- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press A facilidade de crédito leva os brasileiros a comprar mais e mais carros. Com isso, os novos apartamentos oferecem número maior de vagas de garagem. Mas uma proposta que pode virar lei em Belo Horizonte pretende acabar com o conforto dos motoristas. Integrantes da Conferência Municipal de Políticas Urbanas aprovaram, esta semana, a restrição de apenas uma vaga para cada unidade residencial ou comercial em Belo Horizonte, o que deve dificultar ainda mais a tarefa de projetar garagens. Até o fim do ano, o projeto de lei deverá ser encaminhado para a Câmara Municipal.
Pela regra atual, a área destinada à garagem deve ser calculada de acordo com o coeficiente de aproveitamento do terreno. Ou seja, quando o índice for um, o espaço para os veículos terá o mesmo tamanho do lote. Dependendo do número de unidades, pode-se chegar a três ou mais vagas por apartamento. Caso a mudança seja aprovada, o construtor terá que pagar para ter o direito de aumentar a área. “Seria preciso comprar metro quadrado de terreno para destinar para a garagem, o que sairia por preços absurdos. Uma vaga na Zona Sul chega a custar R$ 80 mil”, destaca o presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Otimar Bicalho.
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Na visão do especialista, a mudança deve prejudicar o mercado imobiliário, considerando que a demanda por apartamento com apenas uma vaga é extremamente limitada. São poucos que aceitam morar em um imóvel no Centro sem garagem
. “Ter vaga de garagem não significa carro na rua, você quer ter a disponibilidade de espaço. Ainda que não tenha três carros, o morador prefere pagar por todas. Vaga é uma facilidade”, comenta Bicalho. A área de garagem pode ser útil para uma visita, por exemplo. O presidente da CMI/Secovi-MG acredita também que ninguém vai deixar de comprar um carro porque não tem vaga de garagem em casa. Os novos veículos vão acabar ocupando a rua ou estacionamentos.
FOCO NAS ÁREAS DE CIRCULAÇÃO E MANOBRA DE VEÍCULOSPara acompanhar a realidade brasileira, o arquiteto Tulio Lopes mudou a lógica dos projetos: passou a pensar na planta dos apartamentos a partir da área da garagem. Com carros grandes e terrenos apertados, a preocupação é incluir o maior número de vagas por metro quadrado. Uma das soluções é posicionar as caixas de escada e elevador no centro do estacionamento para que os veículos circulem em volta delas. “Os projetos de arquitetura também estão atrelados à questão estrutural em função da garagem. Utilizamos novos sistemas construtivos, que conseguem diminuir a quantidade de pilares e aumentar o espaço de circulação e manobra dos veículos”, informa
. As lajes protendidas e nervuradas, por exemplo, permitem a criação de um vão livre entre a fachada e as caixas de escada e de elevador.
Túlio Lopes lembra que garagem ruim compromete a venda do imóvel, pois carro hoje é um objeto que faz parte da família - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press Segundo Lopes, atender a legislação vigente (que exige vagas de no mínimo 2,3mx4,5m) não é suficiente para oferecer espaços confortáveis aos veículos. “A maioria dos construtores se preocupam em atender a lei, porém, encontram dificuldade em comercializar as unidades. Garagem ruim compromete a venda do imóvel, pois carro hoje é um objeto que faz parte da família”, comenta. O arquiteto tenta sempre pensar em vagas maiores, com 2,5mx5m. Para facilitar a entrada e saída de veículos grandes em garagens apertadas, alguns condomínios passaram a oferecer serviço de manobrista. Só para ilustrar, uma vaga de garagem corresponde a 25². Considera-se a área usada para estacionar o veículo mais o rateio das áreas de circulação e manobra.