O mercado é promissor e abre vários caminhos, independentemente de modismos. É bom para a terra e para o ser vivo. Sinaliza para mudança no processo construtivo, conforme analisa o arquiteto e geobiólogo Flávio Duarte. “Você observa hoje grandes indústrias certificadas no sistema de gestão ambiental. Há grande preocupação com essa questão, para garantir processos menos danosos. É bom para todos. Vale a pena entrar nesse viés”, afirma.
Para o arquiteto e ex-professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Sebastião Lopes, não é verdade que a bioconstrução seja mais cara que a convencional. “Na realidade, não temos equipamentos, material e elementos construtivos sustentáveis. A indústria está voltada para os meios convencionais. Legislação, código de obras e lei de uso do solo, por exemplo, não levam em conta a questão da sustentabilidade e a indústria se aproveita da pouca demanda para colocar os preços lá em cima.”
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Segundo Flávio, a bioconstrução ou bioarquitetura vai atrás de material in loco, material fornecido pelo próprio terreno ou suas imediações
Insumo
“O material tradicional – adobe, pau a pique e tinta de caiação – ainda está em níveis de aproximação da natureza. Nas áreas rurais, as pessoas tinham isso em mãos. Não havia processamento e o impacto ao meio ambiente e para a pessoa era infinitamente inferior ao que é hoje. Nas técnicas modernas e atuais, basta consultar um catálogo de tintas e escolher a cor”, conta o geobiólogo
Flávio garante que o sistema é viável em qualquer frente, inclusive em moradias populares. “Prestei consultoria a uma empresa com o primeiro projeto de casas populares com conceito de sustentabilidade. O projeto prevê captação de água da chuva, reutilizada em vaso sanitário com duas válvulas, para líquido e para sólido. Tem um teto vivo que é um pouco térmico e acústico.” Mas é uma mudança de comportamento em que o usuário precisa ser treinado para cuidar da manutenção desses novos elementos. “Mas é um projeto passível de ser produzido em escala industrial”, diz.