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Cresce investimento do mercado imobiliário em prédios e apartamentos compactos

Construtoras apostam em empreendimentos com poucas unidades em bairros tradicionais de Belo Horizonte, onde há escassez de terrenos

Sara Lira
Para Thiago Xavier, da Conartes Engenharia, demanda por esse tipo de imóvel em regiões com infraestrutura completa é crescente - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

A procura por imóveis em regiões adensadas da capital é constante, principalmente no que se refere à Região Centro-Sul. Mas como a oferta de terrenos nessas áreas tem se tornado escassa, as construtoras têm investido em uma modalidade cada vez mais comum: a de prédios e apartamentos compactos. Tratam-se de empreendimentos com número reduzido de unidades – média de 10 a 20 –, ou com apartamentos de metragem reduzida, mas com toda a estrutura e acabamento de um prédio voltado para as classes média alta e alta.

Segundo o diretor da Castelo Engenharia, Felipe Filgueiras Valle, a empresa concluiu um prédio nessa modalidade no Bairro Lourdes e tem previsão de entrega para o próximo ano de outro empreendimento na Serra. Ele afirma que a ideia de construir os prédios nesses padrões se deu após observar a grande procura por prédios menores em número de apartamentos em regiões adensadas. “Percebemos que essa era uma demanda dos nossos clientes. Normalmente são prédios construídos nos bairros mais tradicionais de Belo Horizonte onde a escassez de terreno está grande”, afirma.

O gerente de comunicação da Conartes Engenharia, Thiago Xavier Gonçalves, empresa que também investe em construções nesse padrão, destaca que o grande diferencial de morar em um empreendimento do tipo é estar em um lugar com infraestrutura completa e bem próximo de regiões comerciais. “Ao escolher um lugar para morar, a maioria das pessoas leva em conta quesitos como a vista, o conforto e a localização, com comércio e serviços próximos, além da facilidade de acesso. Porém, a oferta de imóveis está cada vez mais rara nas regiões que oferecem essas vantagens, principalmente nas grandes cidades. Faltam terrenos vazios nas áreas mais adensadas e a solução das construtoras tem sido investir em prédios menores para atender essa demanda” diz
. Um dos empreendimentos do tipo está em fase de construção no Bairro Serra, com previsão de entrega para 2015.

O representante da Castelo completa ainda que, entre as vantagens, está a privacidade no que se refere ao número de vizinhos. “São prédios com toda a infraestrutura de um maior, mas com menos vizinhos, o que aumenta a privacidade e a segurança, uma vez que são menos pessoas entrando no prédio”, explica.

Esses prédios estão localizados, em sua maioria, na Região Centro-Sul da capital, em bairros como Lourdes, Serra, Funcionários, Savassi, Santo Agostinho, entre outros. Segundo Felipe, o público que mais procura por esse tipo de empreendimento são casais com filhos pequenos. “Eles buscam mais praticidade no dia a dia, dão preferência às regiões que ofereçam boa infraestrutura urbana e um ambiente de condomínio que privilegie a interação social com os vizinhos. E prédios compactos aproximam mais as famílias, por serem poucos condôminos.”

TENDÊNCIA

A servidora pública Letícia Fabel, de 27 anos, mora em um apartamento compacto há dois anos. O prédio tem 30 apartamentos, mas eles são menores, com média de 71 metros quadrados. Ela conta que optou por imóvel pequeno porque vive apenas com o marido e o espaço menor atende mais às necessidades do casal. Além disso, ela tinha o desejo de morar no Bairro de Lourdes. “Somos apenas eu e meu marido e não precisávamos de um espaço muito grande. Eu não queria manter uma empregada fixa, por isso, manter a organização de um apartamento menor é mais fácil
. Eu também pretendia morar no Lourdes e esse menor era mais acessível financeiramente para as minhas condições”, salienta.

Para os representantes das construtoras, o investimento em prédios menores é uma tendência que pode aumentar. “A escassez de terrenos é uma das grandes influenciadoras porque sempre haverá quem quer continuar morando em imóveis mais exclusivos em regiões mais nobres. Acredito que o mercado continuará bastante aquecido”, sugere o diretor da Castelo Engenharia. “Nesse tempo de insegurança, correria do dia a dia e trânsito cada vez mais caótico, o interesse por morar nessas regiões cresceu consideravelmente nos últimos anos e tende a aumentar a cada dia”, garante Thiago Xavier, da Conartes Engenharia.