O sonho de morar em uma cobertura está cada vez mais próximo da realidade em Belo Horizonte. Com o aquecimento do setor da construção civil, observa-se aumento na oferta de apartamentos com área descoberta que oferecem privacidade, conforto e segurança nas alturas por preços mais acessíveis – dependendo da localização, alguns podem custar menos de R$ 200 mil. Comprar a unidade mais valorizada de um prédio, portanto, deixou de ser uma conquista impossível.
A maior facilidade de comprar uma cobertura, segundo o diretor da Resimóveis Netimóveis, Antônio Xavier, é justificada pelo melhor aproveitamento do terreno nos empreendimentos, principalmente fora da zona sul, o que possibilita a oferta de um número maior de unidades no topo. Com o novo conceito de projeto, em que várias torres são construídas ao redor da área de lazer, é possível encontrar mais de 20 coberturas disponíveis em um mesmo condomínio, deixando o sonho de consumo mais em conta para os belo-horizontinos que não moram na região mais valorizada da cidade.
Xavier aponta, ainda, outra razão para o apartamento do alto estar mais acessível: o preço do condomínio. Juízes em todo o Brasil têm dado ganho de causa a proprietários de cobertura que entram na Justiça reivindicando o mesmo valor da taxa para todas as unidades, o que pode levar a uma nova lógica de cobrança. “Existe a cultura de cobrar o condomínio de acordo com a fração ideal. Como tem quase o dobro da área, a cobertura paga o dobro, o que não justifica, porque o morador usufrui das áreas comuns, como elevador, garagem e área de lazer, igual aos outros”, analisa. O corretor conta que muitos clientes já desistiram de comprar uma cobertura por causa do valor do condomínio, por isso ele entende que a consequência natural disso é atrair mais compradores.
Para o diretor da Setorial Imóveis, Alcides da Silva Ramos Filho, a mudança nas regras de utilização do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – o consumidor agora pode usar o dinheiro para adquirir imóveis de até R$ 750 mil – vai facilitar ainda mais a compra de cobertura, que normalmente custa 50% a mais que o apartamento tipo. Na Região Oeste, onde a imobiliária atua, há muitas opções. Por R$ 700 mil pode-se negociar uma cobertura nova com três quartos no Nova Suíça.
Alcides da Silva também oferece apartamentos usados, que chegam a ser 20% mais baratos, mas ele lembra que é preciso avaliar o estado geral do imóvel antes de assinar o contrato. No Jardim América, por exemplo, uma cobertura de três quartos construída há oito anos custa R$ 550 mil
PRIVACIDADE
Comprar uma cobertura não estava nos planos da arte-educadora Mailine Bahia Fernandes, de 29 anos, mas ela logo percebeu que conseguiria morar no apartamento dos sonhos com mais R$ 40 mil. “É maravilhoso não ter vizinho em cima nem do lado, poder tomar sol da manhã, criar bichos e convidar amigos para uma festa à noite em um lugar prazeroso. Como é o único prédio do quarteirão, tenho vista definitiva para a Serra do Curral”, diz a compradora do imóvel no Bairro Padre Eustáquio. Mailine agora está mais perto do sonho de morar em uma casa.
De acordo com o diretor da Resimóveis Netimóveis, os clientes que querem morar em uma cobertura geralmente planejam dar um upgrade na moradia. Para eles, Xavier oferece uma grande quantidade de apartamentos novos. Entre os mais baratos está uma unidade de R$ 185 mil no Bairro Camargos, com dois quartos, uma vaga de garagem e terraço descoberto. Já no Buritis, um imóvel de dois quartos, varanda, uma vaga e terraço com banheiro e ducha vale R$ 320 mil.
Na visão do diretor da Fibracon Construtora, Eustáquio Cunha Peixoto, as empresas da construção civil estão investindo mais em coberturas, já que elas valorizam o empreendimento e se tornam um diferencial para qualquer lançamento. “É um apartamento supercobiçado pela comodidade e qualidade de vida que a área proporciona, além de ser menos devassado, ter menos vizinhos ao redor e as melhores vagas na garagem. Você pode reunir os amigos, fazer barulho que não vai incomodar o andar de cima e ter a segurança que uma casa não proporciona”, enumera.
Nos últimos empreendimentos da Fibracon, as coberturas foram das primeiras a serem comercializadas