Cada vez mais a sustentabilidade tem chamado a atenção dos consumidores, a cada dia mais conscientes da importância do tema para a manutenção da vida no planeta. Além disso, essa preocupação significa economia nas despesas mensais, como contas de luz e água. Assim, cresce o número de condomínios que abraçam esse conceito. As perspectivas são de que esses projetos se tornem uma tendência, com o aparecimento de novos empreendimentos ecologicamente corretos.
Referência mundial em arquitetura, o venezuelano Fruto Vivas explica que um condomínio sustentável é aquele que tem todas as características ecológicas em uma edificação. “Dentro de uma alta lógica construtiva de economia de materiais, preservação permanente de reservas naturais e do meio ambiente, entre outras. Eles se caracterizam por se adaptar às regiões em que se encontram, com infraestrutura e qualidade que integram o homem à natureza.”
Adriana conta que a escolha dos fornecedores, dos materiais utilizados e até do posicionamento de um empreendimento produzem diferentes impactos. “Um planejamento bem-elaborado evita o desperdício, prioriza a utilização de materiais que agridem menos o meio ambiente e a saúde dos futuros moradores, reduz gastos com energia elétrica e aproveita melhor os recursos naturais.”
Dependendo da localização, padrão de acabamentos, público-alvo, características e exigências legais e da verba disponível para o investimento, entre outros aspectos, a lista de diferenciais de sustentabilidade pode ser abrangente, conforme observa a coordenadora de incorporação Masb Desenvolvimento Imobiliário, Bárbara Souto Soares. “E ações sustentáveis não somente são viáveis como imprescindíveis no mundo atual. Não podemos mais falar de negócios sem foco na sustentabilidade”, reconhece.
De acordo com Bárbara, o mercado exige, o consumidor espera e o colaborador merece esse posicionamento
Mas pensar sustentável nem sempre implica emprego de soluções inovadoras e de custo elevado. A troca de materiais pode surtir ótimos resultados, como demonstra o diretor da construtora Casa Mais Peterson Querino. “Como a fachada de vidro, que além de ser esteticamente bela é uma alternativa econômica. O vidro permite que a iluminação natural entre por mais tempo no ambiente. Assim, ele fica mais iluminado e as luzes artificiais podem ser acesas um pouco mais tarde.”
Uma das pessoas que valoriza essa e outras soluções adotadas pela Casa Mais é o administrador de empresas Christian Douglas, que comprou imóvel no Residencial Athenas, no Bairro Sagrada Família, Região Leste de Belo Horizonte.
Segundo ele, as características sustentáveis do empreendimento influenciaram na decisão de fechar o negócio: “É um diferencial ao qual a gente tem que dar importância, tanto nos pequenos quanto nos grandes detalhes. Como consumidor, é importante. Isso porque penso num futuro mais próspero para meus três filhos.”
Por um mundo melhor
Algumas técnicas construtivas sustentáveis ficam entre 5% e 10% mais caras do que as convencionais
Outros sistemas que caracterizam esses empreendimentos são a adoção de pisos mais permeáveis nas vias de pedestres e veículos. “E, quando possível, a inclusão de ciclovias e passeios largos e acessíveis nos projetos para incentivar os transeuntes e ciclistas a ocuparem as ruas dos condomínios, bairros e cidades”, completa Flávio Negrão. Segundo o arquiteto Fruto Vivas, esses recursos são acessíveis e viáveis a todas as pessoas, independentemente de classe social. “O sustentável pertence a todos nós. Não há sustentabilidade somente para pobres ou para ricos. Necessitamos da resposta de qualidade de vida a todos os usuários dos condomínios, sem distinção.”
Para as incorporadoras, também é um bom negócio investir nesse tipo de construção, conforme Fruto. “Pois agregam-se valores ao empreendimento e isso é percebido pela população, que anseia por qualidade de vida aliada à preservação do meio ambiente. A adoção de práticas sustentáveis é cada vez mais difundida nos diversos segmentos da economia brasileira e a construção civil é um deles.”
Além disso, algumas ações, como o reaproveitamento de água de chuva, aquecimento solar e redução do desperdício de materiais, demandam, principalmente, planejamento, mais do que investimento. “Isso porque durante a própria obra é possível economizar ao fazer uso dessas ações”, explica Adriana.
Peterson Querino cita, ainda, o uso do ecogranito, tecnologia inovadora voltada para o revestimento de elementos de vedação e estruturais, como um dos sistemas que pode ser utilizado em prol da natureza. “Esse produto reduz muito o impacto no meio ambiente. Além disso, como tem boa durabilidade, o cliente terá baixo custo com manutenção no futuro”, conta o diretor. Outra solução utilizada pela Casa Mais é a instalação de medidores individuais de água. “Essa medida gera, em média, economia de 40% na conta de água segundo a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic)”, completa.
“É uma tendência que virou moda e veio para ficar. Não podemos deixar para as novas gerações a ocupação das cidades que não leve em consideração os conceitos de sustentabilidade presentes nesses novos modelos de condomínios e que se insere na proposta de se viver num mundo mais insustentável.”
Quanto ao custo para construir dentro desse conceito, Flávio diz que varia de 5% a 10% a mais do que os modelos convencionais. “Mas a diferença pode ser recuperada ao longo do processo de ocupação com a economia no consumo de água, energia e na qualidade ambiental implícita nesse modelo de vida”, explica o especialista.