Embora a economia ainda caminhe a passos lentos para uma recuperação, no setor imobiliário já há sinais de melhora. De acordo com dados da Pesquisa do Mercado Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), realizada pela Brain Bureau de Inteligência Corporativa, em julho, 425 imóveis residenciais novos foram vendidos em Belo Horizonte e Nova Lima, alta significativa em relação aos 96 registrados no mês anterior. Segundo a entidade, esse volume de vendas mensal é o segundo maior do ano, ficando atrás somente do registrado em fevereiro, que foi de 491 unidades. Os lançamentos também apresentaram alta, saindo de 108 unidades, em junho, para 524 imóveis em julho. Desse modo, o estoque de apartamentos novos em julho fechou em 5.020 unidades e o Índice de Velocidade de Vendas no mês subiu para 7,8%.
Os bons números mostram que, mesmo com a situação econômica do país, o sonho da casa própria está aquecido. De acordo com o vice-presidente do Sinduscon MG, José Francisco Cançado, o mercado tem tido uma ascensão gradual. “Estamos tendo um volume de vendas maior do que de lançamento. Observamos que os estoques estão diminuindo lentamente, cerca de 100 a 50 imóveis a menos por mês”, afirma, definindo o momento como travessia
Por isso, para os especialistas, quem pode e quer comprar um imóvel o momento é agora. Mas, segundo ressalta a presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI-MG), Cássia Ximenes, para a aquisição o comprador deve levar em consideração vários fatores (veja arte), sendo a documentação do bem o mais importante deles. “A pessoa tem que pensar que se trata de um negócio de longo prazo. É o lugar onde ela vai morar e, por isso, deve ser feliz e ter paz, sem dor de cabeça no futuro”, diz.
“O comprador tem que saber a história daquele imóvel, caso ele seja usado. Ele deve analisar a escritura, a certidão negativa de quem o vende, se há algo pendente na Justiça”, afirma, dizendo que, caso o imóvel seja novo, é extremamente importante conhecer a construtora que o vende. “Sabemos que, ao longo da história, há muitas empresas que não foram sérias. Por isso, é sempre muito bom checar. Se, por exemplo, a construtora não pagou o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) dos funcionários que trabalharam na obra isso pode ser um problema”, avisa. Ximenes também recomenda aos interessados em adquirir um bem imobiliário a verificarem o comprometimento de quem está intermediando a compra.
Cançado divide os cuidados: “Primeiro, a pessoa tem que escolher o bem levando em consideração o ponto, preço e projeto, no caso de um imóvel na planta”, diz
PAGAMENTO Se tudo estiver dentro do esperado, o pagamento é outra fase. Pagar à vista, conforme comentam economistas, é sempre a melhor forma, uma vez que, com dinheiro na mão, aumenta o poder de barganha do comprador. Porém, em temos de economia mais arrastada, nem sempre essa é a realidade. Ximenes comenta que, atualmente, existe a portabilidade para o financiamento imobiliário. “Se a pessoa financiou uma casa em um banco e, com o passar do tempo, as taxas do Secov Cred estão melhores, ela pode levar o financiamento para lá. Isso é uma conquista do cliente, que deve estar sempre atento a esses valores”, afirma.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é uma complementação ao valor do imóvel que nem todos conhecem. “Como é um fundo com rentabilidade muito baixa, as pessoas muitas vezes se esquecem dele. Mas ele pode ser usado como uma composição ao pagamento e faz toda a diferença”, afirma.
ANTES DE COMPRAR
Novo ou usado? Financeiramente, o imóvel usado costuma ser um melhor negócio
» Verifique a documentação
Fique atento à documentação jurídica
do bem que pretende comprar. Se for o caso, contrate um advogado.
» Investigue a construtora
No caso de um imóvel na planta, investigue sobre a construtora. Vá a outros empreendimentos construídos por ela, converse com moradores desses locais que ela construiu. Verifique se a empresa não tem pendências judiciais.
» Quanto menor o valor financiado, melhor
Nem sempre existe possibilidade de quitar o valor de imóvel à vista. Nesses casos, o financiamento é inevitável. Mas vale um esforço para financiar o menor valor possível. Raspe suas economias, abra mão de alguns bens para tentar dar uma entrada num valor mais alto. Quanto menor o valor financiado, menor será o pagamento de juros e o prazo de pagamento.
» Atenção ao valor da parcela
O valor a ser pago na parcela é um dos itens mais importantes quando se quer comprar um imóvel financiado. O ideal é que a parcela comprometa apenas 20% da renda líquida.
» Vale a pena usar o FGTS
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é um direito de todo trabalhador com carteira assinada, e vale a pena usá-lo na compra do imóvel.
» Olhos atentos
Na hora de realizar o sonho da casa própria, alguns detalhes importantes não podem ser esquecidos. Analisar a vizinhança,
avaliar o acesso ao transporte público, visitar o local durante o dia e durante a noite, para saber se o imóvel é perigoso ou barulhento, conhecer o trânsito local e, principalmente, saber se a prefeitura tem projetos para aquele local.