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Fachada limpa mantém o imóvel valorizado, mas cuidado deve ir além da estética

Manter a fachada do prédio limpa e bem conservada aumenta a vida útil do edifício e o torna mais atraente em caso de negociação

Celina Aquino
- Foto: Eduardo de Almeida/RA Studio

Em qual prédio você compraria um apartamento: o que está com sujeira aparente ou um com a fachada impecável? Não há como negar que um edifício bem conservado é mais atraente aos olhos do mercado imobiliário, mas manter a sua estrutura limpa não deve ser apenas uma preocupação estética. Ao longo do tempo, os resíduos se depositam no revestimento da fachada, que serve para impedir a entrada de água, e podem danificar o material e até provocar infiltração. Aproveite que a temporada de chuvas não chegou para checar se o seu prédio precisa de reparos.

Não existe um intervalo definido para a limpeza de fachada. O presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Frederico Correia Lima, informa que o prazo depende do tipo de revestimento do prédio (pintura costuma exigir um intervalo menor que cerâmica e pastilha) e a que tipo de substância ele está exposto (maresia e poluição reduzem o tempo entre uma lavagem e outra). “Se for feita de forma correta, a limpeza vai ser muito benéfica para a vida útil da edificação”, alerta. Cloro, por exemplo, não é o produto mais indicado, pois pode danificar a estrutura.

Síndico profissional, Rodrigo Bragança Nascimento convoca reunião quando há necessidade de limpeza da fachada para que o patrimônio não sofra depreciação - Foto: Jair Amaral/EM/D.A PressO sócio da Milenar Reformas Prediais Marcelo Henrique Felipeto explica que, na limpeza, são usados um jato de alta pressão (hidrojateamento), responsável por tirar todo tipo de sujeira que está impregnada na superfície, e um xampu de fachada, que ajuda a remover os resíduos. Em prédios revestidos com vidro a lavagem é a seco: basta borrifar um produto específico e fazer a remoção com rodo. O valor do serviço varia de acordo com as características do edifício, mas, em média, gasta-se entre R$ 15 mil e R$ 30 mil. “É sempre melhor fazer manutenção preventiva. Com a limpeza você consegue detectar problemas no rejunte, que podem provocar queda do revestimento quando vem a época de chuva,”, destaca.

Administrador de 26 prédios em Belo Horizonte, o síndico profissional Rodrigo Bragança Nascimento sempre convoca assembleia com os condôminos quando percebe a necessidade da limpeza. “As pessoas começam a se sentir incomodadas e isso vai depreciando o patrimônio, então concordam em investir para manter o imóvel valorizado”, ressalta
. A sujeira na fachada do Shopping 5ª Avenida, por exemplo, escondia um problema de infiltração. Graças à manutenção periódica, Nascimento solicitou a vedação das esquadrias de alumínio antes da lavagem do concreto e dos vidros.

RACHADURAS

A limpeza realmente pode ser uma boa oportunidade para conferir se não há nenhum problema na fachada, diz o presidente do Ibape. Antes de iniciar o serviço, Lima sugere procurar trincas ou fissuras na pintura, que podem se transformar em rachadura com a pressão da água. No caso de prédios com cerâmica ou pastilha, é importante avaliar o espaço entre as placas, que é o local mais frágil para receber o jato de água, e a peça em si. Quando ela emite um som oco, é sinal de que não está totalmente presa. “Isso mostra que a peça pode cair a qualquer momento. Imagine uma cerâmica caindo do 10º andar: ela chega no chão com 500 quilos e pode matar uma pessoa”, observa.

Antes de limpar a fachada, também é recomendado verificar as esquadrias das janelas, pontos favoráveis à infiltração, observar se a água que sai das máquinas de ar-condicionado está escorrendo pelo revestimento e analisar o escoamento da água da chuva nas coberturas. Os defeitos podem danificar a estrutura da fachada e até a área interna dos apartamentos.
- Foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press
Na opinião do proprietário da Frontal Serviços, só lavar a fachada não resolve o problema. Por isso, Maurício Riedel considera a limpeza uma das cinco etapas do processo de impermeabilização. Aplica-se primeiro silicone nas esquadrias de alumínio, onde grande parte das infiltrações são originadas, retiram-se os rejuntes danificados, verifica-se se há alguma peça solta e por último coloca-se um impermeabilizante à base de água nas emendas
. A fachada, então, fica revitalizada. “É preciso evitar que o apartamento seja danificado por infiltração. Deixar estragar desvaloriza o imóvel e dificulta sua venda.”