O diretor da Resimóveis Netimóveis, Antônio Xavier, tem observado um aumento na procura por prédios sem área de lazer. O principal motivo é o valor do condomínio. “Os clientes querem pagar mais barato, até mesmo aqueles que têm condição, mas preferem economizar. Em um ano, dá para juntar um dinheiro para um passeio com a família”, comenta. Enquanto o morador de um apartamento de três quartos, com área de lazer completa, paga de R$ 700 a R$ 1 mil de condomínio, em um prédio pequeno ele não vai desembolsar mais de R$ 400. Além disso, muitos percebem que pagam caro para usar pouco os atrativos da área comum. Há ainda quem procure mais tranquilidade, fugindo de espaços onde existe muita movimentação de vizinhos, o que costuma gerar barulho e outros inconvenientes.
MAIS ESPAÇOSO
Normalmente, os clientes que dispensam área de lazer fazem questão apenas de salão de festas, item que não gera despesa nem exige manutenção periódica, como piscina e sauna. Apesar de haver demanda, poucos lançamentos na Região Centro-Sul seguem essa linha. A oferta de apartamentos em prédios pequenos está mais presente nos bairros Prado, Santa Efigênia, Floresta e Buritis
O empresário Leonardo Gomes Pereira, de 37 anos, escolheu não ter área de lazer para morar em apartamento mais espaçoso. Em dezembro, ele se muda para um imóvel no Bairro Sion, de 190m², com área externa que ocupa quase a metade da área. “Acho estranho o conceito de prédio que parece clube. Os moradores começam a ficar fechados em um espaço privado, convivendo sempre com as mesmas pessoas. Gosto da ideia de circular”, justifica. Nos sete anos em que morou em um prédio com área de lazer, Leonardo, que vive sozinho, usou duas vezes a piscina e nenhuma o salão de festas. Não apenas pelo valor do condomínio, mas ele não acha que vale a pena pagar por algo que não se usa.
Além de a taxa de condomínio ser menor, o valor de um imóvel sem área de lazer também é mais baixo. De acordo com o diretor da Resimóveis Netimóveis, o preço chega a ser de 30% a 40% mais barato. É possível encontrar um apartamento de três quartos, sem área de lazer, no Funcionários, por R$ 600 mil
Por isso, o presidente da Pitty Empreendimentos e Participações, Otimar Bicalho, acrescenta na lista de interessados por prédios pequenos clientes que consideram o preço do imóvel. A construtora oferece apartamentos sem área de lazer, na Região de Venda Nova, abaixo de R$ 400 mil. “Atendo um outro público, que está comprando o apartamento que cabe no seu orçamento, e não o que sonha morar. Se tiver área de lazer, o mercado da região não absorve.” Como presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Bicalho observa que os lançamentos ainda são pequenos, porque o construtor prefere contemplar o grande público, que está mais interessado em condomínio-clube.