Lazer completo não se resume mais a quadra, piscina e salão de festas. As construtoras que querem atrair famílias para os empreendimentos apostam em uma série de itens voltados para crianças de todas as idades. Vão desde uma simples brinquedoteca até lan house e cinema. Como representam comodidade e segurança para os pais, os espaços infantis passam a ser decisivos na hora da compra.
Quando o filho estava para nascer, o engenheiro civil Bruno Avellar Rosa Alvarenga, de 35 anos, trocou um apartamento só com salão de festas por um verdadeiro resort. “Falo que é igual a uma creche. Meu filho acaba tendo convivência com outras crianças e espaço para dissipar energia, o que é muito importante para ele. Se fosse no prédio antigo, ia ficar preso em casa”, diz. Além de brincar diariamente no espaço kids, o menino usa a piscina infantil para fazer aulas de natação com professor particular, o que facilitou a vida dos pais, que teriam que mudar a rotina para levá-lo até a academia mais próxima. Satisfeito com a escolha, Bruno não se imagina morando em um prédio sem área para o filho se divertir.
O gerente de vendas da Somattos Engenharia, Aurélio Rezende Nogueira, vendeu a cota do clube e se mudou para um prédio com infraestrutura de lazer. Diante da falta de tempo, ele revela que os clientes também seguem a tendência: querem morar em um apartamento que ofereça diversão e promova interação. “Antigamente, criança era vista como problema para o condomínio, hoje elas são elo
Todos os projetos da Somattos voltados para família têm área de lazer e o gerente de vendas ressalta que a construtora sempre pensa na comodidade dos pais. Em um novo empreendimento, espaço gourmet e academia serão fechados com vidro para que os adultos aproveitem os espaços enquanto ficam de olho nos filhos. “Ao longo dos anos, a cobrança do comprador tem sido cada vez maior. Em função da violência, ele quer que a criança tenha opções de lazer em casa”, pontua o diretor comercial e de marketing da construtora Patrimar, Lucas Guerra. Em um prédio no Buritis, serão oferecidos mais de 30 itens de lazer, incluindo cinema, espaço de jogos (com videogame), praia artificial, casa na árvore e pista de velotrol. Como são 196 unidades, os custos acabam sendo diluídos entre um número maior de condôminos.
ITENS ESSENCIAIS
Pensando na diversão dos pequenos moradores, a Even Construtora e Incorporadora sempre acrescenta espaços infantis nos empreendimentos. “Isso faz parte dos itens que o cliente enxerga como essenciais”, analisa o diretor da empresa em Minas Gerais, Fabiano Delvaux. Entre as novidades está um salão de festas construído especialmente para as crianças, com decoração temática e materiais escolhidos para evitar acidentes, como piso emborrachado e lousas nas paredes.
Há mais de 20 anos no mercado imobiliário, a empresária Mirian Dayrell percebe que a oferta de empreendimentos com espaços infantis tem crescido para atender principalmente a demanda de recém-casados e casais com filhos pequenos
Condomínio resort em alta no mercado
Imóvel com completa área de lazer, que permita contratar profissionais para recreação e aulas particulares, tem grande procura em Belo Horizonte
Costa não tem dúvida de que a área de lazer valoriza um imóvel. Por outro, ele alerta que o espaço costuma ser o maior responsável por conflitos entre os vizinhos. Geralmente, as queixas estão relacionadas ao barulho das crianças. Para o vice-presidente do Secovi/MG, à medida que os problemas surgem, os moradores devem elaborar o regulamento de utilização da área comum, mas ele pede cautela, pois teme que o excesso de imposições acabe inviabilizando com o tempo a utilização do espaço, o que já ocorreu em alguns condomínios daqui. “Defendo o mínimo possível de regras. Enquanto existir tolerância e bom senso, a convivência será fantástica”, pontua.
Sempre que possível, a engenheira especialista em projetos Izabel Souki mantém a área de lazer mais distante do prédio. O problema é que nem sempre o terreno é suficientemente grande para proporcionar o afastamento. “Onde tem criança tem barulho. Os moradores do primeiro andar precisam se lembrar disso na hora de escolher o apartamento”, indica. A solução que a especialista aponta para evitar que as brincadeiras incomodem os vizinhos é investir em isolamento acústico. É comum usar projetos de sonorização em espaços conhecidos como garage band, em que as crianças podem tocar instrumentos musicais sem gerar desconforto para os outros moradores.
SAIBA MAIS
Síndico mirim
Ainda pouco visto em Minas, o ocupante do cargo geralmente é eleito em uma votação entre as crianças do prédio. Além de garantir que os pequenos vizinhos obedeçam às regras da área comum e não danifiquem o patrimônio do condomínio, o síndico mirim também é responsável por encaminhar aos adultos sugestões para criar novos espaços de diversão ou melhorar os já existentes. A ideia é minimizar conflitos entre os moradores, facilitando a convivência dos mais velhos com as crianças.