A estratégia de todo investidor é diversificar. O empresário Edson Sabino, de 55 anos, não deixa de seguir a regra, apesar de ter a certeza de que os imóveis dão mais rentabilidade do que o mercado de finanças e ações. Ele é um dos mineiros que aplica o dinheiro em pré-lançamento de condomínios e loteamentos, com o privilégio de escolher na frente o terreno e dobrar o valor do investimento a longo prazo. Apostando no Vetor Sul, onde considera maior a procura, Sabino está sempre de olho nas novidades. “Fiz um mapeamento de helicóptero seguindo os novos horizontes. Quando apareceu o empreendimento em São Sebastião das Águas Claras (distrito de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também conhecido como Macacos), desci de paraquedas e entrei no meu imóvel”, brinca. “O pulo do gato é ficar antenado para ver onde estão as tendências.”
Se a oportunidade de apostar primeiro em um empreendimento pode ser atrativa para os investidores, é ainda mais interessante para as empresas do mercado imobiliário. “O investidor entra praticamente como sócio. Normalmente, ele compra à vista e ajuda o empreendedor no momento em que mais se gasta, que é quando as obras de infraestrutura são executadas”, comenta o presidente do Grupo Morada Imóveis, Aroldo Rodrigues. Antes do lançamento oficial, ele costuma convidar um grupo para investir no loteamento com condições especiais de pagamento. No Condomínio Metropolitan Business Center, em Lagoa Santa, 10% dos lotes foram vendidos com descontos de 20%.
Na visão de Rodrigues, as vantagens para o investidor são comprar os lotes mais bem posicionados e ter um ganho maior que os outros compradores, pois ele entra no início do empreendimento
RENTABILIDADE
É uma parceria ganha-ganha. Assim define a relação entre o investidor e a empresa o diretor da Neo Urbanismo, Carlos Eduardo Battesini Pereira. “A pessoa ajuda a impulsionar o empreendimento e consegue uma condição de preço muito melhor”, pontua. Para o Reserva Águas Claras, condomínio de alto padrão em Macacos, há uma lista de 80 interessados em comprar um dos 170 lotes como investidores. O lançamento ocorrerá daqui a dois meses e os preços ainda nem estão definidos. Pereira acredita que quem investir logo no começo do empreendimento deverá se beneficiar de uma enorme valorização, pois o distrito de Nova Lima vai passar por um processo de revitalização.
Pensando em atrair mais investidores para o mercado imobiliário, o GVU lançou no mês passado o programa Privilège. A empresa assume o compromisso de comprar de volta o terreno, caso o cliente queira transformar o investimento em dinheiro, no prazo mínimo de três anos, pelo preço de mercado da época da negociação, garantindo a liquidez do produto. O investidor também tem direito à portabilidade: ele pode trocar seu imóvel por outro lote em qualquer um dos 15 empreendimentos, grande parte na Grande BH, caso avalie que conseguirá alcançar maior valorização. A regra vale para quem adquirir unidades de qualquer valor, que varia de R$ 70 mil a R$ 400 mil.
CONCENTRAÇÃO
O vice-presidente da área de loteadoras da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Jader Nassif, entende que a valorização dos loteamentos é motivada pelo fato de a demanda ser maior que a oferta. Há casos de empreendimentos 100% vendidos em um período recorde de 30 dias. Em Minas, a maior rentabilidade está no mercado de terrenos voltados para quem quer sair das grandes cidades. “O foco do investidor são os empreendimentos de primeira moradia, onde as pessoas vão ter segurança, contato com a natureza e a volta do relacionamento com a vizinhança. É um jeito de viver cristalizado na região metropolitana.”
De acordo com Nassif, as opções hoje estão concentradas no Vetor Norte (Lagoa Santa, Vespasiano, Pedro Leopoldo e Jaboticatubas, chegando a Sete Lagoas) e no Vetor Sul (basicamente Nova Lima, Brumadinho e Itabirito). Já Betim e Sarzedo começam a se transformar em boas opções para a população de Contagem.
Otimista com o mercado imobiliário, o empresário José Ricardo Eustáquio Ballesteros, de 36 anos, enxerga os terrenos como um capital futuro interessante. “Não vai surgir nenhum outro continente e a tendência da população é só aumentar”, justifica. Para ele, que já investiu em apartamentos, os loteamentos ainda levam vantagem porque o custo de manutenção é baixo.