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Memória à mesa

Geração mais jovem da família Penna, irmãos criam utilitários inspirados nas 'Garotas do Alceu'

Traços do tio desenhista dos designers Laís e Ivan colorem jogos americanos e outros itens domésticos

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postado em 03/12/2013 12:18 / atualizado em 03/12/2013 12:57 Laura Valente /Estado de Minas
Marcos Michelin/EM/D.A Press

A pegada é vintage, mas jamais soará demodê. Afinal, as Garotas do Alceu, personagens criadas pelo desenhista e figurinista Alceu Penna que influenciaram gerações e falaram como ninguém sobre o comportamento e a emancipação da mulher brasileira, sempre serão lembradas com viés cultural. As histórias das Garotas deixaram de ser publicadas com a extinção da revista O Cruzeiro, em 1975, depois de 28 anos de sucesso ininterruptos quando pautavam tudo quanto era assunto. Antenadas, as Garotas desfilavam roupas em desenhos tão perfeitos que era possível identificar tecidos e cores da moda . Agora, muitos anos depois, dois dos sobrinhos do artista, Laís e Ivan Penna, debruçaram-se sobre a rica produção do tio para lançar linha de utilitários domésticos inspirados nas Garotas.


Artesanal e ainda bastante tímida do ponto de vista da produção comercial, a linha é composta por jogos americanos, porta-copos, aventais. “Já tivemos uma fábrica de camisetas, mas acabamos fechando. Com o tempo, surgiu a vontade de mudar de ramo. Assim, num clique de inspiração, criamos a linha de utilitários. Os produtos nem estão em lojas, mas têm feito o maior sucesso por meio da propaganda boca a boca”, comemora Laís.
Os irmão Ivan e Laís Penna trabalharam em parceria com designer gráfico Lívia Kot  - Marcos Michelin/EM/D.A Press Os irmão Ivan e Laís Penna trabalharam em parceria com designer gráfico Lívia Kot

A parceria familiar têm funcionado a contento. Enquanto Ivan é “mais criativo” para elaborar as linhas, Laís fica por conta da produção e comercialização. Além das imagens do acervo familiar dos Penna devidamente escaneadas e trabalhadas em parceria com Lívia Kot, designer gráfico, a matéria-prima é formada por tecidos remanescentes da antiga fábrica de camisetas - linho, gorgurão, oxford. “Já penso em usar também tecidos tecnológicos, que podem ir à máquina de lavar sem qualquer restrição”, avisa Laís.

Por enquanto, a dupla escoa a produção no esquema porta a porta. “Como ainda não procurei lojas para comercializar os produtos, os interessados me ligam e eu levo as peças na casa do cliente. É até bom porque muitas vezes a pessoa testa o que fica mais de acordo com sua decoração e/estilo”.

Produção frenética

Marcos Michelin/EM/D.A Press
O preço dos utilitários varia sde R$ 30 (a unidade de jogo americano) a R$ 160 (conjunto com passarela e quatro joguinhos). Vale lembrar que as imagens das Garotas são variadas. “Meu tio teve uma produção frenética, não parava de desenhar. Na revista O Cruzeiro, Millôr Fernandes escrevia os textos e Alceu desenhava as Garotas, que nem sequer tinham nome, mas falavam de tudo sobre o comportamento feminino de vanguarda: tinham as mesmas formas de corpo, penteados, modelos de roupa, tudo que a meninada da época gostava, além de executar ações como aprender a dirigir, cursar inglês, usar biquíni e por aí vai”, lembra Laís.

Os irmãos Penna têm produtos em estoque, e também aceitam encomendas maiores (com antecedência de pelo menos 10 dias). O trabalho, conta Laís, tem a função de ganha-pão, mas também viés emocional. “Trata-se de uma tentativa de resgate da importância que o tio Alceu teve e ainda tem como artista do comportamento, da história brasileira. O traço dele foi único e carregou uma expressividade ímpar. Às vezes, fazia uma mulher em um traço só, com vários detalhes: na roupa, no olhar, nos sombreados. No desenho dele é possível perceber até mesmo o tipo de tecido usado nas roupas da época”, reforça.

Além da inspiração na obra de Alceu Penna, os irmãos Ivan e Laís também produzem utilitários em outras técnicas. “Fazemos bordados e aplicações diversas para criar formas variadas”, discorre Laís. Mas não espere encontrar no acervo peças em técnicas manuais clássicas, como o ponto de cruz. “Nosso viés é mais contemporâneo, e nada linear. Geralmente, usamos fitas, filós e linhas diversas para criar figuras estilizadas, muitas vezes inspiradas em flores.”
Marcos Michelin/EM/D.A Press

Tags: desenhista

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