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Dólar alto motiva retorno de investimentos ao setor imobiliário no Brasil

Carolina Cotta
- Foto: Son Salvador
A expressiva alta do dólar nos últimos meses prejudicou muitos setores, mas trouxe oportunidades para o mercado imobiliário. A desvalorização do real gerou novos negócios para imobiliárias e construtoras mineiras. Agora, não são os brasileiros que estão comprando imóveis lá fora: chegou a vez de os brasileiros que vivem lá investirem aqui. De acordo com o diretor da CMI/Secovi-MG, Frederico Papatella Padovani, em 2013 e 2014, quando US$ 1 valia cerca de R$ 2,50, muitos investidores compraram imóveis nos EUA, principalmente na Flórida. Então, com a valorização do dólar, muita gente que comprou imóvel fora também está fazendo o caminho inverso: vendendo os empreendimentos lá e comprando no Brasil.

Esses investidores estariam aproveitando que os imóveis nos EUA sofreram uma valorização e estão realizando o negócio de venda e voltando com o capital para ser investido no Brasil. “É uma excelente oportunidade de, além de ganhar com a valorização do imóvel durante esse período, ter um bom lucro com o câmbio”, acrescenta Padovani.

Outra vantagem de voltar com os investimentos é a estabilização dos preços dos imóveis no Brasil. Atualmente, há boas oportunidades de negociação no mercado. “Os investidores têm a possibilidade de adquirir imóveis com descontos atrativos, pois o setor tem opções interessantes tanto para residencial quanto para comercial”, explica.

A MRV está de olho no potencial de compra de quem ganha em dólar e que, mesmo morando no exterior, quer aumentar o patrimônio no Brasil. Só em outubro, a construtora vendeu 20 imóveis para brasileiros que trabalham e ganham em dólar ou euro lá fora. A construtora estuda, inclusive, a possibilidade de abrir uma loja física nos Estados Unidos, em Boston. Segundo o diretor de Marketing e Vendas da construtora, Rodrigo Resende, o potencial desse mercado é muito grande: estimativas apontam que mais de um milhão de brasileiros estão vivendo apenas nos Estados Unidos, 300 mil deles em Boston
. A construtora está criando uma rede de parceiros e anunciando na mídia local, destacando que um imóvel que antes custava US$ 60 mil agora está custando US$ 40 mil.

Hoje, os brasileiros que vivem fora compram pela loja virtual da construtora, que conta com corretor de plantão. “Alguns clientes usam contatos no Brasil para conhecer o terreno. Outros usam ferramentas, como o Google Street View, que permite ‘caminhar’ pela rua. A tecnologia, hoje, facilitou a compra de imóveis. A pessoa escolhe de lá e mandamos o boleto. Geralmente, eles já têm o dinheiro para a compra, ou financiam direto com a construtora e em curto período de tempo”, explica Rodrigo. Pesquisa de mercado da construtora mostra que os brasileiros em Boston ganham de US$ 2 mil a US$ 4 mil por mês. “É um mercado enorme para a gente trabalhar”, afirma.