Exercer o papel de síndico é algo que muitas pessoas evitam. E quem já ocupa o cargo diz enfrentar problemas recorrentes devido à máxima “é difícil agradar a todos”. Morar em um prédio e ficar à frente dos problemas que ocorrem nele, enquanto esses mesmos problemas podem ter sido causados pelo vizinho, é uma situação desconfortável para muita gente. Para evitar desgastes desnecessários, uma modalidade que tem sido adotada por muitos condomínios é contratar um síndico profissional.
Tudo funciona normalmente: o profissional é responsável por representar o edifício jurídica e administrativamente, realizar a manutenção das áreas comuns do prédio, zelar pela situação estrutural e manutenções em geral, gerenciar funcionários e promover o bem estar entre os moradores. A diferença é que o síndico profissional é contratado por uma empresa e não é morador do edifício. Para o diretor da GR Assessoria Especializada, empresa que oferece esse tipo de serviço, Guilherme Gonçalves, a vantagem é que o profissional terá mais tempo para cuidar das questões relativas ao condomínio.
“A função e a profissão dele é ser síndico do prédio. Já o morador síndico tem outra profissão, outras responsabilidades e ele vai cuidar disso primeiro, para, no tempo livre, observar as necessidades do prédio. Outro ponto é que pode acontecer um imprevisto e o síndico não estar no condomínio naquela hora. No caso do profissional, ele fica de plantão para o que precisar resolver. Há ainda aqueles moradores que têm o tempo mais disponível, mas não o conhecimento necessário para lidar com problemas mais complexos, relacionados à lei do condomínio, por exemplo”, explica.
Outro lado positivo que Gonçalves destaca é de que o profissional pode agir com mais imparcialidade ao resolver questões do condomínio
Ele explica que não é exigida uma formação específica para ser síndico profissional, mas normalmente, quem se dispõe a desempenhar a atividade são pessoas da área do direito ou da administração. Antes de prestar o serviço ele passa por um treinamento na empresa. O custo mensal para manter um síndico profissional varia de acordo com o tamanho e estrutura do prédio. Mas para um edifício básico – em torno de seis apartamentos e sem elevador – o valor fica em torno de R$ 500.
COMODIDADE
O perito contábil Dalton Carvalho de Freitas, de 39 anos, já foi síndico do prédio em que mora. Ele conta que chegou a enfrentar alguns problemas por estar à frente do edifício. “Você precisa ser mais rigoroso para cumprir as normas do condomínio e garantir a harmonia, mas infelizmente acaba desagradando a alguns condôminos”, explica. Depois da gestão dele outros moradores também ocuparam o cargo, mas recentemente optaram por contratar um síndico profissional. “Recebi essa indicação, fui pesquisar sobre e fazer orçamentos
Ele lembra que no início houve uma certa resistência por parte dos moradores devido ao custo mensal no orçamento do condomínio, mas que no final eles decidiram aceitar, “até mesmo porque outros condôminos não queriam assumir a vaga mais”, afirma. Segundo Dalton, até a convivência entre os moradores melhorou. “Isso trouxe mais harmonia e evitou novos desentendimentos. O síndico está lá há apenas duas semanas, por isso os moradores estão ainda no processo de adaptação. Mas acho que tem tudo para dar certo.”
O síndico profissional Sandro Cunha foi quem assumiu o cargo no prédio em que Dalton mora. Ele administra outros nove edifícios e diz que a função requer muito compromisso e responsabilidade. “Faço o acompanhamento de todos os serviços prestados nos prédios e sou responsável por gerenciar toda a manutenção. Quando vamos fazer assembleias com os moradores, lançamos o edital com prazo determinado pela convenção e no dia presidimos a reunião. É um serviço trabalhoso porque requer acompanhamento sistemático”, afirma.