há restrições quanto ao tipo de terreno onde a técnica pode ser empregada, segundo Jacques, “porque qualquer ajuste para construir uma casa no sistema convencional também será necessário para esse sistema. Portanto, o tipo de terreno não representa restrição ao sistema pré-fabricado, além do que, dependendo do material, pode ser mais leve do que o convencional, barateando o custo de ajuste do terreno.”
Entre as vantagens de optar por essa solução, Estela Netto destaca a agilidade na construção, a utilização de menos mão de obra e a limpeza. “Com esse sistema, há uma significativa diminuição do lixo no canteiro de obra. Além disso, como a mão de obra é especializada, há também uma redução do esforço físico”, informa. No entanto, a desvantagem é que ainda não há no Brasil profissionais especializados o suficiente para esse tipo de construção.
Jacques Lazzarotto diz que é mais barato construir casa pré-fabricada do que pelo sistema convencional. “Primeiramente, ela já esta pré-fabricada e, simplificando, é só juntar as peças. Depois tem o aspecto de que a montagem é muito rápida, podendo ocorrer num período de 30 a 45 dias se tudo estiver planejado e projetado.” Assim, há, indiretamente, uma grande economia, como observa o arquiteto, já que o novo morador pode entregar o imóvel que está ocupando
Já Estela Netto diz que o custo das construções com pré-moldados nem sempre é baixo. “Depende do tipo de edificação, porque isso tem a ver com a demanda. No Brasil, por exemplo, esse sistema é muito usado para projetos comerciais, então sai mais barato. Já para casas, que ainda não se usa tanto, é mais caro.”
Tecnologia na medida certa
Desenvolvimento de técnicas de construção eficazes impulsionam setor de pré-fabricados, o que agiliza a edificação de imóveis. Contratação de empresas especializadas é essencial
Os avanços nos processos de construção têm feito com que o sistema pré-fabricado seja cada vez mais uma realidade. Tanto é assim que o arquiteto Jacques Lazzarotto diz que é possível utilizá-lo não só em Belo Horizonte como também na região metropolitana sem nenhum problema. “O que influi e não causa necessariamente restrição por ser essa ou aquela cidade ou bairro, é o tipo de topografia, solo e clima. Mas hoje diversos recursos de isolamento termoacústico possibilitam a construção/implantação de casas pré-fabricadas em diversas regiões.”
Com tantas vantagens e para atender a promissora demanda de mercado dos pré-fabricados, a construtora e incorporadora Precon Engenharia desenvolveu a Solução Habitacional Precon. O diretor-executivo da empresa, Marcelo Miranda, explica que esse projeto é um diferencial no mercado, pois, ao contrário dos outros métodos construtivos habitacionais pré-fabricados, os empreendimentos têm estrutura com pilares e vigas – com paredes de vedação, sem função estrutural –, o que permite a alteração ou retirada de paredes, caso o morador deseje.
Um exemplo de empreendimento que está sendo construído com esse conceito é o Ville Barcelona, no Centro de Betim, na Grande BH. Segundo Marcelo, a implantação do sistema em habitações de baixa renda é um marco na construção civil. “Mostramos que é possível construir com sustentabilidade em empreendimentos populares. Levamos maior conforto e qualidade de vida à base da pirâmide brasileira”, destaca.
O Ville Barcelona garantiu à empresa o título de primeira do Brasil a ter um empreendimento do Programa Minha casa, minha vida certificado com o selo azul de sustentabilidade da Caixa Econômica Federal. Segundo Marcelo Miranda, a industrialização da construção, com a produção de componentes na fábrica, permite que muitas atividades do processo poupem recursos e, consequentemente, sejam mais limpa. “Durante a construção, geramos 80% a menos de resíduos ao compararmos com as construções convencionais, e nossa meta é reduzir ainda mais esse percentual.”
O sistema, com tecnologia própria da Precon Engenharia, virou caso de estudo da Fundação Dom Cabral por ser um marco na construção sustentável de moradias populares no país, de acordo com o pesquisador e professor associado da instituição Rafael Tello. “Os modelos pré-fabricados da empresa se destacam como uma nova solução para o desenvolvimento sustentável do Brasil”, afirma.
