A reconstrução das cidades europeias destruídas durante a Segunda Guerra Mundial precisava ser rápida. Diante da escassez de mão de obra, o caminho era industrializar o setor da construção civil. Assim, o uso de pré-fabricados de concreto ganhou destaque. Toda a estrutura da edificação, incluindo lajes, vigas, pilares e paredes, é produzida dentro da fábrica e segue pronta para o canteiro de obras, onde apenas será montada. O sistema industrializado resulta em mais agilidade e menos impacto ambiental.
Indústria, logística e shopping são os segmentos que lideram o uso de pré-fabricados, segundo a Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic). A maior vantagem é o tempo reduzido de obra, o que garante retorno mais rápido do investimento. O risco de atraso também diminui com o trabalho concentrado em fábricas. “Observamos crescimento em outras áreas, como infraestrutura. Não seria viável entregar os estádios no prazo sem um sistema industrializado”, aponta a presidente-executiva da Abcic, Íria Doniak. Não dá para comparar o custo da estrutura pré-fabricada com alvenaria (é preciso elaborar um estudo de viabilidade), mas geralmente o sistema industrializado compensa quando se considera mais agilidade, menos mão de obra e menos resíduos nos canteiros de obras.
A busca pela sustentabilidade torna os pré-fabricados ainda mais atrativos, já que esse tipo de construção gera menor impacto ambiental. “A estrutura é produzida na fábrica, ambiente mais controlado que o canteiro de obras
Para o chief executive officer (CEO) da Precon Engenharia, Marcelo Miranda, o uso de pré-fabricados soluciona um grave problema da construção civil: a falta de mão de obra. “Está cada vez mais difícil concorrer com outros setores, porque o trabalhador sabe que no fim da obra será desligado. No ambiente industrial você consegue ter uma mão de obra mais perene, sem período específico de contrato, e diminuir o efeito do apagão”, justifica. O empresário se beneficia à medida que não precisa de tantos operários e não corre o risco de atraso por falta de mão de obra.
INDUSTRIALIZAÇÃO Há quatro anos, a Precon Engenharia colocou em prática um sistema industrializado para a construção de prédios residenciais, setor que pouco recorre aos pré-fabricados. “Fazemos todo o prédio na fábrica para depois transportar e montar as peças. A comunidade não sofre com barulho nem poeira, já que essa forma de construir gera 80% menos resíduos, e o cliente final recebe um apartamento com qualidade”, aponta Miranda. A troca do método artesanal pelo industrializado também permite que os imóveis sejam entregues no prazo estipulado. Mais de mil unidades devem ser construídas este ano em Belo Horizonte e região metropolitana. O objetivo da empresa mineira a partir de agora é investir na industrialização de todos os acabamentos do apartamento, incluindo elétrica e hidráulica.
Em paralelo, cresce o mercado de casas pré-fabricadas em concreto
De acordo com Mireille, um dos diferenciais é o maior aproveitamento da área utilizada. Uma casa pré-fabricada de 100 metros quadrados (m²) seria de apenas 80m² em alvenaria. Isso porque as paredes de alvenaria medem de 15 a 20cm, enquanto as de concreto não passam de 4cm. Já o custo total de uma obra erguida com o sistema industrializado pode ser 50% menor. “O que encarece o produto é a mão de obra. Como grande parte da matéria-prima chega pronta, gasta-se menos com funcionários e, como ainda não há desperdício, nada é repassado para o cliente”, explica a sócia-proprietária da Porto Real. O tempo de montagem depende do tamanho. Para levantar uma casa de 50m², o prazo é de 30 a 45 dias.