Lugarcerto

Agricultor constrói morada ecológica por menos de R$ 600 na Inglaterra

Feita a partir da arquitetura em terra, construção mostra como é possível viver bem, sem gastar muito, e ainda respeitar o meio ambiente

Joana Gontijo
- Foto: Michael Buck/Divulgação
Com a utilização de materiais naturais recolhidos facilmente na natureza e a força das próprias mãos, o agricultor inglês Michael Buck, de 59 anos, construiu uma habitação ecológica por um valor aproximado de apenas R$ 600. Erguida com areia, argila, palha e água, a morada reflete o sentimento do britânico de que basta um pouco de terra para ter uma casa e viver nela.

A vontade de compor o lar no seu jardim em Oxfordshire, no sudeste da Inglaterra, ficou ainda mais forte em Michael com o desgaste em pagar hipotecas e ter altos custos com moradia. Depois de aprender sozinho, em um livro, as técnicas construtivas em COB (material ancestral similar ao adobe que vem sendo recentemente melhor divulgado), ele embarcou no projeto que resultou em uma residência eficiente, barata e esteticamente tão simpática que parece ter saído de um filme (as finalizações arrendondadas fazem lembrar dos redutos hobbits).

Veja mais fotos da casa ecológica de Michael Buck

Durante dois anos, Buck percorreu vários lugares reunindo o que seria a base da casa, e afirma que a proposta inicial era não ter nenhum tipo de despesa – alguns imprevistos fizeram com que o agricultor pagasse 150 libras (quase R$ 589), no total da obra. Além da estrutura firmada nos conceitos da arquitetura em terra, alguns componentes foram doados ou encontrados no lixo, incluindo ainda a especificaçõe de madeira, pedras e fibras. As tábuas do assoalho, por exemplo, haviam sido descartadas e as janelas já formaram o pára-brisas de um caminhão. Durante a construção não foi utilizada qualquer ferramenta elétrica – a casa, aliás, não tem eletricidade.
- Foto: Michael Buck/Divulgação A habilidade adquirida na época em que Michael atuou como professor de Arte o ajudou a desenhar a morada. Mesmo assim, o inglês contou com o apoio de amigos para pegar no pesado, que receberam uma bela homenagem com seus nomes escritos na parede. As vacas Marigold, Crystal e Mist, da criação anterior do agricultor, também tiveram um papel essencial – o esterco foi aplicado como adubo natural, de grande importância
.

Veja fotos de outra morada ecológica, a Dome Home
Confira imagens de outra casa feita em COB

O controle da temperatura interna é garantido pelo forno a lenha, colocado embaixo do local onde está a cama, que supre a demanda de aquecimento, além das paredes naturalmente térmicas e o telhado coberto com lã de ovelha, de grande força isolante. O resto do trabalho fica por conta das velas e lanternas. A água provém de uma fonte natural, a geladeira funciona em um poço e o banheiro está em uma área anexa adornada pela visão desimpedida para os os campos verdes do condado.
- Foto: Michael Buck/Divulgação Esta é uma clara evidência de que as pessoas não precisam passar a vida toda se preocupando com dívidas, com um esforço enorme para conseguir morar com o mínimo de dignidade. Buck agora até resolveu alugar a casinha para uma mulher, que faz o acerto em leite e natas.

Material antigo, barato e eficaz
- Foto: Michael Buck/Divulgação O Cob é uma mistura resistente ao fogo e altamente capaz de suportar abalos sísmicos. Com custo praticamente nulo de produção, geralmente é usado quando a intenção é também criar uma arquitetura mais artística e escultural, por causa da fácil manipulação que permite grande liberdade ao desenho do projeto. As paredes feitas desta maneira são obrigatoriamente grossas e funcionam como uma massa térmica, fazendo com que a construção se mantenha quente no inverno e fresca no verão, fria durante o dia e aquecida à noite.

Assista ao vídeo: