De acordo com Oscar Ferreira, proprietário do escritório Arquitetura Oscar Ferreira, a medida inviabiliza a construção de novos empreendimentos, principalmente na Região Centro-Sul que já é carente de imóveis, o que deve deixá-los ainda mais caros. “Se eles aprovarem esse coeficiente de aproveitamento básico como foi aprovado na Conferência de Planejamento da cidade, todos os imóveis na capital ficarão supervalorizados e os consumidores terão que desembolsar, pelo menos, 50% a mais do valor que já é cobrado hoje”, explicou.
Segundo Ferreira, com a mudança na regra seriam necessários mais de um lote para construir um edifício, o que elevaria o custo do empreendimento. “Se, hoje, um terreno tem 20% de potencial de construção, dentro da lei que eles querem aprovar serão necessários pelo menos mais três terrenos para atingir o coeficiente que existia no local com a antiga lei. Como é que você quadruplica esse valor e não repassa para o consumidor final? A que preço esses novos apartamentos serão vendidos?”, indaga Ferreira, que diz ainda: “Ainda na lei que vigora hoje, com CA de 2,7 em algumas áreas, negócios já foram inviabilizados porque não passavam na conta. Imagina com o coeficiente 1!”
Com expectativa de a proposta chegar ao Legislativo municipal ainda neste semestre e ser aprovada, as novas regras podem passar a vigorar até o final de 2015 e o consumidor que não quiser desembolsar ainda mais por um apartamento deve se apressar. Além da nova regra, que pode ser aprovada, a baixa disponibilidade de terrenos em áreas nobres também faz com que as áreas sejam até quatro vezes mais caras que o normal. A diferença é repassada no valor do imóvel ao consumidor.
Proprietário da Farkasvolgyi Arquiteura, Bernardo Farkasvolgyi afirma que essa escassez de terrenos na capital torna a lei ainda menos viável. “Preço de terreno é histórico, e não cai
GARAGEM
Se o projeto for aprovado como na conferência, as vagas de garagem também podem sofrer mudanças com a nova regra. A ideia, segundo a prefeitura, é desestimular o uso de transporte individual e priorizar o transporte público. Atualmente, de acordo com a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo, a área destinada ao estacionamento pode ser igual à do lote, ou seja, num terreno de 1 mil m² é possível ter 1 mil m² de área construída e o mesmo espaço para as vagas. Acima desse limite o espaço para veículos começa a ser descontado da área permitida para a construção. A regra vale tanto para edificações residenciais quanto não residenciais. Pela proposta aprovada na conferência, o dono do lote terá 25m² de garagem para cada unidade habitacional, o que significa uma vaga livre ou duas presas, a depender do projeto. “É um projeto que deve estar aliado a um transporte público eficiente e de qualidade
Já para Ferreira, a limitação aos estacionamentos e vagas de garagem acarretará na utilização em massa das vias públicas para estacionar esses veículos. “Ninguém vai deixar de comprar carro enquanto o transporte público não for melhorado. As pessoas que elaboraram essa lei não pensaram na aplicabilidade e funcionamento dela”, finalizou.