Cautela no financiamento

Com a queda na Selic, mercado de imóveis tende a aquecer

Mas fatores como crise econômica e política geram instabilidade e risco de desemprego

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postado em 26/09/2017 13:30 Laura Valente /Estado de Minas
Beto Novaes/EM/D.A Press

Com o anúncio de mais uma redução na Selic, dessa vez para 8,25% ao ano – a menor taxa desde julho de 2013 –, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) trouxe boa notícia para os que sonham com a casa própria e planejam contratar financiamento para a compra do imóvel. “Se os juros estão baixos, a tendência é que o mercado se aqueça; se os juros estão altos, a tendência é que o mercado esfrie”, analisa Vinícius Costa, presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH).

Porém, o cenário não é propício para oba-oba. Segundo especialistas, frente à crise econômica e política que parece não ter fim, contratar dívidas a longo prazo é um passo que segue exigindo muita cautela, além de um estudo detalhado dos juros, que variam de instituição para instituição. “De fato, a taxa de juros varia. Falando apenas da modalidade de financiamento com agentes financeiros, que é a mais comum, ela é estipulada de acordo com a renda e o perfil do mutuário, avaliação interna, valor do imóvel e o tipo de programa.”

O especialista segue o raciocínio utilizando a Caixa Econômica Federal (CEF) como exemplo. “No banco que responde pelo maior número de financiamentos no país, temos as seguintes modalidades e respectivas taxas, em média: programa Minha casa, minha vida (com taxas que costumam ficar entre 5% e 9% ao ano, variando nas faixas do programa), financiamento com recursos do FGTS (giram em torno de 8% a 9% ao ano) e financiamentos vinculados à poupança, cujas taxas costumam ser mais altas, girando em torno de 10% a 11% ao ano”, explica Costa.

NA PONTA DO LÁPIS

Flávio Correia, professor de economia, diz que o mutuário deve se perguntar: Flávio Correia, professor de economia, diz que o mutuário deve se perguntar: "o valor mensal cabe no meu orçamento?"
Flávio Correia, professor de economia da Faculdade IBS/FGV, sugere atenção aos prazos contratados e reforça que as despesas com a compra de um imóvel financiado não devem ultrapassar um terço da renda familiar, incluindo gastos com seguros e outros “penduricalhos”. O cenário turbulento também deve ser levado em consideração. “Em época de crise, há o risco de desemprego, mas os preços dos imóveis realmente estão comprimidos. Então, nesse sentido e associando a queda nas taxas de juros, é um bom momento de compra. Mas ainda assim o consumidor precisa pensar em questões como: qual valor será efetivamente liberado já descontadas todas as taxas cobradas pela instituição? E a prestação, já está com tudo incluído?”.

Para dar uma ideia, o economista aborda um exemplo hipotético, o financiamento de imóvel de R$ 300 mil em 30 anos, com taxa de 10,5% ao ano (desconsiderando a correção pela TR). “Tal financiamento geraria uma prestação inicial de R$ 2.638 (pela tabela Price). No final, o mutuário desembolsaria quase R$ 950 mil pelo imóvel. Mas, independentemente dessa conta, o que o contratante deve ter em mente é: o valor mensal cabe no meu orçamento? Compromete qual percentual da minha renda? Tenho um emprego seguro? Quanto pagaria de aluguel em um imóvel similar pelo mesmo período?. Lembrando que vale a regra geral: a faixa de comprometimento do orçamento com o financiamento deve ficar em torno de 1/3 da renda familiar, no máximo.”

Costa aborda ainda as “pegadinhas” que podem interferir no valor de um financiamento, questão que também deve ser analisada pelo futuro mutuário. “As planilhas costumam indicar como será o seu financiamento da 1ª à última parcela. Importante que o mutuário saiba que essa planilha não expressa a realidade, pois a sistemática do financiamento impede isso, principalmente quando falamos em reajuste do saldo devedor. É impossível prever qual vai ser o índice da correção do saldo devedor em janeiro de 2020. Essa variação interfere diretamente na evolução do saldo devedor, no quanto você amortiza sua dívida e no valor da sua prestação.”
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