As características dos streets malls são sempre as mesmas: localizam-se geralmente em bairros residenciais de grande densidade populacional, com 3 mil a 4 mil metros quadrados de área construída e um mix de 30 a 50 lojas, grande parte delas voltadas para conveniência, alimentação e serviços, como lavanderia, salão de cabeleireiro, academia de ginástica, sacolão, padaria, supermercado e drogaria. Sem esquecer de estacionamento exclusivo.
De acordo com o presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI), Ariano Cavalcanti, essa tendência comprova a necessidade de regionalização, fazendo com que os bairros se tornem cada vez mais independentes. “O produto deste século é a conveniência, assim, esses centros comerciais locais surgem para suprir as necessidades do mundo moderno, como comodidade e praticidade.” Como resultado, atraem cada mais empreendedores e estimulam a construção civil no Brasil.
Não é de se estranhar que esse tipo de empreendimento tenha tido inspiração nas cidades norte-americanas, que já na década de 90 estavam repletas de streets malls. “A idéia veio para facilitar a vida da dona-de-casa moderna, que precisava resolver seus afazeres domésticos rapidamente e ainda sair para trabalhar fora”, que explica Adriana Gribel, diretora administrativa-financeira da Tenco Realty, que também foi responsável pelo projeto do Villagio Gutierrez, o primeiro shopping de bairro da capital, inaugurado em 2000.
O empreendimento pioneiro foi promissor. Além da facilidade de acesso, outro atrativo foi a charmosa praça de alimentação, construída em área aberta, e com grande variedade de opções como lanchonete, padaria, churrascaria, pizzaria, comida chinesa, japonesa, entre outros. “A praça de alimentação é a âncora dos streets malls e um excelente espaço de convivência social. Assim, esses shoppings de bairro têm sido uma excelente opção de entretenimento. As pessoas não vão lá apenas para comprar roupa ou fazer supermercado do mês, mas sim para tomar um chope, ouvir música, fazer um lanche. Enfim, se divertir”, completa Adriana.
Para Eric Cabral Urban, diretor-superintendente da Santa Bárbara Desenvolvimento Imobiliário, construtora responsável pela execução do Ponto Verde, shopping da região dos condomínios de Nova Lima, inaugurado há dois anos, o sucesso desse setor pode ser explicado, principalmente, pela facilidade de acesso e atendimento rápido e personalizado das lojas. “As pessoas, hoje, não dispõem de tanto tempo para as compras de casa, assim, nada melhor do que ter por perto um centro comercial que possa atender a todas as suas necessidades diárias.”
Um outro ponto lembrado por Eric é que os streets malls apresentam um custo mais viável para o lojista. “Fica muito mais barato abrir uma loja em um shopping deste porte do que abrir em um grande centro de compras, em que, além do aluguel maior, irá pagar um valor extra de luvas e taxas. Assim, ele investe menos e acaba tendo retorno financeiro melhor e mais rápido.”
Segundo Bráulio Franco Garcia, diretor da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), esse tipo de empreendimento possui um custo otimizado, pois a obra é mais rápida em relação a outras construções. “Enquanto um shopping de bairro fica pronto em seis ou oito meses, um edifício, seja residencial ou comercial, pode chegar a dois anos e meio de construção.”