No caminho das indústrias

Bairro Jardim Canadá supera expectativas do mercado imobiliário

Bairro cresceu devido à atividade fabril em Nova Lima. Região assiste a um rápido desenvolvimento nos últimos anos e desperta o interesse de grandes investidores

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postado em 30/12/2012 08:44 / atualizado em 30/12/2012 09:29 Júnia Leticia /Estado de Minas
Eduardo de Almeida/RA Studio


Surgido por volta da década de 1950, o Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vem experimentando um crescimento que supera as expectativas dos profissionais do mercado imobiliário. Afinal, quando o loteamento foi lançado, não houve ocupação devido à distância de Belo Horizonte e à falta de infraestrutura. Somente nos anos 1980 houve um processo de ocupação de várias áreas, mesmo sem contar com asfalto, água, luz e rede de esgoto.

O principal motivo para o interesse no Jardim Canadá nos últimos anos foi a instalação de indústrias, como aponta a corretora da 2M Imóveis Aline Vanessa Araújo, que há 10 anos atua na região. “Com isso, houve demanda por funcionários, que se instalaram no bairro e o tornaram populoso”, conta.

Projeto realizado pelo Praxis, grupo de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sediado pelo Departamento de Projetos (PRJ) e pelo Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (NPGAU) da Escola de Arquitetura da UFMG, confirma o interesse dos empresários pelo local. De acordo com o estudo, estima-se que a Região Noroeste de Nova Lima tenha, aproximadamente, 1.300 empresas, das quais cerca de 900 estão instaladas no Bairro Jardim Canadá.

“O desenvolvimento custou a chegar ao bairro, mas quando veio, foi rápido”, conta Aline Araújo. “Há quatro anos, o Jardim Canadá não era asfaltado e a rede de esgoto deve ter uns sete anos. Depois disso, com a demanda aumentada, três grandes redes de supermercados já se instalaram aqui”, informa.

Além do investimento em asfaltamento, esgoto, água canalizada e no aumento da rede elétrica, o corretor da Izaías Ribeiro Imóveis Adriano Márcio Nogueira, que há 16 anos trabalha na região, aponta a localização do bairro. “Tem fácil acesso a Belo Horizonte pelo Anel Rodoviário e conta com ótima topografia, já que é plano.”

O gerente comercial da EPO, Marcelo Carvalho, confirma os motivos para a valorização do Jardim Canadá. “O primeiro é a localização. Ser uma região próxima à capital, ter facilidade de acesso, ser um local de passagem para vários condomínios e contar com infraestrutura são fatores que influenciaram.”

Para Marcelo, a falta de terrenos disponíveis para a construção civil também faz com que sejam buscadas outras opções para solucionar o problema. “O crescimento do mercado imobiliário e a saturação de BH e entorno fizeram com que todas as demais regiões iniciassem o processo de valorização. No bairro, verifica-se isso de forma mais acelerada nos últimos cinco anos.”

Mas, mesmo antes de os interesses se voltarem para o Jardim Canadá, a tranquilidade do bairro despertou o interesse da família da auxiliar administrativa Mônica Cristina Rocha Gomes. Tanto é assim que, em 2000, eles se mudaram para lá. E, atualmente, nem o crescimento do bairro despertou neles a vontade de morar em outro lugar. “É um bairro afastado do centro urbano, o clima é mais ameno e até a taxa de criminalidade e de violência é menor que nas grandes cidades. Isso é muito bom para quem tem crianças, como eu”, diz.

Praça dos Quatro Elementos, no Jardim Canadá: bairro hoje oferece conforto e infraestrutura para os moradores - Eduardo de Almeida/RA Studio Praça dos Quatro Elementos, no Jardim Canadá: bairro hoje oferece conforto e infraestrutura para os moradores


Com qualidade de vida
Cada vez mais as construtoras se preocupam em oferecer infraestrutura aos moradores. Isso atrai a atenção de empresários, que veem no bairro oportunidade para expandir os negócios

Para atender famílias como a da auxiliar administrativa Mônica Gomes, é necessário que sejam oferecidos produtos e serviços que assegurem a qualidade de vida. Esse é um dos motivos que levaram à instalação de uma unidade do Coleguium Rede de Ensino no bairro, como conta o gerente de marketing Fabrício Ribeiro. “Essa decisão se deveu ao potencial da região e por ser um bairro em plena expansão comercial. Foi importante também para a tomada de decisão a grande quantidade de condomínios residenciais e a avaliação do perfil do público da região.”

O retorno satisfatório do investimento confirma seu potencial, como acredita Fabrício Ribeiro. “A unidade do Coleguium no Jardim Canadá cresceu mais de 30% no último ano e a procura por novos alunos tem sido grande. Tanto é assim que a unidade passará por uma ampliação em breve, o que deve aumentar sua estrutura em quase 40%. Continuaremos investindo na região e a expectativa de crescimento é alta.”

