Tendências, novidades, criatividade, inovação, visão, adequação. Tudo isso faz parte do universo do design de interiores e agora desembarca na construção civil. Esqueça, jogue fora aquela ideia de que todo apartamento é uma caixinha, um caixotinho. Podemos destacar que a palavra de ordem agora no desenvolvimento das plantas pelos arquitetos é a customização, ou seja, os profissionais passaram a adaptar ou a adequar o projeto de acordo com a necessidade e o gosto do cliente. A ideia é que, ao comprar seu imóvel, você tenha a liberdade de criá-lo internamente conforme seu perfil e estilo de vida, o que o torna único. É a garantia do sonho de ter o apartamento personalizado, não só na parte decorativa, mas estruturalmente.
O arquiteto Alberto Dávilla, do escritório Dávila Arquitetura, já entrega projetos com as chamadas plantas múltiplas, o que é um diferencial no mercado. Entre os trabalhos, destaque para o Edifício Legacy, projetado para a Construtora Somattos. Ele tem três plantas completamente diferentes em cada pavimento e cada uma delas oferece alternativas de leiaute, com caráter de exclusividade para cada unidade, sensação passada aos moradores.
Essa tendência em edifícios residenciais dá oportunidade ao cliente de comprar o imóvel de acordo com seu modo de viver. Uma solução da arquitetura de interiores, que abre um leque opções até então bem engessado. Antigamente, o cliente adquiria sua moradia e, mesmo sem gostar de alguns detalhes, fechava o negócio por não ter opção ou, mais tarde, ia assumir a dor de cabeça de quebrar parede, mergulhar em alguma obra
Alberto Dávilla enfatiza que as famílias se transformaram, não são mais uma esfinge padronizada. “A mudança ocorreu ao longo da vida. Com a diversidade da família, é preciso que a moradia se adeque e personalize essa mudança devida e das atividades. Há quem trabalhe em casa, precisa de um quarto de casal menor ou uma sala maior. Formas de vida diferentes requerem uma moradia que permita essa acessibilidade e facilidade.”
O arquiteto, com mais de 40 anos de know-how profissional, explica que sempre pensou no valor “das plantas flexíveis, que hoje se tornaram um atrativo a mais para o cliente e o mercado. Antes, todos chamavam apartamentos de caixinhas, ainda mais com a área construída cada vez menor. Por isso, é fundamental usar cada espaço da melhor maneira possível. Se é um morador que gosta de receber, não tem sentido ter uma moradia de três quartos e uma sala pequena. O ideal é aumentar o espaço desse ambiente para receber os amigos, e isso é possível”
RENDA
E vale destacar que ter uma planta em que cabem mudanças não significa perda na qualidade da construção. Alberto Dávilla lembra que “fazer o desenho de uma moradia mais adaptável é garantia de mais sucesso de venda e maior alegria do usuário. Hoje em dia, o mercado não age mais como uma fábrica de fazer moradia, mas traz a concepção de que o projeto é padronizado mas o produto é personalizado.”
Conforme o arquiteto, a meta é aproveitar toda a metragem do apartamento, já que “quando a moradia é rígida, há área que acaba deixando de ser usada”. Alberto Dávilla destaca que a família mudou e que sua renda não significa tamanho da moradia, não é sinônimo de área construída, já que há preocupações outras como acesso, transporte, serviço e proximidade ao trabalho e à escola do filho, entre outras. “E tem ainda o universo da internet das coisas, dos novos equipamentos elétricos e eletrônicos, que evoluíram e têm espaço contínuo.”
Apartamentos com plantas múltiplas passam a ser um atrativo e o arquiteto tem a missão de oferecer algo que, como se fosse uma tela em branco, aceite a visão particular e individual de cada cliente. “A obrigação é entregar a parte hidráulica pronta para não gerar patologia na construção. Agora, não tem por que entregar um piso de carpete se o importante para o morador será o de madeira. O objetivo é ter essa sensibilidade e atender o cliente de forma individualizada. Até a construção civil mudou cálculos que permitem variações de forma de morar no mesmo edifício.” Portanto, hoje é possível, num mesmo prédio, e até no mesmo andar, ter cada apartamento com uma planta. Uns com mais quartos, outros com cozinha maior. Ao gosto do freguês.
CUSTO
Para Alberto Dávilla, não há um perfil definido para quem busca moradias com plantas flexíveis. No entanto, ele reconhece que a nova geração quer essas diferenciações, ou seja, morar do jeito que ela quer. Logo, a personalidade desse grupo reflete também na moradia. “Ela busca espaços mais livres e tem ainda outro aspecto, mais prático e que envolve a mudança de vida. Hoje em dia, muitas famílias abriram mão do serviço doméstico, então, ao pensar na cozinha, querem a presença de todos no ambiente, portanto, um ambiente integrado, aberto, é a escolha mais acertada.”
O grande ganho dessa tendência é que, agora, não é só no design de interiores, na decoração que cada um poderá deixar sua assinatura, sua personalidade em casa, mas também no projeto, na planta que se adequa melhor ao seu estilo de vida, com o perfil da família. No entanto, ainda não é acessível para todos. “A tendência é que o custo inicial seja mais barato e o final mais caro.”