Além dos limites da capital

Construtoras, incorporadoras e loteadores buscam novas oportunidades no entorno de BH

Governo de Minas cria plano estratégico para estimular investimentos

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postado em 08/04/2013 09:00 / atualizado em 07/04/2013 14:18 Júnia Leticia /Estado de Minas
Eduardo de Almeida/RA Studio

Lugares tranquilos, belas paisagens e muitas vezes com jeito de abandonados, mas com localização privilegiada, próximos de Belo Horizonte, vão ganhar vida nova, mesmo porque o entorno da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) nunca esteve tão valorizado. A necessidade de expansão para além dos limites da capital tem atraído cada vez mais investidores do mercado imobiliário em busca de novas oportunidades de negócio. Esse movimento, que começou naturalmente devido à falta de terrenos para construção em Belo Horizonte, ganha fôlego e ocupação planejada com o Projeto Estratégico Nova Metrópole, criado pelo governo de Minas.

Esse projeto foi originado do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) da Região Metropolitana de Belo Horizonte, aprovado em 2011, como explica o diretor de Regulação Metropolitana da Agência de Desenvolvimento, que faz parte da Secretaria de Estado Extraordinária de Gestão Metropolitana, Sandro Veríssimo. Segundo ele, o objetivo é descentralizar a concentração de empregos, comércio e serviços públicos e privados na Região Centro-Sul de BH, incentivando o desenvolvimento socioeconômico dos municípios no entorno. Ele parte do princípio de que essa ocupação vai gerar empregos e renda, contribuindo para a manutenção do trabalhador nos municípios de origem, reduzindo também deslocamentos diários, quando essa população retorna somente à noite para dormir.

Percebendo a importância de estar atento a essa tendência apresentada pelo governo, empresas como a Neo Urbanismo decidiram direcionar os mais recentes investimentos para os municípios próximos de Belo Horizonte, com projetos bem-elaborados, preocupados em conciliar ocupação, respeito ao meio ambiente e modernidade.

Segundo o diretor da empresa, Carlos Eduardo Battesini, as cidades do entorno de BH têm grande potencial e apresentam ótima oportunidade para aqueles que buscam moradias de qualidade. “Lugares anteriormente tidos como afastados se tornarão objeto de desenvolvimento imobiliário, já que estarão próximos a locais com boas opções de serviços, indústrias, lazer, entre outros.” Para Battesini, a existência de novas centralidades, fazendo com que as pessoas consigam resolver pequenas coisas perto de onde moram, sem a necessidade de se deslocar até o Centro, torna as cidades próximas interessantes.

“Com isso, o mercado imobiliário é atraído e novos projetos serão erguidos. Mas, para que esse planejamento dê certo é essencial que existam investimentos expressivos na ligação entre esses pontos, seja por meio de rodovias, ferrovias ou outros meios de transporte público”, completa. Nesse aspecto, uma centralidade pode ser conceituada como uma área urbana de maior densidade e heterogeneidade, com grande complexidade funcional e adensamento residencial, avalia Veríssimo. Essas áreas, segundo ele, já têm acessibilidade privilegiada, para onde se direciona sa maior parte dos deslocamentos intraurbanos.”

Como será a urbanização do futuro?
Investimentos no mercado imobiliário devem ser estimulados num projeto integrado, mas prefeitos empossados neste ano ainda serão consultados


A proposta do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) é que sejam criadas três grandes centralidades nos vetores Norte, Oeste e Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). E outras três, de porte um pouco menor, nos vetores Leste, Noroeste e Centro-Sul, além de fortalecer centros urbanos importantes como Contagem, Barreiro, Venda Nova e São Benedito. É o que informa Sandro Veríssimo, diretor de Regulação Metropolitana da Agência de Desenvolvimento, órgão que faz parte da Secretaria de Estado Extraordinária de Gestão Metropolitana. A questão, porém, ainda está sendo discutida pelos prefeitos dos municípios que serão afetados pela proposta do governo do estado, uma vez que essas áreas estão localizadas dentro dos limites da jurisdição desses municípios.
Diretor de Regulação Metropolitana da Agência de Desenvolvimento, Sandro Veríssimo diz que todos saem ganhando com os esforços para a nova centralidade   - Eduardo de Almeida/RA Studio Diretor de Regulação Metropolitana da Agência de Desenvolvimento, Sandro Veríssimo diz que todos saem ganhando com os esforços para a nova centralidade

Altos investimentos de construtoras, incorporadoras e loteadores vêm ocorrendo nos últimos anos nessa direção. O poder público está agora tentando direcionar esses esforços para o desenvolvimento de grandes áreas, de forma integrada, inteligente e eficiente.” Veríssimo acredita que assim todos saem ganhando. “Estamos certos de que há muito interesse do mercado em investir e o interesse do governo é garantir que esse investimento esteja alinhado a um desenho urbano inteligente, que atenda os objetivos colocados pelo PDDI, para atingirmos a visão de futuro que queremos para nossa metrópole.”

