“Fiquei três anos procurando apartamento no Gutierrez e no Alto Barroca, mas estava muito difícil encontrar. Em janeiro do ano passado, encontrei um imóvel que gostei, mas o dono pediu R$ 510 mil e só baixava R$ 20 mil. Era caro e acabei desistindo”, explica Santos. Seis meses depois, ele fez uma oferta de R$ 450 mil pelo imóvel e acabou comprando por R$ 455 mil. “Hoje, há apartamentos até melhores do que o meu, que custavam entre R$ 520 mil e 530 mil, e que estão sendo vendidos com preços entre R$ 420 mil e R$ 430 mil”, explica o gerente comercial, que comemora o bom negócio feito no ano passado, apesar de acreditar que hoje teria comprado o seu imóvel por um preço menor.
Para Flávio Galizzi, vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), esta é a hora do comprador. “Passamos por muitos anos com um crescimento de mercado muito acelerado, o que fez com que tanto o comprador como o vendedor perdessem a referência de preços
“Hoje, são dois pontos importantes para o comprador: a oferta é boa e ainda há financiamento, elementos fundamentais pra o mercado imobiliário. O mercado vem de uma paralisação de vendas muito forte e as empresas sempre querem vender, mas, na época da retração, querem mais ainda”, explica Teodomiro Diniz, presidente da Câmara da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas gerais (Fiemg). Por isso, segundo ele, atualmente as oportunidades de negociação estão melhores. “Há sempre mais flexibilidade do vendedor quando o mercado está mais parado”, observa. Com o aumento do valor da entrada dos imóveis financiados com recursos da poupança, determinado pela Caixa, a situação melhora para quem vai comprar à vista.
“Nós temos um apartamento em outro bairro. Viemos para o Gutierrez para testar como seria morar aqui. A gente buscava apartamento desde meados de 2011, mas foi em 2103 que a busca passou a ser feita com afinco. O problema é que os preços estavam muito altos
Lucas Guerra Martins, vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), aponta para a redução dos lançamentos imobiliários em 2015, na comparação com o ano passado, em função da redução da velocidade de vendas dos imóveis. “Quando você tem uma realidade favorável de compra, se o estoque é maior do que o mercado, é possível absorvê-lo por um período. É como a dificuldade das montadoras que estão com um volume de veículos grande e a capacidade de produção também. Mas, no mercado imobiliário, a desaceleração ocorre aos poucos, não é pontual como no mercado automobilístico.”
De acordo com ele, hoje a realidade de custos na produção de imóveis em BH está chegando ao limite, e, por isso, os preços tendem a aumentar. “Não vislumbramos possibilidade de queda de preços no cimento, aço, alumínio, níquel, produtos dolarizados, cujos preços, por sua vez, têm forte influência da energia elétrica e do custo de mão de obra. Sem contar que não há como reduzir os preços dos terrenos”, avisa Lucas Guerra. Para ele, BH já é uma cidade de reposição, ou seja, para construir um prédio, é necessário demolir uma casa. Os componentes de redução de custo de imóveis não existem e a possibilidade de os preços do mercado caírem mais dificilmente se concretizará.
PARCERIAS
A redução do teto do financiamento em bancos públicos estimula as instituições privadas a se transformar em alternativa para o investidor, já que elas mantêm as suas taxas mesmo em meio à crise. É o caso da RE/MAX, que, em parceria com o banco Itaú, oferece aos seus clientes a política de crédito já praticada pelo banco, com aprovação máxima de 80% do valor de avaliação dos imóveis, independentemente de serem usados ou novos, de acordo com o perfil do cliente. “Isso permite que a imobiliária passe a ter uma gerenciadora própria de crédito e, por meio dessa parceria, evita que seu cliente percorra uma maratona burocrática para a obtenção de crédito, ganhando um processo mais ágil e com conforto, segurança e melhores condições de mercado”, explica Renato Caporrino, diretor da Max Finanças, empresa de credito imobiliário da RE/MAX em parceria com o banco Itaú.
Palavra de especialista: O preço vai baixar?
Lucas Couto, diretor comercial e de marketing da Patrimar
“Não tenho uma bola de cristal, mas dá para firmar com 90% de certeza que em BH não haverá retração de preços, situação que é diferente do restante do país. A Lei de Uso e Ocupação do Solo, que está para ser aprovada a qualquer momento na capital mineira, vai reduzir o coeficiente de construção em toda a cidade. São Paulo já fez isso, mas de forma cadenciada, por bairros. Aqui, em se tratando de Zona Central, o potencial de construção, que é de 2,7 vezes o tamanho do terreno, vai cair para um. A lei que deverá ser aprovada nos próximos 120 dias determina que, num terreno onde poderiam ser construídos 2,7 mil metros, passa a ser permitida a construção de 1 mil metros apenas. “Como nunca vimos os preços dos terrenos baixar, haverá dificuldades em comprar terrenos. Em dois ou três anos, a situação se normaliza, mas com os preços dos imóveis mais altos.”