O potencial de desenvolvimento comercial do Jardim Canadá é confirmado pelo corretor Adriano Nogueira. Ele conta que, atualmente, a venda de lotes voltada para essa finalidade está em alta. “Antigamente – 12 a 15 anos atrás –, eu vendia muito lote residencial para as classes B e C. Mas de uns quatro anos para cá, aumentou a procura pelos comerciais para a construção de galpões, lojas (comércio em geral) e salas (para médicos, advogados, entre outros)”, observa.

VALORIZAÇÃO
O desenvolvimento comercial atraiu ainda mais a atenção de novos moradores, sejam eles profissionais que atuam na região ou mesmo na Zona Sul de Belo Horizonte, conforme Adriano. “O bairro hoje já oferece um certo conforto. Tem drogarias, bancos, grandes supermercados.” Por tudo isso, de dois anos para cá, o corretor diz que a valorização dos lotes na região aumentou cerca de 150%.

Mesmo com essa valorização, Adriano Nogueira diz que um lote no bairro ainda está barato quando comparado com os de Belo Horizonte. “O metro quadrado do comercial custa cerca de R$ 1.000 e do residencial, R$ 400. Mas, apesar de o Jardim Canadá ainda ter muitos lotes, à medida que o bairro melhora, o preço sobe.”

Ao contrário de Adriano, a corretora Aline Araújo observa uma estabilização nos preços desde o ano passado. O fato de o bairro ter sido descoberto pelos investidores, aliado à grande disponibilidade de áreas para construção, contribui para esse cenário. “Aqui, o mercado imobiliário cresceu além das expectativas, mas ainda há muitos lotes para construir. Acho que vai dar uma estabilizada porque, automaticamente, quando aumenta a oferta, a procura diminui um pouco”, explica.

O potencial de desenvolvimento comercial é confirmado pelo corretor Adriano Nogueira, que atua na região - Eduardo de Almeida/RA Studio O potencial de desenvolvimento comercial é confirmado pelo corretor Adriano Nogueira, que atua na região
Mas o corretor Adriano Nogueira aposta no potencial comercial do bairro, o que contribui para a perspectiva de aumento nos preços. Até agora, a valorização foi tanta que o metro quadrado no Jardim Canadá teve um crescimento percentual maior que o percebido em condomínios que ficam próximos. “A tendência é que ele se torne mais comercial, já que é o único bairro da região – o restante são condomínios fechados. Assim, além de atendê-los, acaba servindo a outras localidades, como os municípios de Brumadinho e Moeda”, diz.

De olho nesse mercado, a EPO, em parceria com o Grupo Vale Verde, já está com um projeto para a construção de um empreendimento no bairro. O Jardim Casa terá três pavimentos, seis lojas e 92 vagas de estacionamento. O empreendimento vai atender a demanda da região por lojas voltadas para o setor moveleiro e de decoração, além de outros serviços, com revela o gerente comercial da empresa, Marcelo Carvalho. “Trata-se da edificação de um centro de compras e de serviços para atender aos moradores e trabalhadores da região.”

Para que o projeto do Jardim Casa se tornasse realidade, foi feita uma pesquisa de viabilidade do empreendimento no bairro, como conta o gerente de arquitetura da EPO, Alexandre Simão. “Fizemos uma pesquisa e identificamos a necessidade de um projeto para suprir essa carência no local”, afirma. O projeto está em fase final de aprovação e licenciamento junto à Prefeitura de Nova Lima. As obras têm previsão para serem iniciadas no primeiro semestre de 2013, com conclusão em 18 meses.

Com a experiência de quem pesquisou a área para avaliar o melhor investimento a ser feito, Marcelo Carvalho, da EPO, prevê que, dentro de alguns anos, os galpões que ocupam o Jardim Canadá deverão ser transformados em moradias e comércio. “Acreditamos na transformação do bairro, que, inicialmente, teve a ocupação com o apoio de empresas e indústrias. E todo investidor que acompanha o mercado imobiliário está de olho na região do Jardim Canadá, prevendo essa transformação.”

Memória
Vila para militares


A história do bairro remonta à década de 1950, quando o loteamento foi lançado. O parcelamento original do Jardim Canadá é de 1958, época em que já vigorava o Decreto-Lei 58 estabelecendo como obrigação do empreendedor a definição das ruas (meio-fio) e a solução de água e esgoto. Contudo, a infraestrutura no bairro não foi implantada naquele momento, ficando a cargo do poder público municipal a urbanização à medida que o bairro foi sendo povoado. Naquela época, chegou a ser construída uma vila de casas para militares, que não foi habitada. Somente nos anos 1980 houve um processo de ocupação de várias áreas, mesmo sem a infraestrutura básica necessária. As casas do conjunto foram invadidas e em alguns lotes passaram a morar pessoas de renda média com soluções individuais de água e esgoto.
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João - 30 de Dezembro às 10:13
Quem lê as reportagens sobre mercado imobiliário que sai no EM, tem a impressão que estamos vivendo um eldorado imobiliário. Mas a realidade aponta o contário. Sugiro fazer reportagem mostrando o outro lado da moeda, não seria mis útil para o leitor?

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