Fibras alternativas

Atento ao meio ambiente, Brasil caminha para substituir o amianto na construção civil

Embora banido em muitos países, o amianto ainda é utilizado na construção no país. Substituição pode gerar resultados positivos para a natureza

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postado em 13/07/2013 15:00 / atualizado em 13/07/2013 15:48 Elian Guimarães /Estado de Minas
Embora banido em muitos países, o amianto ainda é utilizado na construção. Mas o Brasil caminha para substituir o produto - Gladyston Rodriges/EM/D.A Press Embora banido em muitos países, o amianto ainda é utilizado na construção. Mas o Brasil caminha para substituir o produto

A indústria brasileira está preparada para substituir o amianto, já banido de mais de 60 países, por fibras menos nocivas à saúde das pessoas. Em Minas, a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa aprovou no início da semana, em segundo turno, o Projeto de lei 1.259/2011, que “proíbe o uso de produtos, materiais e artefatos que contenham amianto ou asbesto, ou outros minerais que acidentalmente tenham amianto na sua composição”. Ainda não há data definida para o projeto entrar em pauta. João Carlos Duarte Paes, presidente da Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento (Abifibro), informa que uma mobilização nacional vem conscientizando o setor construtivo na utilização de alternativas.

Em fevereiro do ano passado, a Justiça italiana condenou dois empresários do setor a 16 anos de prisão por exporem funcionários e pessoas comuns ao amianto, provocando a morte de 2 mil pessoas. No Brasil, cinco estados (São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco) criaram leis proibindo o produto.

Em entrevista à revista Carta Capital, no ano passado, a auditora fiscal e fundadora da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrec) disse que a entidade é processada ao longo dos anos: “É uma inversão dos valores. Aqui, os julgados são as pessoas que defendem o banimento”.

O Brasil é o terceiro maior produtor da substância, classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no grupo principal de substâncias cancerígenas. Segundo a entidade, 125 milhões de pessoas estão expostas em todo o mundo e 107 mil morrem anualmente de doenças associadas ao amianto.

As telhas em PVC são mais resistentes que as tradicionais e ecologicamente corretas, além de dar beleza às coberturas - Precon/Divulgação As telhas em PVC são mais resistentes que as tradicionais e ecologicamente corretas, além de dar beleza às coberturas
Para Geraldo Jardim Linhares Jr., vice-presidente da Área de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente do Sinduscon/Secovi, não há nenhum inconveniente em substituir o amianto na construção civil. Para ele, a indústria brasileira já se vem preparando há anos para essa mudança e acrescenta que o mercado está capacitado a atender a demanda do setor sem necessidade de recorrer ao amianto. “A discussão do banimento pode vir em razão de pequenas empresas que atendem depósitos e pequenas construções, que ainda não se adequaram ao que as grandes empresas já fizeram.”

Para justificar a utilização do produto, Eder Campos, diretor da Precon Industrial, divide em classes o consumidor: “A telha de concreto é mais utilizada pela classe A; a de barro/cerâmica pelas classes A e B, e o PVC pelas A, B e C. Já o segmento do fibrocimento não tem substituto com o mesmo custo. Além do mais, as fibras alternativas não têm produção suficiente, em todo o mundo, para atender esse segmento”.

Eder Campos classifica o debate como uma questão econômica. São dois grupos que dominam a produção de amianto no Brasil, uma que explora a mina situada em Goiás e outra gigante multinacional que disponibiliza no mercado fibras alternativa. O diretor da Precon disse ser contra o banimento e defendeu que o produto seja usado sob controle. “Essa é uma guerra econômica. Atuamos no mercado há 50 anos e nunca tivemos um caso de problema de saúde associado ao produto.”

Desde 2005, a tecnologia para uso de fibras alternativas é conhecida e normatizada no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT – ABNT NBR 15.210). Normas no mesmo sentido já existem há mais de uma década. Além de eficientes, as fibras alternativas são reconhecidas como seguras à saúde.

Avanço em sustentabilidade
Substituição do amianto na construção civil pode gerar impactos positivos no meio ambiente. Aumento da demanda no setor por fibras alternativas deve tornar produtos mais competitivos

Estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o primeiro realizado por uma universidade sobre o uso de fibras alternativas na indústria do fibrocimento, indica que não haverá impacto significativo na economia brasileira com o banimento do amianto na construção civil. O estudo verificou que as atividades da cadeia produtiva não sofrerão descontinuidade e não haverá impacto sobre emprego, renda e arrecadação de impostos.

Além disso, os custos são compatíveis e tendem a se tornar ainda mais competitivos quando houver demanda maior por esses produtos. Segundo João Carlos Duarte Paes, presidente da Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento (Abifibro), o Brasil vive um momento de crescimento, de investimentos em melhorias e em tecnologia que o tornam cada vez mais competitivo. “A substituição do amianto por fibras alternativas nos produtos de fibrocimento significariam um grande passo do país em termos de sustentabilidade, ou seja, na geração de benefícios econômicos, sociais e ambientais.”

Segundo o Internacional Green Building Council, o Brasil já ocupa a quarta posição no ranking mundial de construções sustentáveis, atrás do Estados Unidos, China e Emirados Árabes.

"Hoje temos o PVC colorido, bem mais leve, a cerâmica e uma gama de opções" - Geraldo Jardim, vice-presidente do Sinduscon/Secovi
O vice-presidente da Área de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente do Sinduscon/Secovi, Geraldo Jardim Linhares Jr., cita várias opções no mercado e exemplifica no caso de telhas (nas quais a de amianto era a mais usada): “Hoje temos o PVC colorido, bem mais leve, a cerâmica e uma gama de opções”. Ele não vê grandes impactos no setor da construção ou da indústria caso o Brasil adote o banimento do produto.

O fibrocimento, o cimento reforçado, é encontrado em telha, painéis, caixas d’água e outros produtos. Inicialmente, esses produtos eram feitos com amianto. Hoje, estão disponíveis no Brasil alternativas sintéticas, como o fibrocimento composto com fios de PVA (poliálcool vinílico) e PP (popipropileno), fibras reconhecidas pelo Ministério da Saúde como seguras à saúde.

Segundo o presidente da Abifibro, o PVC e o PP são 100% recicláveis, o que facilita e barateia o descarte dos produtos de fibrocimento, o que não ocorre com “produtos que levam amianto. Eles entram na categoria D, dos resíduos perigosos, e seu descarte requer um processo diferenciado e de custos altos".

Em votação

O Projeto de lei 1.259/2011 já havia sido apresentado em 2007. Foi desarquivado na atual legislatura e aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (que trata da legalidade). A matéria recebeu parecer favorável na de Fiscalização Financeira, na qual recebeu um aditivo, e retornou à Comissão de Saúde (que é a de mérito) para votação em segundo turno. Aprovado na segunda-feira, o projeto deverá agora retornar ao plenário para votação definitiva.

Tags: construção

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carlos - 13 de Julho às 18:08
No Brasil a demagogia é muito grande o que passa informações falsas. As telhas de "amianto" não faz mal a saúde do morador da casa e sim ao trabalhador das fábricas de telhas. Elas são baratas para um povo pobre. Essas telhas de PVC, além de caríssimas não prestam pois ressecam ao sol quebrando-se.

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