A crise econômica que atingiu o Brasil nos últimos anos prejudicou o andamento do mercado imobiliário e acabou despertando um certo pessimismo por parte dos empresários. Porém, no primeiro semestre de 2018, o setor apontou alguns indícios de melhora e começou a mudar gradativamente. Um dos fatores que contribuíram para isso foi a redução da taxa dos juros Selic para 6,5%. A Caixa também anunciou, depois da queda da Selic, diminuição nos juros dos financiamentos de imóveis. Além disso, a inflação está controlada em 2,8% ao ano e o PIB tende a crescer 2%. Com a retomada gradual da economia e uma ainda tímida estabilização financeira, o mercado imobiliário respira, possibilitando que novas negociações sejam realizadas.
De acordo com Márcio Lanna, proprietário da Alphasul Netimóveis, nos últimos quatro ou cinco anos, o mercado imobiliário estava com taxas de juros elevadas, com a Selic chegando a quase 14,5% ao ano. Isso comprometeu as linhas de crédito imobiliário e desestimulou a ação de clientes investidores em imóveis, que optaram pelo mercado financeiro. “Mas, agora, estamos no período de recuperação, com menores taxas de juros e preços de imóveis bastantes competitivos. De certa forma, é o que tem motivado a compra. Os investidores do mercado financeiro migraram para o imobiliário pela baixa nos valores e pela segurança que o ativo imóvel representa”, ressalta.
Para Reinaldo Branco, diretor da RB Imóveis, as probabilidades para o ano como um todo são positivas
As perspectivas positivas para o mercado de imóveis possibilitam que sejam realizados bons investimentos na compra e na locação. “Houve um aumento gradual na locação e nas vendas. Uma recuperação da locação, principalmente nos empreendimentos residenciais. Os valores estabilizaram.
A redução da taxa de juros para financiamento impactou o setor”, pontua Reinaldo Branco. A redução da taxa de juros estimula crescimento na busca de linhas de financiamento imobiliário. Em relação ao mesmo período do ano passado, as vendas tiveram um melhor desempenho, apesar da instabilidade econômica do país. “Foi bem melhor que no ano passado, estamos com estoque de imóveis com valores bem abaixo dos praticados anos atrás
COEFICIENTES
A incerteza eleitoral, a mudança do cenário externo, o baixo ritmo de recuperação da atividade econômica e a greve dos caminhoneiros e as suas consequências geram incertezas nas projeções de novos investimentos para os próximos meses. “O grande impacto, no semestre passado, foi a greve dos caminheiros, que abalou bastante todo o mercado. Foi um fator imprevisível, fazendo com que um mercado positivo, infelizmente, tivesse uma queda brusca. A greve acabou impactando o mercado como um todo e afetou também o imobiliário”, comenta Reinaldo Branco.
Além disso, o mercado imobiliário está em um ano, literalmente, decisivo com as eleições. “É impossível você falar de melhora imobiliária, construção civil, ou outro setor, sem se separar do quadro político atual. Toda a sociedade está com essa expectativa de que o país do futuro se torne um país do presente e que as mudanças ocorram. Na previsão do mercado, estamos esperando uma retomada no final de agosto, com a definição do panorama eleitoral”, avalia o diretor da RB Imóveis.
Reinaldo Branco ainda destaca que a capital mineira se encontra em um momento importante com as diretrizes do novo Plano Diretor, que tem como objetivo direcionar a expansão da cidade para áreas de maior capacidade de suporte. “Ele vai ser extremamente prejudicial para os construtores e para o setor imobiliário e, evidentemente, para o cliente final. É um plano que teria de ser mais discutido, já que ele vai na contramão dos maiores centros metropolitanos. Ao passo que as maiores metrópoles, priorizam e fomentam a verticalização, conjuntamente com a sustentabilidade, aqui eles estão reduzindo o coeficiente para 1 e dando o poder de compra do potencial construtivo para a prefeitura, encarecendo o empreendimento e inviabilizando o mercado”, analisa o diretor.
FUTURO
Márcio Lanna acredita que ainda vamos ter que esperar as eleições e observar, principalmente, a reação do cenário econômico. Mas o empresário conta que vem investindo em seu negócio. “O mercado imobiliário funciona em ciclos de 10 anos e, por isso, o retorno do investimento ocorre no médio e longo prazos. As oscilações são inerentes, porém, as fases de poucas transações não permanecem por muito tempo. Somando todas as oportunidades, estimamos que, até o final de 2019, o crescimento do nosso VGV já será de 10% ao ano”, finaliza.
* Estagiário sob a supervisão da editora Teresa Caram