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O crédito imobiliário e a crise mundial

Apesar do momento ser de cautela, não há motivo de pânico para quem quer adquirir um imóvel. Mas alguns aspectos devem ser observados para orientar a escolha mais correta

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postado em 25/01/2009 12:39 / atualizado em 25/04/2013 15:46
Julio Vasques
O colapso financeiro mundial tem trazido constantes indagações quanto à segurança em se adquirir imóveis nesse momento, levando-se em conta as inconstâncias que podem ser atravessadas pelas taxas de juros bancários.

Alguns pontos, no entanto, não têm sido cogitados por aqueles que me questionam sobre a crise. Se nos limitarmos ao problema do crédito imobiliário, a resposta é simples, e engloba três situações distintas.

Primeiramente, com relação ao adquirente da casa própria, não existem razões reais para pânico. Na primeira semana de dezembro, a Caixa Econômica Federal anunciara recorde absoluto no número de financiamentos e nos valores liberados com essa finalidade. Mais de R$20 bilhões foram liberados antes mesmo do fechamento de 2008.

Mas como a Caixa Econômica consegue manter essas linhas de crédito enquanto o mundo inteiro não encontra dinheiro emprestado? Simples. Os financiamentos do Sistema Financeiro da Habitação são garantidos por duas principais fontes: a caderneta de poupança do trabalhador e os recolhimentos do Fundo de Garantia – FGTS. Ora, se o dinheiro que ela empresta vem do próprio povo brasileiro, se ela não precisa recorrer ao mercado externo para ter o que emprestar, nada mais justo do que não sofrerem alterações as taxas e as condições por ela praticadas para o financiamento de unidades habitacionais.

Numa segunda realidade, estão aqueles que buscam financiamento para construir o próprio imóvel. Bom, se esse indivíduo se enquadra nas condições para obtenção de financiamento junto à Caixa Econômica Federal, sua situação é a mesma do mutuário do SFH, não havendo maiores dificuldades no acesso ao crédito. Se, por outro lado, o financiamento a ser obtido depende de outras instituições financeiras, é hora de se tomar alguns cuidados. As taxas de juros estão um pouco "nervosas", as instituições bancárias têm dificultado a liberação de valores e não sei se seria o melhor momento para iniciar uma obra, até porque sabemos que essas construções só têm data de início, sendo o seu futuro incerto e recheado de surpresas.

Como terceira situação, podemos discriminar aquela vivida pelas construtoras. Apesar de ter o Governo noticiado várias medidas protecionistas, garantindo não haver qualquer risco para os empreendedores, a situação não nos parece tão simples assim. Se para as empresas saudáveis e capitalizadas a hora é ótima, estando o mercado cheio de oportunidades a menor custo, para aquelas que dependem das linhas de financiamento para a conclusão de seus empreendimentos a sensação de incerteza tem sido a predominante no mercado.

Tanto tem sido assim que as perguntas quanto ao financiamento da obra têm sido as primeiras feitas pelos candidatos a compradores para os corretores de plantão. Empresas têm se juntado, formando consórcios para viabilizar empreendimentos. Algumas noticiaram que reduzirão a aquisição de terrenos, como forma de evitar a imobilização completa de seus ativos. De qualquer forma, o importante é tomar todas as medidas necessárias para evitar se tornarem reféns das Instituições Financeiras. É sempre bom ter na manga um plano de emergência, uma saída estratégica.

E assim tenho resumido os reflexos da crise mundial no setor da construção civil. Mas será que acaba aqui?

A última intenção aqui é criar pânico, ou gerar incertezas, mas temos que lembrar que quando falamos em crise financeira mundial e seus reflexos no mundo empresarial, sobretudo no mercado imobiliário, não podemos nos esquecer que muitas vezes o problema não está conosco, mas pode acabar nos atingindo.

Num mundo globalizado, as empresas acabam vivendo a realidade dos mais diversos países do mundo de forma simultânea. A título de exemplo, ficam as demissões em massa de gigantes como a Arcelor Mital, a Vale do Rio Doce, a LG em Taubaté, entre tantas outras situações parecidas.

* Fabiano Campos Zettel é mestre em Direito Empresarial, professor universitário e sócio-proprietário do escritório Zettel & Vasconcellos

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25 de janeiro de 2009