Segundo Leonardo de Bessas Matos, vice-presidente da Área de Loteadoras da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), o modelo pode ser uma solução à diminuição do crédito direcionado ao mercado imobiliário. “Desde meados do ano passado, a Caixa Econômica Federal (CEF) diminuiu o percentual de financiamento de imóveis. Além disso, os bancos estão, de modo geral, mais rigorosos com a aprovação de crédito.”
O recurso também impactaria no índice de anulação de contratos, que aumentou nos últimos tempos. “Há casos em que o comprador assina um contrato de compra e venda porque está empregado e tem crédito pré-aprovado no banco para financiar um imóvel, mas no meio do processo ele não tem mais a mesma condição porque perdeu o emprego e não tem como comprovar a renda. Situações como essa aumentam a 'devolução' de imóveis e o financiamento direto pode ser uma opção para seguir com a compra”, diz.
Hoje, uma prestação da CEF não pode ser superior a 30% da renda bruta de quem assume o financiamento. Quem tem salário de R$ 10 mil, por exemplo, tem condições de pagar prestação de R$ 3 mil. Mas se ela perde o emprego, ou tem a renda comprometida por algum outro motivo, parte para o distrato ou financia diretamente com a construtora. Mas, segundo Leonardo, as empresas que oferecem esse recurso ainda são minoria, diferentemente do mercado de lotes, onde o financiamento direto é uma política consolidada.
“Trabalhamos com imóveis de grande valor. Às vezes, o cliente já pagou 75% e não quer enfrentar a burocracia do banco. Em termos de valores, a parcela será maior, mas porque o prazo é menor que o dos bancos. Hoje, nossos juros pós-entrega de chaves estão em torno de 12% ao ano. Esse tipo de financiamento facilita a vida do cliente e abre o leque da construtora, que tem uma maior capacidade de venda”, explica Marcelo. Segundo ele, entretanto, o cliente da EPO não enxerga o modelo como um financiamento, e sim como um parcelamento.