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Casa projetada sob conceitos de Van Der Rohe valoriza a beleza das linhas retas em SP

A arquiteta Anna Novaes elaborou o projeto de residência de 230m² com preceitos do arquiteto alemão, um dos principais nomes do século 20 que ajudaram a definir a construção moderna

Márcia Maria Cruz
Ambientes criado pela arquiteta Anna Novaes inspirados em Van der Rohe - Foto: Marcelo Scandaroli/Divulgação
“Menos é mais.” A famosa frase do arquiteto alemão Van der Rohe (1886 - 1969) orientou a criação de ambientes projetados pela arquiteta mineira Anna Novaes. Formada pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Anna tem escritório em São Paulo e criou projeto para uma casa de 230 m2 em Alphaville, na capital paulista. A ideia de usar vidros como divisórias marcou a obra de Van der Rohe. “As casas são todas iguais por fora. Pensei em criar algo para diferenciar que fosse além de mudar as cores das paredes”, pontua. As estruturas de vidro e a valorização dos espaços abertos representaram inovação para a arquitetura mundial.

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- Foto: Marcelo Scandaroli/Divulgação O projeto de Anna teve como objetivo dar identidade às casas prontas do condomínio, bem como ampliar o ambiente. Para tanto, a arquiteta optou por integrar todos os ambientes sociais – como sala de jantar, sala de almoço, sala de TV, espaço gourmet e livings. Famoso por introduzir o uso de vidros para separar ambientes, Van der Rohe foi a inspiração para Anna, que optou por essas divisórias no modelo de portas de correr para, ao mesmo tempo, integrar e separar os ambientes.

Para que os ambientes fossem integrados, a estrutura da casa foi modificada. A varanda foi integrada e os pilares de concreto retirados. Para manter a sustentação, foram embutidas travas, uma espécie de viga metálica, nas paredes e no teto. Também foi feito um piso único para as salas e varanda e colocado um forro de gesso no mesmo nível para todos os ambientes
. “Tornaram-se um ambiente só, mas, caso a pessoa queira segregá-los, foram colocadas portas de vidro com castilhos de madeira.” Os trilhos das portas foram embutidos no teto. Como são piso-teto, as portas abrem por inteiro. “Van der Rohe trabalhava com linhas retas e perspectivas longas. Gosto muito desse estilo, que é muito atual. Passa uma sensação de amplitude e os espaços parecem maiores.”

A mobília também é fundamental para a sensação de amplitude. Quanto mais objetos, mais os ambientes ficam carregados. “Coloquei poucos móveis para valorizar o espaço de circulação. Como disse Van der Rohe, menos é mais.” Na sala de jantar, apenas a mesa. Como os ambientes são integrados, os aparadores podem ser as duas mesas na varanda e o galpão gourmet também assume essa função.

- Foto: Marcelo Scandaroli/Divulgação Anna é natural de Patrocínio e veio para Belo Horizonte para estudar ainda no ensino médio. Depois de ser formar em arquitetura, em 1996, foi trabalhar em São Paulo em uma indústria de móveis que fabrica quiosques
. No período, fez um curso de marcenaria na Alemanha e, ao retornar, trabalhou por mais cinco anos em outra empresa do setor. “Foram 15 anos. Quase sou marceneira”, brinca. A experiência se reflete no seu trabalho. Como trabalhou com tons claros no piso e no teto, ela optou por usar a madeira nas paredes. “A madeira não compromete a luminosidade da casa”, atesta.
- Foto: Marcelo Scandaroli/Divulgação
- Foto: Marcelo Scandaroli/Divulgação