A expectativa da Precon Engenharia é de que, por meio desse modelo de construção habitacional, ela possa se tornar uma influenciadora de outros projetos importantes para segmento o segmento popular no país, que aliem industrialização e sustentabilidade. “Independentemente do porte ou do volume de negócios da empresa, é possível sair na frente e semear iniciativas como essa, em prol do desenvolvimento econômico do Brasil, meio ambiente e qualidade de vida da população”, destaca Marcelo.
Atenção ao planejamento
Para quem quer ter uma casa feita com pré-moldados, Jacques Lazzarotto diz que não há restrições construtivas. “Basicamente tudo é permitido. As restrições, que não chegam a comprometer a escolha nem o uso desse sistema, são a utilização de balaços, ou seja, vão livres ou a excessiva verticalização.” A arquiteta Estela Netto chama atenção sobre a padronização nesse tipo de sistema de construção. “Acho que uma casa precisa ser um projeto pessoal, pensado com as características estéticas do cliente”, destaca a arquiteta.
Para que um projeto como esse seja bem-sucedido, é preciso que o cliente conheça bem o sistema como usuário e veja “o orçamento que cabe no seu bolso, pois nesse sistema não é aconselhável parar no meio do processo, mesmo porque você compra a casa inteira. Não dá para ir construindo por parte como no sistema convencional”, diz Jacques.
Estela Netto diz que o que dá certo ao trabalhar com esse tipo de solução é investir no planejamento e não apressar o projeto. “Ele precisa ser muito bem pensado porque, se alguma coisa for projetada errada, não tem como voltar atrás, ao contrário do projeto convencional, em que se pode fazer ajustes.”
Quanto ao investimento, Jacques Lazzarotto diz que vai depender do sistema e da dimensão da casa. “O custo somente com a casa, excluídos o valor do lote, ajustes no terreno/topografia e base para recebê-la, pode variar de R$ 25 mil a R$ 30 mil para aquelas com metragem aproximada de 40 metros quadrados. Mas é possível encontrar casas com dimensões menores, do tipo de um flat, por valores próximos a R$ 20 mil.”
Incrementar a casa e construir um modelo próximo de um apartamento básico, com 80m², pode aumentar o custo para cerca de R$ 60 mil, segundo o arquiteto. “Com muitos aprimoramentos, como isolamentos mais encorpados e plantas mais complexas, é possível elevar esse valor para R$ 80 mil”, informa Jacques.
Como exemplos desses aprimoramentos, o arquiteto diz que variam de painel de concreto autoportante, blocos termoacústicos, aos mais sofisticados, como o steel frame revestido de painéis de madeira OSB ou MDF conjugado com chapas ou telhas metálicas, dando um estilo mais high tech. “Até painéis de gesso acartonado especial podem ser utilizados e são uma outra ótima opção.” Com tantos recursos, contar com a ajuda de um profissional é imprescindível para o sucesso da obra.
Palavra de especialista - Aço galvanizado
Márcia da Silva Batista, gerente da MG Sistema Construtivo
“Uma das soluções que vêm sendo muito utilizadas nas construções pré-fabricadas é o steel frame. O sistema utiliza perfis de aço galvanizado, placa cimentícia, drywall e lã de vidro. Seu uso em Belo Horizonte e na região metropolitana já abrange um grande mercado, como a construção de shopping centers (com o Estação BH, em Venda Nova), hotéis de luxo na Savassi, edificações comerciais e residenciais. Isso porque ele tem como vantagem a rapidez. Enquanto uma edificação em alvenaria demora um ano para ficar pronta, com o sistema é concluída em quatro meses. Durabilidade, conforto, rápido retorno de capital e versatilidade são outros exemplos. Além disso, há a sustentabilidade, já que possibilita a redução de desperdício de material no canteiro de obras e diminuiu o consumo de energia depois de pronta a edificação, devido a seu grande desempenho térmico. O que torna isso possível é o emprego dos perfis de aço galvanizado, que têm isolamento termoacústico e fechamento com drywall nas paredes internas. Por fora, o isolamento é garantido pelas ‘placas cimentícias’ e isolantes de umidade. Atualmente, considerado o mais moderno e confiável sistema de construção em países como Estados Unidos, Japão e Austrália, chegando a 90% das casas construídas, o steel frame também possibilita a elaboração de projetos criativos, que atendem os mais altos requisitos arquitetônicos.”