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BH ganha loja com projeto arquitetônico 100% verde

Sandra Corrêa decidiu inovar nas novas instalações da Tetum: toda a construção do imóvel respeita conceitos de sustentabilidade e visa conquista de selo de certificação inédito no Estado

Laura Valente
Projeto privilegia matérias-primas especiais como vidros que bloqueiam até 70% da incidência de calor - Foto: Tetum/Divulgação

Sandra Corrêa não é novata no comércio de mobílias e adornos para decoração: a Tetum, empresa da qual é proprietária, completa 30 anos de mercado no ano que vem. Até parece que para comemorar o feito ela decidiu trazer para a cidade um projeto inovador, de conceito totalmente sustentável, que pretende conquistar o selo LEED Retail do Green Building Council Brasil, considerado o mais importante certificado internacional do segmento, inédito em Minas Gerais e pioneiro em todo o Brasil. Mas não tem nada a ver: durante pesquisas para a mudança de endereço, a empresária encontrou um terreno com quase 2 mil metros quadrados na Rua Grão Mogol, Bairro Sion, onde haviam três árvores já adultas, um ipê-amarelo e duas sibipirunas. Apaixonada que é pela natureza desde os tempos de criança, quando frequentava o sítio da avó Mariquita, fechou o negócio e impôs para si mesma a condição de que a nova loja seria construída de modo a não mexer nas árvores. A partir dali, Sandra e a filha, Eduarda Corrêa, arquiteta responsável pelo projeto, optaram por montar uma estrutura metálica no lugar da de alvenaria e, com isso, perceberam a possibilidade de criar uma construção totalmente sustentável, do início da obra ao acabamento. Com inauguração prevista para os primeiros meses do ano que vem, a nova Tetum já sai do papel com a intenção de ser certificada e premiada. “Sou mineira de Oliveira e cresci em meio à natureza. Quando vi as árvores no terreno, foi paixão à primeira vista”, lembra Sandra.

Veja mais fotos da nova loja Tetum em BH

Como erguer uma construção 100% sustentável é novidade por aqui, a empresária contratou uma empresa especializada em consultoria de sustentabilidade, a Ecoconstruct Brazil. A engenheira Cristiane Silveira de Lacerda, diretora-geral da empresa, é quem vem auxiliando mãe e filha a seguir ipsis litteris as condições necessárias de desenvolvimento do projeto de acordo com as normas exigidas pelo LEED. Para começo de conversa, todos os funcionários envolvidos na obra passaram por treinamento específico e foram diplomados. “Todos nós aprendemos
. Hoje, o conceito de sustentabilidade é muito mais abrangente do que o uso de lâmpadas de led ou de aquecimento solar”, cita a empresária.

Além de privilegiar matéria-prima certificada, caso da madeira, entre outros produtos, o conceito sustentável em uma construção envolve organização total do local da obra com limpeza constante e varrição umificada (o que evita a poeira suspensa), proteção de bueiros das vias de entorno, controle das fontes de composto orgânico volátil (COV) e até mesmo proibição de fumo no canteiro de obras, entre outros critérios. “Para a obtenção do selo, todas as etapas da obra são rigorosamente avaliadas em um sistema de pontuação”, explica Sandra.

Gestão de resíduos

A empresária reconhece que uma construção sustentável fica em média 30% mais cara em comparação a uma convencional. No entanto, explica que tal investimento é compensado com o tempo, a partir da economia de recursos diversos como energia e água, entre outros. Outra característica do conceito é a separação, reciclagem e reaproveitamento de resíduos. “O entulho proveniente da alvenaria vai para um programa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), sendo triturado e transformado em blocos usados em obras da construção civil; a madeira vira adubo para hortas; o isopor é doado ao Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (Cape), filiada ao Mãos de Minas”, descreve Sandra. O uso de matéria-prima de origem local também foi privilegiado, assim como a exploração de produtos tipicamente mineiros, como a pedra-sabão.
Sandra Corrêa: o projeto sustentável é 30% mais caro, mas custos serão compensados a médio prazo - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Além das questões técnicas do projeto, a empresária adotou soluções naturais que visam à eficiência energética. A arquitetura traz aberturas estrategicamente pensadas para aproveitar a iluminação natural, os vidros especiais bloqueiam até 70% da incidência do calor, os revestimentos minerais nas fachadas permitem a evaporação da umidade e favorecem a troca de calor, contribuindo para o conforto térmico. O ar condidicionado foi abolido e a água da chuva será captada e reaproveitada na irrigação dos jardins. A partir destas e de outras iniciativas verdes, o projeto tem sido comentadíssimo. “Fomos citados como case na abertura do congresso de sustentabilidade Greenbuilding Brasil
. De fato, estamos despertando a curiosidade das pessoas, recebendo visitas de estudantes, arquitetos, engenheiros. E é incrível perceber o quanto podemos evitar o desperdício a partir de um pensamento sustentável”. A nova Tetum contará ainda com bicicletário, forma de incentivar os clientes a usar um transporte não poluente. “Convivemos intimamente com essa ideia por mais de um ano, tempo em que a obra vem sendo executada. Ainda não posso falar sobre a reação dos clientes, mas todos os envolvidos sentiram-se privilegiados por trabalhar em acordo com o conceito da construção sustentável. Espero que sejamos exemplo para que mais pessoas se encantem e adotem o modelo. O futuro pede atitudes mais conscientes.”

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A iniciativa de Sandra vem sendo reconhecida. A consultoria Ecoconstruct Brazil acaba de conquistar uma nova premiação graças à obra: o Prêmio Gestão Ambiental 2013, concedido pela ONG mineira Zeladoria do Planeta. Sandra também recebeu homenagem especial da Associação Mineira de Decoradores de Nível Superior (Amide) pelo projeto sustentável.
Sem ar condicionado: conforto térmico será garantido por detalhes do projeto como pé direito alto - Foto: Tetum/Divulgação