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Casa afastada da rua resguarda bela arquitetura que se revela em vidro e curvas

Volumetria e um pavilhão suspenso dão forma a distribuição espacial fluida e generosos planos ao ar livre nesta morada em Singapura

Joana Gontijo
- Foto: Patrick Bingham Hall/Divulgação

No projeto desta casa no Sudeste Asiático, as curvas não surgem por um mero capricho arquitetônico. O conceito começou com um bloco em L, mas a decisão de suavizar a geometria, por causa dos vizinhos, fez nascer um belo, imponente e sinuoso pavilhão. Anexo ao volume linear frontal à rua, a estrutura suspensa em pilotis se abre ao jardim central em amplos panos de vidro, e integra a construção ao grupo do bairro. Localizada em Singapura, a Screen House tem 590 m² e assinatura do escritório K2LD Architects.

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Segundo os responsáveis pela obra, a ideia foi recuar o imóvel em relação aos dois vizinhos diretos (uma casa colonial e outra cúbica), a fim de preservar uma certa distância que respeita o entorno. Aqui, os arquitetos aparecem praticando um tipo de contextualização arquitetônica tipicamente vista no cenário urbano, especialmente quando há nas edificações um caráter histórico, por onde o projeto se difere deste panorama, mas não pode ser entendido sozinho ou isolado – só adquire significado quando entendido em relação ao conjunto.

Este recuo proposital faz parte da estratégia de misturar a residência à paisagem natural. Desta maneira, pela entrada a cobertura apoia-se em uma fileira de altos e esbeltos pilares de aço; no jardim, ela avança para desenhar um deck de madeira, que ladeia a piscina e lá é sustentado em três colunas, também em aço. As paredes envidraçadas do pavilhão curvilíneo e o segundo pavimento do bloco linear receberam a proteção de delicadas telas de madeira. Esta especificação forneceu às superfícies tom mais quente e um senso de escala, fazendo da transparência pura um elemento translúcido, ao mesmo tempo que preserva o interior da insolação direta.

O volume principal reúne divisões menores que sobrepõem escolhas variadas, como concreto texturizado, granito e madeira, celebrando o potencial expressivo e a beleza instrínseca a esses materiais
. A rica paleta de acabamentos e revestimentos reforça a proposta da união com a natureza, indicando também características culturais dos projetistas. O profissional que centralizou os processos construtivos é conhecido por sua empatia com as tradições estéticas japonesas, das quais é grande admirador depois de ter passado um ano trabalhando naquele país, logo no início da carreira.
- Foto: Patrick Bingham Hall/Divulgação
Uma distribuição fluida consolida usos flexíveis das principais áreas da morada, como as salas de estar e jantar, além dos ambientes familiares. As divisórias entre os quartos deslizam e podem ser escondidas para se adaptar às funções exigidas. Corredores tornam-se passagens de 3,6 m de largura, como extensão da área de brincar das crianças. O porão configura-se para ser um grande espaço com vão livre, ideal para a realização de festas, quando os convidados poderiam ter uma vista panorâmica da zona de lazer e até desfrutar de uma pista de boliche.
- Foto: Patrick Bingham Hall/Divulgação