Qual foi o seu primeiro contato com a decoração?
Há 28 anos, pensei em trabalhar com alguma coisa. Sempre gostei de decoração desde criança. Desde cedo, sabia que iria gostar de mexer com isso
Estudei decoração no Inap, mas me casei nova. Meu tempo era para criar os meninos. Não tinha vontade de trabalhar como decoradora. Meu desejo era abrir um negócio nessa área. Havia duas ou três lojas boas em Belo Horizonte, mas nada que fosse bacana para produtos da área externa. Era tudo igual. Fui para São Paulo, viajei para vários lugares para procurar coisas diferentes. Então, percebi que faltava uma loja de mobiliário de área externa diferenciado, mais bacana e com material diferente. Abri o negócio em 1985.
Como foi o processo de abertura da primeira loja?
A primeira loja foi aberta na Avenida Afonso Pena, perto da Praça da Bandeira. Era numa esquina e toda aberta. Eram toldos, mas sem fechamento de paredes. O visual chamava muito a atenção, mas, por, estarem expostos, os móveis se sujavam muito. Quando chovia também era complicado.
Quando você resolveu abrir a loja do Ponteio?
Pediram o espaço da Avenida Afonso Pena para a construção de um prédio. Tempos antes do lançamento do Ponteio, fui procurada, mas fiquei em dúvida se o empreendimento iria dar certo. Esperei dois anos. Foi muito bom ter ido.
Você foi pioneira com móveis para áreas externas.
Ninguém trabalhava com mobiliário para área externa e material de alumínio. Não tinha fornecedores, então surgiu a necessidade de abrir uma fábrica própria para desenvolver os produtos. Com isso, passei a ter liberdade de criação, poderia atender o profissional de decoração e arquitetura, além de ter modelos exclusivos.
Quem é o responsável pelo design?
Tudo é a gente mesmo quem faz. Temos bons designers que desenvolvem produtos para a fábrica. Atualmente, meu filho Daniel é o responsável pela indústria.
Você começou com mobiliário externo, mas expandiu para ambientes internos também.
Até pouco tempo, 90% de nossos produtos eram de mobiliário externo. Atualmente, compro do mundo inteiro. Temos boas representações, designers e bons produtos . Queremos que o nosso cliente possa fechar conosco a casa inteira.
Como você faz a pesquisa de tendências?
Busco referências em feiras de design, em revistas e muitas viagens mundo afora. São várias tendências e a escolha exige criatividade e ousadia. A proposta é encontrar peças diferentes. Na hora da composição, você pode usar algo clássico com uma peça única, como é o caso desse armário indiano (a peça fica no escritório de Kátia). É uma peça única, toda de ferro, da linha industrial - que é algo que está se usando muito. Tenho uma mesa de madeira versátil, que pode tanto funcionar como mesa de jantar ou de escritório ou até mesmo um aparador. Então, em um ambiente, misturo um armário industrial, mesa de corte contemporâneo e um espelho veneziano.
Sigo o feeling na hora de comprar. Você já percebeu como as casas estão muito iguais ultimamente. Você olha uma revista de decoração e, às vezes, nem percebe que mudou de casa quando passa as páginas. As apostas são no básico: bege e cinza. As casas ficam sem personalidade. As pessoas têm medo de usar algo diferente e não ficar bom. Mas cada peça tem que ter uma história.
Quando você passou a trabalhar também com adornos?
Para fazer a ambientação da loja do Ponteio levava coisas da minha casa. Os clientes queriam comprar, mas eu não queria vender. Brincavam que estava como a dona Ritinha, que é uma senhora que fazia caixas lindas para vender, mas se apaixonava por todas e desistia. Certo dia, estava na Oscar Freire, em São Paulo, e ouvi uma pessoa me chamar de dona Ritinha. Era uma cliente que sempre foi louca para comprar um aparelho de chá inglês que eu não vendia por dinheiro nenhum. Tenho outra história engraçadíssima. Tinha um casal de raposas grandes que comprei há muitos anos. O raposo usava uma calça tipo montaria e colete vermelho com botões dourados e a fêmea saia xadrez, tipo kilt escocês. Todo Natal eu colocava o casal na vitrine e as pessoas queriam porque queriam comprar. Eu dizia que não iria vender minhas raposas e até hoje não vendo por preço nenhum. Algumas coisas são históricas e têm um valor sentimental. As pessoas queriam os adornos, então surgiu a vontade de ampliar o leque de produtos para vender, mas já não tinha espaço na loja do Ponteio. Aumentou a vontade de construir uma loja na rua.
Comprei uma casa antiga em Lourdes e resolvi construir. Foram seis anos, muito tempo. Foi uma obra complicada, porque tivemos que encomendar muitas peças sob medida. É concreto, granito bruto, aço corten e vidro. Todos os vidros são duplos. A loja e os apartamentos ganharam vários prêmios de arquitetura e decoração em Belo Horizonte e São Paulo.
Qual o perfil do cliente da DeckSol?
As pessoas de bom gosto. A loja é luxuosa, mas não queremos que fique rotulada como de produtos impossíveis. Temos produtos para todo gosto e todo preço. A arquitetura do prédio pode intimidar um pouco, mas temos condições de ter preços bons. Temos coisas caras, com preços médios e baratas. Começamos a fazer lista de casamentos com a vantagem de que os noivos podem trocar os presentes repetidos por qualquer peça da loja.
Quais as expectativas para o setor de decoração em 2014?
Este ano, as pessoas estão com o pé atrás. Teremos que trabalhar mais do que já trabalhamos. É um ano muito duvidoso. A expectativa com a Copa do Mundo é negativa. Pode ser que as pessoas comprem antes. Mas durante os jogos as pessoas estarão envolvidas com o futebol. Será um ano mais complicado mesmo. A expectativa é para um ano difícil.