A frota de carros de Belo Horizonte dobrou em nove anos, passando de 795,6 mil veículos, em julho de 2004, para 1,56 milhão no mesmo mês deste ano. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), cerca de 288 veículos são emplacados por dia na capital. Com tantos automóveis nas ruas, fica evidente a dificuldade de conseguir um estacionamento quando se vai ao médico, ao supermercado, ou para resolver qualquer outro assunto fora de casa. Por isso, prédios comerciais têm investido numa modalidade de estacionamento que pretende facilitar a vida de quem compra uma sala ou pavimento no estabelecimento – bem como de seus futuros clientes.
A proposta do estacionamento com vagas rotativas é praticamente autoexplicativa: os espaços não têm dono e podem ser ocupados por quem frequenta o prédio. Assim, não existirá o problema de ter vaga vazia e um motorista precisando de estacionamento. Alguns estabelecimentos reservam algumas vagas para proprietários das salas.
A Conartes Engenharia é uma das construtoras que investem na modalidade nos empreendimentos comerciais que tem lançado. Parte das vagas é para os proprietários das salas e as outras para o público que vai frequentar aquele espaço. “Hoje, é impensável criar um empreendimento sem vagas rotativas. Quando a gente vende uma sala ou um pavimento, além de ter uma vaga para uso próprio a pessoa terá a comodidade de oferecer ao cliente o estacionamento. Essas vagas rotativas são do prédio e quem o acessa pode usá-las”, explica Thiago Xavier Gonçalves, gerente de comunicação da Conartes.
Segundo ele, um prédio com vagas de garagem pode valer até 40% mais do que um que não tem
Mas estabelecimentos comerciais em bairros novos também têm sido construídos com essa proposta. Segundo o diretor comercial do Vila da Serra Empreendimentos Imobiliários, Luiz Hélio Lodi, a empresa vai lançar a terceira fase de um edifício comercial com vagas rotativas no Bairro Vila da Serra. A proposta é atender a demanda do comércio crescente na região. “No caso do Edifício Atlanta são 290 vagas de estacionamento e você vende o direito de uso da vaga. Assim, quem vai ao prédio tem o direito de estacionar o carro dele em qualquer uma das vagas. Tem uma estatística de que em todo prédio há pelo menos 20% de ociosidade e o estacionamento com as rotativas otimiza o uso”, afirma.
Lodi explica que, dessa forma, o estacionamento poderá gerar renda para o condomínio, uma vez que quem não tem o direito de uso terá que pagar ao usar. “É bom para o condomínio e para o proprietário, que tem a vaga dele e aumenta a possibilidade de o cliente poder estacionar também. É importante dizer que isso tudo é regulado pela convenção de condomínio do prédio e quando a pessoa compra a unidade ela sabe que vai funcionar dessa forma.”
FACILIDADE
O empresário José Renato Lara adquiriu um andar em um edifício no Bairro Belvedere há quase quatro anos. A empresa de comunicação dele funciona no espaço, que conta com vagas privativas e rotativas
No espaço em que funcionava o escritório antigo não tinha estacionamento com área suficiente para isso. Atualmente, ele conta com três vagas privativas e o restante é rotativa. “Isso é um fator que ajuda, pois valoriza o prédio e o seu empreendimento, na medida em que o cliente tem o conforto de parar no seu prédio. Representa um ganho mesmo”, diz.
De acordo com o diretor das incorporadoras da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Gilmar Dias dos Santos, o estacionamento rotativo é uma tendência porque cria uma mobilidade maior, pois caso contrário a vaga fica engessada para um único usuário. Isso dá a oportunidade de várias pessoas utilizarem esse espaço. “É um modelo de negócio bem recente e tem crescido em função da maior procura por vagas, pois à medida que aumentou a frota aumentou também essa demanda.”
Segundo Gilmar Santos, quase todos os empreendimentos maiores contam com vagas privativas e rotativas divididas de igual modo, número que pode variar em cada prédio. Ele afirma que a oferta desses estacionamentos pode até mesmo valorizar o estabelecimento em uma venda futura.