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A reinvenção do objeto

Estúdio aberto este ano em BH lança móveis que impactam pelo uso inusitado dos materiais

Jovens designers abraçam o imaginário e cultivam em casa edições limitadas, transitando por variadas vertentes do desenho

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postado em 28/09/2014 09:00 / atualizado em 30/09/2014 17:08 Joana Gontijo /Lugar Certo
Estante 'Da Pá Vermelha' - Tiago Nunes/Divulgação Estante 'Da Pá Vermelha'
Ao observar e questionar os apelos cotidianos, nasce a curiosidade que concretiza, no trabalho pouco convencional, o resultado de tantas inspirações. Experimentar materiais e conceitos, em trânsito por variadas práticas do design, celebrando o diálogo entre o objeto e o espaço. Assim é o Cultivado em Casa, estúdio criativo lançado oficialmente este ano em BH, integrado por um trio que mostra ao que veio. Os amigos Bárbara Meirelles, Diego Garavinni e Mikael Dutra, são representantes de peso da nova safra de designers mineiros e do Brasil, autores de móveis que exploram o imaginário com uma proposta, no mínimo, inusitada.

Colegas de faculdade, ainda durante o curso Bárbara, 25, Diego, 27, e Mikael, 25, perceberam que, além das afinidades e ideias em comum, também os ligava uma grande vontade de investir em algo que os deixasse livres para criar, o que era, e ainda é, difícil dentro de um mercado enrijecido, contam. Após a formatura em Design de Produto, pela Universidade Fumec, em 2011, o objetivo começou a ser melhor estruturado para conceber o Cultivado em Casa, apresentado inicialmente com cinco peças, todas com edições limitadas.


Poltrona Super Jardim - Tiago Nunes/Divulgação Poltrona Super Jardim
“Design é a nossa maneira de nos comunicar. É a melhor forma que encontramos para depositar as experiências e sensações com as quais nos deparamos em nossa vivência diária”, diz Bárbara. A coleção inaugural, toda desenvolvida em 2013, inclui uma estante que tem como base uma cavadeira sobre chapa de aço e concreto, a Da Pá Vermelha, disponível em 15 unidades (R$ 3.320); uma poltrona feita com 200 metros de mangueira de PVC flexível, sustentação em aço inox escovado, e finalizada com uma torneira e esguicho de jardinagem, batizada Super Jardim e lançada em 13 edições (R$ 4.870); a luminária Célia, composta com um bloco de concreto, vergalhão, eletroduto e a cúpula em tela de proteção para a construção civil, fabricada em 23 unidades (R$ 1.340); a Cadeira de 56 Petecas que, como o próprio nome diz, tem como elementos 56 petecas, compensado, aço carbono e pintura eletrostática, com edição limitada de 19 (R$ 3.810); e um banco todo atravessado por tubos de aço inox escovado e assento em compensado pintado, chamado Verdaço, feito em sete unidades (R$ 6.370).
Banco Verdaço - Tiago Nunes/Divulgação Banco Verdaço
“Enxergamos o Cultivado em Casa como um estúdio criativo que atua em várias frentes, mas o maior interesse está no design colecionável. Principalmente devido ao caráter limitado e pessoal que esse ramo nos proporciona”, ressaltam. O nome, explicam, surgiu a partir da constatação de duas situações vividas pelos três. A primeira é que todo o processo de planejamento, criação e execução aconteceu em residências do tipo casas. E a segunda de que os clientes, ao adquirir as peças, estarão cultivando o trabalho, também dentro de suas casas.
Diego Garavinni, Mikael Dutra e Bárbara Meirelles dão asas à imaginação e criam quase esculturas com proposta de utilitários - Tiago Nunes/Divulgação Diego Garavinni, Mikael Dutra e Bárbara Meirelles dão asas à imaginação e criam quase esculturas com proposta de utilitários
Bárbara explica que o foco não são materiais reaproveitados, mas sim reinterpretados. “Buscamos uma abordagem pouco convencional ao levar a matéria prima para fora do contexto para o qual ela foi proposta inicialmente”, salienta. Os projetos são divulgados pelo site www.cultivadoemcasa.com, e os perfis no Facebook e Instagram permitem que as pessoas acompanhem de forma mais dinâmica a rotina do estúdio. Os móveis, que já ganham notoriedade em publicações especializadas e eventos da área (inclusive estiveram expostos na sede do Circuito DMAIS, que terminou neste sábado em BH), estão à venda pelo endereço eletrônico, por encomenda. A entrega é prevista em um prazo de até 60 dias, e a procura tem sido alta. “É difícil definir um público alvo nesse mercado ainda novo no Brasil. Mas, geralmente, as peças agradam pessoas ávidas por novidades e que valorizam um design autoral e exclusivo”, diz Bárbara.
Luminária Célia - Tiago Nunes/Divulgação Luminária Célia
Com o intuito de, além de desenvolver produtos, procurar sempre parcerias e iniciativas que os levem a trabalhar em outras atividades dentro do design, os integrantes do Cultivado em Casa já preparam novidade para novembro, com uma peça que será apresentada durante a MADE (Mercado de Arte e Design), em São Paulo, e também outros lançamentos para o verão. Para Bárbara, Diego e Mikael, os objetos, no contexto em que estão inseridos, se relacionam o tempo todo com as pessoas. “Dessa relação, que acontece primeiro simplesmente pela estética do objeto (forma, material,cor) e depois por sua utilização dentro da função para a qual foi concebido, surgem emoções e sensações, sejam boas ou ruins. É importante para nós, nesse aspecto, tentar gerar experiências positivas em nossos projetos. Para que, assim, se estabeleçam laços entre o objeto e o usuário”, finalizam.
Cadeira de 56 Petecas - Tiago Nunes/Divulgação Cadeira de 56 Petecas

Tags: design

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