Em 2009, com o lançamento do programa Minha casa, minha vida, o então corretor de imóveis Luis Carlos dos Santos Magalhães se deu conta de que a procura pelo serviço aumentaria diante da enorme quantidade de lançamentos. Assim nasceu a Alpha Administração e Conservação de Condomínios, que assume toda a parte burocrática da gestão de edifícios comerciais e residenciais. “Na maioria dos condomínios, ninguém quer ser síndico para não cobrar e advertir. As pessoas têm medo de ficar malfaladas. Tendo uma administradora, a figura de carrasco não vai estar mais vinculada a um condômino, já que ele não está à frente das decisões”, comenta.
Segundo Magalhães, os serviços mais demandados são relacionados ao cumprimento das normas do condomínio (a administradora envia advertência ao condômino que burla as regras, como fazer festa depois do horário permitido) e à inadimplência. O diretor da Alpha calcula em torno de 30% os condôminos inadimplentes. “Como a Justiça é muito morosa, a pessoa vê que não vai ter prejuízo se ficar devendo a taxa de condomínio
A estratégia é não protelar a inadimplência. Na Pillar, o primeiro contato é lembrar o condômino da dívida por telefone. Tenta-se um acordo quando há dois boletos vencidos, caso contrário, o morador é acionado judicialmente. Seir esclarece que solicita autorização do síndico para tomar as providências legais, pois somente a Justiça pode penhorar o bem para pagar a dívida. “Quando o condomínio é administrado por moradores, o condômino fica devendo um ano e nem satisfação dá
Eles zelam pelo bem de todos
Administrar contas, mão de obra e moradores é difícil. Contar com ajuda profissional pode ser uma boa saída para evitar conflitos pessoais
A administradora Vera Lúcia Vieira Brandão é uma das poucas pessoas que gostam de ser síndicas. “É uma função proativa por poder fazer melhorias e valorizar o patrimônio das pessoas. Na minha gestão, pintei todo o prédio, fiz reformas e acabei com a inadimplência”, justifica. Vera conta que criou o relatório administrativo, em que consta as tarefas concluídas e as metas que devem ser cumpridas na gestão seguinte, convencendo todos os condôminos a pagar em dia a taxa de condomínio. Síndica por quatro anos, a administradora descobriu que muitos não pagam a mensalidade porque acreditam que o dinheiro não está sendo bem empregado. Vera gostou tanto da função que, há dois anos, decidiu usar a experiência para abrir a Conservare, empresa que atende 40 clientes em Contagem.
“Nosso trabalho facilita a vida do síndico, que vai poder utilizar o tempo que dedicaria ao condomínio em outras atividades. Ele recebe a prestação de contas exata e no tempo certo”, destaca a sócia-presidente da Conservare. De acordo com Vera, a demanda ainda é maior por limpeza e conservação, porque muitos síndicos acham que não podem pagar pela administração, o que nem sempre é verdade. É preciso desembolsar em média R$ 500, mas a quantia varia de acordo com o tamanho do prédio. Quando o condomínio contrata o serviço de limpeza, estão incluídos na mensalidade a compra dos produtos, o salário do funcionário e do supervisor, que visita o cliente e repõe materiais, e as demandas administrativas, como folha de pagamento, recrutamento, seleção e treinamento da equipe.
A contadora Maria Inês Ferreira aceitou ser síndica do Edifício Tejuco, que fica no Bairro Eldorado, com a condição de contratar uma administradora de condomínio. “Bater de frente com o vizinho é muito complicado e ter que cobrar não é nada agradável. Por isso, a administradora é importante nos momentos de conflitos”, aponta a síndica, que iniciou há 10 meses o mandato. Nesse período, ela conta que conseguiu resolver problemas críticos no prédio de 33 anos. Maria Inês embutiu parte da fiação elétrica que estava descoberta no jardim, o que representava um risco alto de incêndio, e acabou com infiltrações e mofos, além de vazamentos na garagem. O condomínio recebeu até ameaça de processo caso não fossem resolvidos os problemas.
Prezando pela transparência da gestão, Maria Inês teve o cuidado de apresentar todos os orçamentos das obras em assembleia e recolher a assinatura dos moradores que aprovavam os gastos. A síndica do Edifício Tejuco também analisa todos os balancetes e compara com seu próprio fluxo de caixa, conferência que é acompanhada por uma comissão fiscal formada por moradores. “Não posso ficar completamente à mercê da administradora. Tenho que ter certeza de que o saldo no banco é real”, pontua.
AUTÔNOMOS E TREINADOS
Há casos em que nenhum condômino quer ser síndico. Por isso, a Uaia Administradora oferece o serviço de três síndicos profissionais. “São profissionais autônomos, treinados, com capacitação e experiência. A administradora assume a responsabilidade jurídica e eles atuam na parte operacional. Representam o condomínio na assembleia e executam pequenas manutenções”, explica o dono da empresa, fundada há sete anos, Alexandre Lamounier. Como não mora no condomínio, o síndico profissional faz visitas de rotina e dá atendimento de acordo com a demanda. Mas Lamounier esclarece que ele é acionado em último caso. A empresa se esforça para eleger um morador para o cargo.
À frente da empresa Domus Síndico Profissional, a advogada Joana Jacobina percebe que o mercado está crescendo em Contagem. Entre as vantagens de contratar o serviço, estão um maior controle das manutenções, agilidade na resolução dos problemas, maior entendimento da legislação e das normas do condomínio, diminuição dos custos (com pesquisa constante de preços) e a impessoalidade. “Quando não é morador, o síndico não tem contato pessoal com os vizinhos, o que evita constrangimento no momento de advertir e cobrar. Além disso, as decisões são sempre imparciais”, aponta.