Mas, para colocar em prática a proposta do Plano Diretor, será preciso cumprir várias etapas. “É preciso planejar, elaborar projetos, passar pelos licenciamentos ambientais e urbanísticos, atrair investimentos e conversar com os prefeitos, até que se possa desenvolver propostas conceituais de desenho urbano”, informa Veríssimo. Para ele, a meta é implementar o projeto por meio de operações urbanas consorciadas em parceria com os municípios. “Viabilizando as obras com o capital privado, as operações urbanas são o marco regulatório do projeto. Esperamos tramitá-las ainda neste ano para entrar na etapa de projeto.”

NOVO CONCEITO

Segundo antecipa o presidente da Lagoa dos Ingleses Properties (LIP) e sócio da Morus Imóveis, Alexandre Gribel, o plano já está saindo do papel. “Existe um primeiro estudo e o próprio conceito da Lagoa dos Ingleses Properties (LIP) está dentro de uma dessas centralidades (infraestrutura, comércio e clientes em um mesmo perímetro): a Sul. A implantação e o desenvolvimento dessas regiões serão uma realidade nos próximos cinco anos”, conta. Ele acredita que o impacto do planejamento no mercado imobiliário será grande. “Criando o desenvolvimento das centralidades, o governo faz o mercado imobiliário crescer. O Vetor Sul de Belo Horizonte, por exemplo, não tem mais opção de crescimento para novas moradias e centros comerciais.”

Entusiasmado, ele afirma que a região da Lagoa dos Ingleses, que está entre as centralidades a serem desenvolvidas por esse plano, é a única possibilidade. Interesses à parte, o certo é que essas serão as áreas de expansão do futuro em função da falta de terrenos em Belo Horizonte. Para Gribel, a sociedade será beneficiada. “A população ganha ao ter opções de moradia próximas aos locais de trabalho, shoppings, escolas, centros médicos, mercados, com preço acessível, já que as novas centralidades não terão problemas de falta de áreas. “Essa concepção favorece o retorno dos investidores, que buscam instalar unidades de negócios nessas regiões, e aqueles que buscam rentabilidade com locação. As construtoras ganham ao expandir negócios”, afirma Gribel.

Três perguntas para...

Jader Nassif - vice-presidente da área das loteadoras da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG)

Eduardo de Almeida/RA Studio
Quais são as perspectivas em relação ao Projeto Estratégico Nova Metrópole?


O que ele estipula, denominado centralidades urbanas, traria mais opções ao mercado. Se ele vier a ser implantado, será muito proveitoso para o setor, já que a ideia inicial de descentralizar a concentração de empregos, comércio e serviços públicos e privados na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, incentivando o desenvolvimento socioeconômico dos municípios da região metropolitana, ocasionaria, consequentemente, uma demanda para construção de residências e comércios na RMBH.

Por que e como o projeto do governo impacta diretamente o mercado imobiliário?

Ao criar novas centralidades urbanas, o projeto poderá impactar o setor por dar vocação a regiões antes não exploradas pelo mercado imobiliário. Com sua possível implantação, também atrairia mais pessoas aos municípios da RMBH, ocasionando maior demanda por moradias, comércios e outros serviços. Então, o projeto aqueceria o mercado como um todo, principalmente nos pontos estipulados por ele.

Quem são os beneficiados por esse planejamento?

A população em geral, pois o projeto mudaria a mobilidade urbana. A sua implantação poderá acarretar melhor qualidade de vida para as pessoas e diminuição no tempo do transporte, já que trabalho e residência estariam mais próximos um do outro e o trânsito fluiria com mais facilidade em todos os pontos. Para o mercado imobiliário, há um aumento na demanda por moradias e comércios locais, aquecendo o setor em todas as regiões inseridas no plano. Porém, mesmo com a amplitude de um mercado potencial, devemos ter atenção ao projeto, já que ele ainda encontra-se em fase de concepção. Dessa maneira, teme-se que, com isso, o estado iniba alguns projetos do setor e que o plano se torne uma ferramenta que possa aumentar a morosidade na aprovação de novos empreendimentos.

Tags: imobiliário

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600
 
Kaisser - 08 de Abril às 14:34
Não sei onde está acntecendo esta valorização. Todos reclamam da retração do mercado, imóveis desvalorizados..... materia paga!

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