Em 1982, o cientista político James Q. Wilson e o psicólogo criminologista George Kelling, ambos norte-americanos, publicaram um estudo que pela primeira vez estabelecia essa relação causal entre o espaço habitado e a violência. O trabalho da dupla ficou conhecido como a Teoria das Janelas Quebradas, uma referência ao exemplo usado por eles.
Se alguém quebra uma janela e o vidro não é substituído, argumentam, outras pessoas que passam pelo local podem se sentir à vontade para fazer o mesmo, já que o ato de vandalismo parece não produzir qualquer reação imediata. O sentimento de anarquia se espalha epidemicamente pelo bairro, criando uma espiral de degradação. Nesse espaço sem controle, um assaltante se sentirá seguro para agir, pois ninguém parece ter condições de impedir, ou mesmo se importar, com problemas relacionados à manutenção da ordem.
“Os projetos urbanísticos têm um papel fundamental na redução da criminalidade, pois estimulam a ocupação e possibilitam que os usuários permaneçam por mais tempo nas áreas públicas, isso as tornam mais vigiadas e seguras. Além disso, uma área bem projetada faz com que esses frequentadores se sintam donos do espaço e o mantenham protegido e bem cuidado”, pondera a arquiteta Nathália Otoni.
Para que a revitalização do espaço seja bem feita é preciso entender o entorno desse local. Isso faz toda a diferença no que diz respeito à funcionalidade. “Se a área for comercial, espaços de descanso e contemplação são bem-vindos. Caso seja residencial, playgrounds e equipamentos de ginástica podem e devem ser propostos”, sugere Luciana.