Imagine se, durante aquele jantar com os amigos, faltar um tempero? Se antes era necessário incomodar o vizinho para buscar um pouco de sal, hoje as construtoras estão levando todo o comércio para, praticamente, dentro de casa. É o caso, por exemplo, do empreendimento da Construtora Concreto, que já está em fase de vendas. Localizado no Bairro Betânia, na Região Oeste de Belo Horizonte, o imóvel tem três torres residenciais, 488 apartamentos e será entregue daqui a 36 meses. A vantagem é que ele será integrado a um shopping center, administrado pela própria construtora. “Serão 60 lojas distribuídas no modelo street mall, uma espécie de shopping aberto. Teremos supermercados, grandes drogarias, marcas de fast food e outras grandes redes. É um conceito de conveniência, pois o morador dos prédios não vai precisar usar o carro para fazer compras, por exemplo”, defende o gerente de marketing da Concreto, João Augusto Reis
De acordo com ele, a área residencial, com entrada própria, tem seu condomínio como qualquer outro empreendimento. “O shopping não impacta em nada o edifício, pois são áreas distintas, ao mesmo tempo que integradas”, comenta João, esclarecendo que haverá garagens demarcadas para os moradores e estacionamento, em outro espaço, para os usuários do centro de compras. A expetativa é de que o shopping seja inaugurado na metade do ano que vem e as residências daqui a 3 anos.
Outro empreendimento que praticamente tem trazido o comércio para dentro de casa é da construtora Masb. Lançado em 2008, são 632 unidades residenciais com 18 lojas. “A vantagem é ter um serviço na porta. E a intenção é atender a demanda dos próprios moradores. Duas lojas pertencem ao condomínio. Nesse caso, os moradores decidiram por isso e toda a renda vai para o condomínio. As outras lojas são independentes”, comenta o gerente nacional de vendas, Waldecy Prado
SEGURANÇA
Um comércio tão próximo traz também alertas. Em 2011, no Rio de Janeiro, houve uma explosão em uma lanchonete no Centro da capital fluminense, deixando três mortos e 17 feridos. Segundo o presidente do Sindicato dos Condomínios de Belo Horizonte e Região, Carlos Eduardo Alves de Queiroz, a preocupação da categoria é que, essas lojas, localizadas no “pé” de um edifício, devem ter planos de combate a incêndio. “Qualquer serviço que usa gás coloca em risco a parte de cima do prédio. Por muitas lojas serem independentes, muitas não pagam seguro e não há uma fiscalização mais rigorosa”, afirma.
De acordo com o Capitão Teixeira, da Diretoria de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiros, toda edificação, com ou sem comércio, precisa apresentar projetos à corporação. “Se um morador de um edifício com comércio embaixo observar alguma irregularidade, deve entrar em contato conosco, por meio do número 181. A fiscalização existe quando há uma denúncia ou quando faz parte do planejamento das unidades operacionais.”
No caso dos novos empreendimentos citados na matéria, de acordo com seus responsáveis, há planos de segurança para as lojas e elas não representam riscos aos moradores.