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Resistente e versátil

PVC já é usado em telhados, pisos e até em estruturas prediais

Popular no Brasil, principalmente em tubulações, o policloreto de vinila, conhecido como PVC, agora estende o leque de possibilidades na construção civil

Celina Aquino
Na avaliação de Eder Ferreira Campos, diretor-executivo da PreconVC, o telhado de PVC é mais leve, durável e de fácil instalação - Foto: Precon/Divulgação
Imagine morar em uma casa feita de plástico. A ideia pode parecer maluca, mas hoje é possível construir uma residência usando quase todos os itens em policloreto de vinila, conhecido como PVC. Popular no Brasil, principalmente em tubulações, o material é sinônimo de versatilidade e resistência.

Pelo menos metade da produção no país ainda é destinada a tubos e conexões, segundo o presidente do Instituto PVC, Miguel Bahiense, mas sabe-se que o material pode ser aproveitado de formas variadas. Em países com clima frio, é comum encontrar janelas de PVC. Por ser isolante térmico, o plástico conserva a temperatura do ambiente. Os pisos também ganham destaque, porque, como são fabricados em mantas contínuas, não geram frestas que acumulam sujeira. “O PVC se destacou no país pelas tubulações, mas em outros países está mais associado à arquitetura. As telhas de PVC, por exemplo, existem na Europa há muito anos”, pontua Bahiense, acrescentando mais um novo uso do material plástico.

Além da versatilidade, chama a atenção a resistência do policloreto de vinila. O presidente do Instituto do PVC informa que o material tem vida útil longa – pode durar mais de 50 anos – e resiste a intempéries, maresia e poluição. O PVC ainda é fácil de ser lavado, pois basta usar água e sabão neutro, e não precisa ser pintado, já que existem cores para todos os gostos. Bahiense destaca que o PVC se adequa ao conceito de sustentabilidade por ser um produto 100% reciclável
. No Brasil, 17% da produção é reutilizada. “Como temos poucas leis de reciclagem, o nosso índice é bem aceitável. A média de reciclagem de todos os plásticos na União Europeia gira em torno de 24%”, compara.

Há três anos, chegou ao Brasil a tecnologia, vinda da Europa e da Ásia, para a produção de telhas de PVC. “A evolução do plástico vem ocorrendo com foco na construção civil. O PVC é um material industrializado bastante resistente e com baixo peso”, esclarece o diretor-executivo da PreconVC, Eder Ferreira Campos. Na sua visão, o plástico leva vantagem em relação à cerâmica, que perde a cor muito rapidamente, cria mofo e quebra com facilidade, e ao metal, que, apesar da maior durabilidade, não agrada quando se fala em acústica e estética. O telhado de PVC é mais leve, durável, de fácil instalação e econômico, pois gasta-se menos com sua estrutura, não propaga chama e resiste aos raios UV.

DURAÇÃO

A produção da PreconVC, que distribui as telhas de policloreto de vinila para todo o Brasil, deve aumentar em breve. Ainda este mês, a empresa espera obter o Documento Técnico de Avaliação (Datec) do Ministério das Cidades, atestando que o produto passou em todos os testes previstos em normas brasileiras. Assim, será possível fornecer as telhas de PVC para obras financiadas pela Caixa Econômica Federal. Campos informa que já existem projetos aprovados para o programa Minha casa, minha vida.

O PVC também pode servir de estrutura
. Nesse caso, o concreto é usado para preencher as placas de plástico, que são ocas. Desde 2009, a Global Housing utiliza o sistema construtivo canadense para erguer desde casas populares até de alto padrão. “Desenvolvemos o material para ficar exposto na parte externa, diferentemente do forro, feito para ambiente interno”, explica o gerente de desenvolvimento Jefferson Zimmer. Por isso, as casas de PVC podem durar mais de 50 anos. Depois desse prazo, é possível retirar as placas de plástico e reaproveitar a estrutura de concreto para ter uma casa nova.

O gerente de desenvolvimento da Global Housing garante que em 10 dias a empresa entrega uma casa de 43 metros quadrados. Segundo Zimmer, o material plástico permite uma maior agilidade na construção, porque as peças saem pré-montadas da fábrica. “É só montar e injetar o concreto no canteiro de obras. O PVC ainda exige o mínimo de acabamento. Em uma construção convencional, é preciso assentar tijolo por tijolo e depois rebocar as paredes”, comenta. O cliente pode aplicar qualquer tipo de revestimento por cima da placa de plástico ou mesmo pintá-la, mas não há problema em deixar o PVC aparente.