Pouco mais de um mês após a Caixa Econômica Federal reduzir o limite de financiamento para imóveis usados – restringindo o empréstimo a 50% do valor dos usados financiados com recursos da poupança –, o mercado imobiliário começa a analisar os primeiros impactos. Construtoras com foco em primeiro imóvel percebem oportunidades na nova realidade e já sentem um aquecimento. Afinal, aquele comprador que nem cogitava um apartamento “novinho em folha” passou a sondar tal possibilidade. Outra tendência observada é a migração dos clientes para bancos particulares.
Para a vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Cássia Ximenes, o fato de as linhas de crédito dos bancos particulares não terem se alterado segurou as vendas. As taxas, segundo ela, são parecidas e, conforme o relacionamento do cliente com o banco privado, às vezes nem há diferença. “Nesse primeiro mês não percebemos uma mudança de planos de quem já planejava comprar com um financiamento. Essa posição dos bancos particulares acabou alicerçando a situação. Muitos compradores já chegam para olhar imóveis sabendo o que lhes oferecem os bancos privados”, conta.
Outro comportamento observado é um maior interesse pelos imóveis novos. Segundo Cássia, a medida abriu a curiosidade do comprador para saber as condições para a compra de um tipo de imóvel que às vezes ele nem cogitava. Se esse era um pouco mais caro, agora pelo menos é mais fácil de pagar. “Observo que as pessoas não estão presas a preconceitos e, sim, abertas a novas formas de negociar. Os compradores se abriram a novas oportunidades. Não estão presas. Pelo contrário, a redução no crédito permitiu a abertura de novos horizontes”, acredita.
Mas Cássia espera alta nos preços de cerca de 5% daqui pra frente, em função do momento econômico. “A mão de obra, os insumos, tudo subiu. Nesse caso, o imóvel avulso tende a acompanhar a alta do imóvel novo”, explica. O Feirão da Caixa, realizado no último fim de semana, foi uma ótima oportunidade para sentir o mercado depois da nova regra. O movimento, segundo Cássia, foi menor que nos anos anteriores. “Por outro lado, o público foi formado por quem realmente tinha intenção de compra”, analisa a vice-presidente da CMI.
Na Direcional, por exemplo, a conversão em vendas foi 30% maior que na última edição. Segundo Guilherme Diamante, diretor comercial da incorporadora e construtora com foco em primeiro imóvel, é grande o impacto quando se passa a exigir que o comprador pague metade de um imóvel à vista. “Geralmente, as famílias têm 30% para a entrada, então uma alternativa é migrar para o imóvel novo”, diz. Mas, na opinião de Guilherme, a negociação está mais madura. “Isso é resultado da consolidação do mercado imobiliário brasileiro. O cliente está mais consciente da sua compra, não está no mercado para especular. Está comprando para morar”, acredita